quarta-feira, 11 de julho de 2012

No posto administrativo de Muxúnguè, em Chibabava. População percorre 200 quilómetros para alcançar uma instituição bancária


“O banco de poupança que aliviava os comerciantes e agricultores faliu. Agora, os bancos mais próximos estão em Chimoio (174 quilómetros) ou Beira (187 quilómetros) ” - Páscoa Mambarra, Chefe do Posto Administrativo de Muxúnguè, ao Canalmoz.

Maputo (Canalmoz) – A população do Posto Administrativo de Muxúnguè, no distrito de Chibabava, província de Sofala, clama por uma instituição bancária para depositar e levantar dinheiro. O único banco de poupança que existia faliu. Agora, nada resta aos residentes de Muxúnguè senão percorrer cerca de 200 quilómetros para alcançar um banco na cidade de Chimoio, capital provincial de Manica, ou na cidade da Beira, capital da província de Sofala.
A chefe do posto administrativo de Muxúnguè, Páscoa Mambara, disse em conversa ao Canalmoz que aquele lugar está a desenvolver-se mas não há banco. Acrescentou que há produção de ananás e castanha de caju em grande escala. Também se vendem cabritos e galinhas proporcionando a expansão da rede comercial e hoteleira. “Mas toda esta actividade é realizada com dinheiro no colo por falta de um banco”.
Com um universo de 64.039 habitantes, o posto administrativo de Muxúnguè é um ponto de referência para quem viagem na Estrada Nacional Número Um (N1), que liga o país de norte a sul.
“A instalação de um banco neste local contribuiria de forma positiva para se depositar ou conceder crédito aos operadores agrícolas do sector familiar, comerciantes e operadores turísticos”, disse a administradora.

Dinheiro guardado em latinhas e plásticos

Páscoa Mambarro diz que “em Muxúnguè circula muito dinheiro em condições de completa insegurança”. Indicou que “na altura de pico de produção de ananás e castanha, os vendedores conservam o seu dinheiro em latinhas, plásticos ou em pontas de capulanas”.
“Já temos energia eléctrica, diversas unidades hoteleiras, sendo assim oportunidades que poderiam ser exploradas pelas instituições bancárias. Como governo, o nosso papel é estimular a fixação de instituições bancárias”, observou.
Mambarro diz que nas zonas mais recônditas do posto, algumas pessoas chegam a enterrar dinheiro resultante da comercialização das culturas de rendimento como ananás, castanha e gergelim. “Na época de comercialização de caju os comerciantes têm sido vítimas de assaltos de dinheiro”, disse.

Ananás  certificado

O ananás de Muxúnguè está certificado internacionalmente, o que significa que pode ser exportado para qualquer canto do mundo. Em Muxúnguè, são realizadas feiras no sentido de promover a produção do ananás no distrito de Chibabava e outros pontos da província de Sofala.
De acordo com a nossa interlocutora neste momento o ananás é evacuado através de camiões para Maputo de onde depois é exportado. Disse também que está em processo a instalação de uma fabriqueta de processamento de ananás. “Os investidores estarão cá entre Setembro e Outubro”, disse.
A maior parte dos agricultores dos distritos de Chibabava, Muanza e Gorongosa, para além do ananás produzem também banana, manga e castanha de caju.
O distrito de Chibabava, conta com cerca de 1.600 produtores de ananás recenseados. Produzem anualmente 54 mil toneladas. Há cinco mil hectares cultivados com ananás. Apenas cerca de 40 por cento é comercializado actualmente. O potencial agricola desta frita é enorme. Cerca de 60% da actual produção estraga-se ou é consumido localmente. (Cláudio Saúte)

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