quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Assessores brasileiros convencem MPLA a ganhar com 60% nas eleições




Lisboa - O regime do Presidente José Eduardo dos Santos (JES) foi aconselhado, por peritos brasileiros, a avançar nas próximas eleições gerais a realizar-se nesta sexta-feira, 31/08, com uma margem de vitória entre os 60% a 65%. A sugestão foi destinada a convencê-lo de desistir da ideia de voltarem a obter um resultado superior a 80%, considerados pelos especialistas como “exagerados”, tendo em conta a "visível maturidade" do eleitorado.

Fonte: Club-k.net
Desaconselham resultados exagerados 
A recomendação  dos especialistas é baseada em resultados de uma sondagem cujos resultados foram inconfortáveis para JES. A posição dos especialistas é de que resultados “exagerados”, como os das eleições legislativas de 2008, dificilmente seriam aceites pela sociedade angolana.

A sondagem – exposta num documento de 51 páginas – foi realizada nos dias 5 à 11 de Julho de 2012, pela empresa brasileira “Sensus” em parceria com a angolana “Pro-Sensus” e o Centro de Estudos Estratégicos de Angola (CEEA), do general Mário Cirilo de Sá “Ita”, a figura que dirigiu o Consórcio Técnico Eleitoral de 2008.

No sentido de contornar a situação, a sondagem recomenda que a “participação e a presença  de JES é  desejada” e que a “campanha política dependerá, fundamentalmente, da comunicação”. A sondagem identificou ainda  o eleitorado dos diversos candidatos que se situam entre os  sectores informais (mulheres e jovens) e também aos jovens estudantes que, de acordo com a mesma, tem como “fonte de consulta” de informação ao portais informativos “Club-K” e “Angola24horas”, conforme se lê no documento em anexo.

De acordo com o documento, “a coligação CASA-CE surge como partido significativo” da oposição e destinada  a se tornar na “terceira força política” em Angola, passando o Partido Renovador Social (PRS) e a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA).  Na última semana,  o regime – no sentido de testar as reacções e tendências da sociedade – pós a circular, em meios esclarecidos da sociedade civil, rumores  segundo as quais JES/MPLA teria 59% dos votos, que seriam uma margem que abafaria as suspeitas de  fraude.

Os resultados postos a circular seriam:

1. José Eduardo dos Santos/ MPLA (59%)
2. Isaías Samakuva/ UNITA (40%)
3. Abel Chivukuvuku/ CASA CE - %
4. Eduardo Kuangana/PRS - %
5.
Restantes - %
O Conselho Político da Oposição (CPO) – a uma coligação a quem o regime prometeu ofertar  dois lugares no parlamento (para  Anastácio Finda e João Mateus Jorge) – seria colocado de parte face ao novo ambiente político.

Diferente ao cenário das eleições de 2008, as autoridades enfrentam o problema da sociedade eleitoral que denota mais madura e maior nível de  consciência  política. Há o sentimento generalizado que a CNE descredibilizou-se face a exposição de ligação que denotam ter ao regime.  No seio  da juventude do MPLA, há  discursos em privado alegando que o “partido não teria necessidade de embarcar para uma fraude” e que num processo limpo ganhariam as eleições  com uma margem que pudessem governar a vontade.

O recurso a fraude  é associado as vontades de JES, identificado como não tendo muita confiança nos eleitores, inclusive no seio do seu próprio partido. JES tem noção de que um  resultado a baixo de 80%  comprometeria os resultados de 2008 visto que os militantes foram incutidos que aquela cifra  deveu-se a  sua aparição  num comício no bairro Zango, em Luanda.

Naquele ano JES tinha sob seu controlo o centro do escrutínio (onde se lança os resultados eleitorais), na altura sob comando da Casa Militar. Teve ainda, a seu favor, o cenário que lhe permitiu realizar eleições sem cadernos eleitorais, o que permitiu uma “desorganização” do  acto da votação.

Para o próximo 31 de Agosto, há fortes sinais que apontam para “desorganizão organizada” no sentido de não haver  cadernos eleitorais e de pessoas sem os nomes no FICRE. A CNE foi orientada “a não entregar as actas síntese aos partidos da oposição” e ao mesmo tempo a não entregar credenciais aos fiscais (das formações políticas) para que se fizessem presente nas assembleias de votos, a cumprir o seu papel. A entrega das actas permite que cada partido toma conhecimento dos resultados em menos de 24h sem ter de esperar pelos resultados a serem lançados pelo centro de escrutínio.

O alcance da percentagem  desejada pelo regime é feita pela via informática através de um general da Casa Militar, Rogério Silveira que (em violação ao número 4 do artigo 116 da lei sobre as eleições gerais), controla  o centro de escrutínio eleitoral em Talatona. Os mesmos contam com um grupo de russos, peritos em fraude eleitoral.
Inicialmente, instalados numa  base no hotel Plaza em Talatona.
Para ver cópias da documentação clique aqui

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