terça-feira, 21 de agosto de 2012

No distrito de Moatize, província de Tete. Trabalhadoras de sexo agarram oportunidade com a exploração de recursos naturais


Governo diz que numero de prostitutas aumentou 120 vezes

Maputo (Canalmoz) – A vida está a mudar em todos os aspectos na província de Tete. Há mais dinheiro a circular, há mais oportunidades de emprego, há mais negócios locais e há mais prostitutas e não só moçambicanas... O Governo moçambicano diz que o movimento das trabalhadoras de sexo aumentou 120 vezes em Moatize na província de Tete. Só faltou fazer disso mais uma bandeira para dizer que o país está a crescer.
“Temos naquela região trabalhadoras de sexo que vem do Zimbabwe, Zambia e de outros países. É um fenómeno que acompanha o “boom” dos recursos que temos em Tete” disse-nos Diogo Milagre, secretário-executivo do Conselho Nacional do Combate ao HIV/SIDA, falando à margem do seminário “Construindo um Mundo Melhor em parceria com a Juventude” realizado a semana passada em Maputo.
De acordo com Diogo Milagre, “as projecções mostram que pode haver cenários de subida de números de infecções na província de Tete em particular e na região centro do país no geral”.

Três ciclos de epidemia

A mesma fonte disse por outro lado que em Moçambique existem três principais ciclos de epidemia do HIV/SIDA que igualmente tem diferentes manifestações.
“Estamos com uma epidemia do norte do país que se assemelha um pouco com o cenário que temos na Tanzania. Este cenário mostra-nos que desde 2003 até a esta altura o comportamento epidemiológico é praticamente controlável, não havendo grandes descidas nem subidas na zona norte do país”.
Em relação à zona centro do país, o gestor do CNCS disse que “esta região tem um comportamento igual ao que tivemos no Zimbabwe, caracterizada por grandes mortes sobretudo nas província de Sofala, Manica e Tete, onde a epidemia ganhou maturidade muito cedo”.
Dados dos últimos dois anos indicam  que nas províncias de Manica e Tete já estavam a registar algum decréscimo, contudo hoje em dia, segundo Diogo Milagre, as projecções indicam que os casos voltam a subir.

Epidemia descontrolada no sul do país

“No caso da zona sul, temos uma situação mais preocupante porque verificamos um cenário igual ao da Swazilândia e de Kwazulo Natal, na África do Sul”.
O executivo alerta que até agora ainda não conseguiu controlar a epidemia do HIV/SIDA no Sul.
“Até agora ainda não conseguimos controlar esta epidemia na zona sul onde continua em crescendo com novos casos da epidemia a ir para frente” afirmou.
Ainda de acordo com Diogo Milagre, em Moçambique a seroprevalência verifica-se mais nas raparigas dos 14 até 29 anos, havendo maior concentração na faixa entre 17 a 24 anos. Relativamente aos rapazes, a concentração é grande na faixa entre 20 anos a 25 anos.

Epidemia marcadamente urbana mais do que rural

Num outro desenvolvimento, Diogo Milagre reconheceu que houve uma perspectiva enganosa nos indicadores que ao longo do tempo foram sendo usados pelas autoridades nas “nossas variadas estatísticas”.
“Devo lembrar que nos anos 2002/2003, a nossa perspectiva era de que a nossa infecção é mais rural do que urbana. Pensávamos que nas zonas urbanas as pessoas tinham mais informação e mais acesso aos serviços de saúde” afirmou a fonte. “Estávamos enganados”, admitiu logo a seguir.
Segundo disse, as estatísticas correctas indicam que os níveis de infecção são de  18% das mulheres no meio urbano contra 10% no meio rural e 13% de homens nas zonas urbanas contra 7% nas zonas rurais. Disse que os dados são do INSIDA. (Bernardo Álvaro)

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