Governo diz que numero de prostitutas aumentou 120 vezes
Maputo
(Canalmoz) – A vida está a mudar em todos os aspectos na província de Tete. Há
mais dinheiro a circular, há mais oportunidades de emprego, há mais negócios
locais e há mais prostitutas e não só moçambicanas... O Governo moçambicano diz
que o movimento das trabalhadoras de sexo aumentou 120 vezes em Moatize na
província de Tete. Só faltou fazer disso mais uma bandeira para dizer que o
país está a crescer.
“Temos
naquela região trabalhadoras de sexo que vem do Zimbabwe, Zambia e de outros
países. É um fenómeno que acompanha o “boom” dos recursos que temos em Tete”
disse-nos Diogo Milagre, secretário-executivo do Conselho Nacional do Combate
ao HIV/SIDA, falando à margem do seminário “Construindo um Mundo Melhor em
parceria com a Juventude” realizado a semana passada em Maputo.
De
acordo com Diogo Milagre, “as projecções mostram que pode haver cenários de
subida de números de infecções na província de Tete em particular e na região
centro do país no geral”.
Três ciclos de epidemia
A
mesma fonte disse por outro lado que em Moçambique existem três principais
ciclos de epidemia do HIV/SIDA que igualmente tem diferentes manifestações.
“Estamos
com uma epidemia do norte do país que se assemelha um pouco com o cenário que
temos na Tanzania. Este cenário mostra-nos que desde 2003 até a esta altura o
comportamento epidemiológico é praticamente controlável, não havendo grandes
descidas nem subidas na zona norte do país”.
Em
relação à zona centro do país, o gestor do CNCS disse que “esta região tem um
comportamento igual ao que tivemos no Zimbabwe, caracterizada por grandes
mortes sobretudo nas província de Sofala, Manica e Tete, onde a epidemia ganhou
maturidade muito cedo”.
Dados
dos últimos dois anos indicam que nas províncias de Manica e Tete já
estavam a registar algum decréscimo, contudo hoje em dia, segundo Diogo
Milagre, as projecções indicam que os casos voltam a subir.
Epidemia descontrolada no sul do país
“No
caso da zona sul, temos uma situação mais preocupante porque verificamos um
cenário igual ao da Swazilândia e de Kwazulo Natal, na África do Sul”.
O
executivo alerta que até agora ainda não conseguiu controlar a epidemia do
HIV/SIDA no Sul.
“Até
agora ainda não conseguimos controlar esta epidemia na zona sul onde continua
em crescendo com novos casos da epidemia a ir para frente” afirmou.
Ainda
de acordo com Diogo Milagre, em Moçambique a seroprevalência verifica-se mais
nas raparigas dos 14 até 29 anos, havendo maior concentração na faixa entre 17
a 24 anos. Relativamente aos rapazes, a concentração é grande na faixa entre 20
anos a 25 anos.
Epidemia marcadamente urbana mais do que rural
Num
outro desenvolvimento, Diogo Milagre reconheceu que houve uma perspectiva
enganosa nos indicadores que ao longo do tempo foram sendo usados pelas
autoridades nas “nossas variadas estatísticas”.
“Devo
lembrar que nos anos 2002/2003, a nossa perspectiva era de que a nossa infecção
é mais rural do que urbana. Pensávamos que nas zonas urbanas as pessoas tinham
mais informação e mais acesso aos serviços de saúde” afirmou a fonte.
“Estávamos enganados”, admitiu logo a seguir.
Segundo
disse, as estatísticas correctas indicam que os níveis de infecção são de
18% das mulheres no meio urbano contra 10% no meio rural e 13% de homens nas
zonas urbanas contra 7% nas zonas rurais. Disse que os dados são do INSIDA. (Bernardo
Álvaro)
Sem comentários:
Enviar um comentário