Pretória
(Canalmoz) – Helen Zille, presidente da Aliança Democrática (DA), principal
partido da oposição na Africa do Sul, instou o chefe de Estado sul-africano,
Jacob Zuma, a instaurar uma comissão de inquérito judicial para se investigar
as despesas do governo para com o jornal «The New Age». Zille alega que este
jornal “é financiado quase na totalidade pelos governos do ANC a nível nacional
e provincial”. O regime do ANC deu instruções a empresas públicas como a
transportadora aérea, SAA, e a Eskom, para que canalizassem publicidade para o
«The New Age».
A
SAA adquiriu um número excessivo de exemplares do «The New Age» para
distribuição gratuita nos voos domésticos e internacionais da transportadora.
Desde
Dezembro de 2010, o «The New Age» recebeu pelo menos 64,6 milhões de randes
(aproximadamente 211 milhões de meticais) do governo sob a forma de publicidade
e patrocínio de actividades organizadas pelo jornal, propriedade de Atul Gupta,
um empresário com conhecidas ligações a Zuma e ao ANC. Entre Dezembro de 2010 e
Outubro de 2012, a Eskom despendeu 4,387,096 de randes (cerca 14,3 milhões de
meticais) e a SAA 1,281,120 de randes ( mais de 4 milhões de meticais),
especialmente em publicidade encomendada ao «The New Age».
A
líder da oposição comparou as relações entre o regime do ANC e o «The New Age»
ao escândalo de informação durante a era do apartheid quando John Vorster era
primeiro-ministro. O governo de Vorster financiou o lançamento do jornal «The
Citizen» e do semanário «To The Point» como forma de apoio ao regime do
apartheid, o que incluía a promoção de interesses económicos de empresas
públicas sul-africanos, designadamente a transportadora ferroviária, South
African Railways (SAR), em países vizinhos como Moçambique.
O regime da Frelimo beneficiou de apoios da
SAR a partir de 1977, ano em que expirou o contrato de pessoal dos portos e
caminhos de ferro moçambicanos, assinado entre Moçambique e o Estado português
por altura da Independência. As relações entre a SAR e o regime da
Frelimo, incluindo a expansão do ramal ferroviária Maputo-Komatipoort
beneficiaram da ampla cobertura da comunicação social a soldo do regime do
apartheid. Eschel Rhoodie, figura chave do escândalo da informação do
apartheid, chegou a entabular negociações com entidades ligadas ao regime da
Frelimo tendo em vista fornecer equipamento e outros meios a órgãos de
comunicação social moçambicanos, mormente a Rádio Moçambique, AIM e “Notícias”,
na expectativa destes pilares do aparelho de propaganda do governo de Maputo
adoptarem uma “linha moderada” para com a política de desanuviamento encetada
por John Vorster na sequência do golpe de Estado de 25 de Abril de 1974. (Redacção)
Imagem: tuliomalaspina.tumblr.com
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