Lisboa – Observadores atentos em Luanda,
notam que até ao momento (em que foi a enterrar este sábado) o MPLA
ainda não lamentou o passamento físico do seu co-fundador, o
nacionalista, João Vieira Lopes. A tradicional declaração de pesar
com que acostumou o público é emitada sempre que uma figura de
relevo da sociedade parte. A Liga Africana e o Bloco Democrático foram as
principais agremiações da sociedade que reagiram a morte deste ex-
guerrilheiro do MPLA que perdeu a vida no passado dia 10 de Maio.
Fonte: Club-k.net
Por causa de ressentimentos do passado
O
Bureau Político, por exemplo, reuniu-se, na sexta feira (11) em
Luanda, e de entre varias questões que tratou foi omisso ao
assunto. O mesmo se passa com a Assembléia Nacional onde o
malogrado foi deputado durante a primeira legislatura.
O silêncio do MPLA, é visto como uma realidade decorrente com figuras com o qual o mesmo se incompatibilizou no passado ou que tenham adoptado postura criticas a sua conduta menos boa. Já em Agosto de 2010, o partido no poder teve dificuldades em reagir a morte do Frei Domingos tendo o feito quatro dias depois após reparos por parte da sociedade. Frei Domingos era uma figura que em vida condenava a corrupção no regime, as detenções arbitrarias e os atentados contra as liberdades cívicas em Angola e por tal ousadia foi varias vezes verbalmente violentado nas paginas do Jornal de Angola por parte de José Ribeiro, o director da publicação.
João Baptista de Castro Vieira Lopes que Médico de profissão era conhecido nas lides políticas como um dos últimos sobreviventes da linha dos co- fundadores do MPLA. Fez parte da geração que após concluir os estudos no liceu em Luanda, embarcou para Portugal em 1952 para estudar Medicina.
Em terras lusas, foi Presidente da Casa dos Estudantes do Império e dirigiu a famosa “fuga dos 100” que teve como destino os Congos onde se encontrava a direção do MPLA. Ai foi imediatamente integrado no Corpo Voluntário de Angolanos de Ajuda aos Refugiados (CVAAR), uma organização humanitária afecta a este movimento e que tinha a cabeça Deolinda Rodrigues. Documentos da PIDE datados de 1962 apresentam João Vieira Lopes como um influente membro do Comité Director do MPLA equivalente ao Bureau Político de hoje que esteve a estagiar em Louvanium (Hoje Kinshasa). Concluiu a sua formação acadêmica aos 29 de Junho de 1963 na especialidade de ginecologia.
Ainda ao tempo do exílio, incompatibilizou-se com Agostinho Neto, e de seguida mudou-se para Argélia onde praticou médicina. Neste país, estava com um outro dissidente, Viriato da Cruz. No período pos Independência regressou a Angola, onde exerceu a sua profissão e ao mesmo tempo deu aulas na Universidade Agostinho Neto.
Com a abertura ao multipartidarismo, o professor João Vieira Lopes participou nas eleições de 1992, tendo sido eleito como deputado único da Frente para Democracia (FpD), partido onde se encontrava um sobrinho, seu Filomeno Vieira Lopes. Até a data do seu desaparecimento físico ocupava o cargo de Presidente da Mesa de Assembleia-Geral da liga africana.
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