segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Padre Católico Mobiliza para o MPLA


Por Nelson Sul D’Angola:
O pároco da Sé Catedral Nossa Senhora de Fátima, da Diocese de Benguela, padre Pedro Lufune, apelou aos fiéis católicos, da sua paróquia, a participarem em massa no comício do presidente do MPLA, José Eduardo dos Santos.
A exortação do padre Lufune foi realizada na missa dominical das 7h00 e das 10h00 de ontem, 26 de Agosto. José Eduardo dos Santos visita hoje a província de Benguela, no âmbito da campanha eleitoral, que deverá garantir a sua permanência no poder por um total de 38 anos, até 2017.
Segundo uma fonte assegurou ao Maka Angola, a exortação partidária do pároco da Sé Catedral, lida nas missas, foi-lhe entregue, por escrito, por um representante do MPLA em Benguela.
Vários fiéis acusam também o padre Pedro Lufune de os ter aconselhado a entregar os seus cartões de eleitor a um grupo de activistas do MPLA e de ter violado os princípios canónicos da Igreja Católica.
Em Março passado, a Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) emitiu uma nota pastoral em que proibia a realização de actividades político-partidárias no seio da igreja.
Na nota, de 22 de Março, a CEAST refutou acusações, que lhe têm sido dirigidas por vários sectores da sociedade, segundo as quais a Igreja Católica tem sido instrumentalizada, sobretudo pelo MPLA. “Por si só a voz de um padre não representa a Igreja, nem tem mais autoridade do que a doutrina exposta”, afirmava a nota pastoral.
A CEAST argumentou que respeita todas as opções políticas, desde que elas não se oponham aos princípios da fé. “Quando um padre fala numa homilia, em princípio, deveria falar sempre em sintonia com o pensamento da igreja e não transmitir algo que exprima uma sensibilidade pessoal, sobretudo tratando-se de questões de natureza política”, esclarecia, em Março passado, o vice-presidente da CEAST, D. Filomeno Vieira Dias.
Recentemente, durante um encontro diocesano, o bispo da Diocese de Benguela, D. Eugénio Dal Corso, desencorajou os prelados a usar a igreja como veículo para fazer política e alertou para a sanção contra os prevaricadores “de acordo aos princípios canónicos da Igreja”.
Entretanto, resta saber se o padre Lufune, ao exortar os seus fiéis a participar no comício do MPLA, terá agido de forma individual ou se terá agido a mando dos seus superiores. O Maka Angola tentou ouvir o padre Lufune, mas sem sucesso.


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