Por António Capalandanda:
A Polícia Nacional deteve, na passada Sexta-feira
em Benguela, o secretário municipal da UNITA nesta província, Calisto Kavoli,
durante uma disputa entre militantes do seu partido e do MPLA sobre a colocação
de propaganda gráfica na via pública.
Por volta das 14h00 um grupo de mais de 20 membros
da Juventude Revolucionária de Angola (JURA), o braço juvenil da UNITA,
dirigiu-se à Rotunda da Cruz Vermelha, na cidade de Benguela, e dispôs-se a
rasgar panfletos do MPLA, no local.
Segundo noticiou o diário oficioso Jornal de
Angola, o primeiro secretário do MPLA em Benguela, Armando da Cruz Neto,
“repudiou a atitude do dirigente e militantes da UNITA”. Num acto público
realizado Sábado, 4 de Agosto, o dirigente do MPLA e governador de Benguela
disse, sobre o acto: “Não posso acreditar que após dez anos de paz, ainda
existam partidos que incutem na mente dos seus militantes ideias que não se
coadunam com a paz e a democracia”.
Por sua vez, João Rafael “Toy”, um dos jovens da
UNITA envolvidos no acto, alegou que este foi em retaliação a uma campanha
iniciada na manhã do mesmo dia, por militantes do MPLA. Segundo o membro da JURA,
na manhã de 3 de Agosto, “os militantes do MPLA, apoiados com empilhadoras e
protecção polícial, começaram a rasgar as nossas bandeiras e panfletos
colocados na via pública no Lobito, na cidade de Benguela e no município da
Catumbela”.
Durante a acção de vandalismo, um militante do
MPLA, o delegado provincial de Educação de Benguela, Nelson da Conceição,
dispôs-se também a rasgar os panfletos da UNITA afixados no local, de acordo
com o testemunho de Mário Calei. Na troca de palavras, os jovens da JURA agrediram
o referido responsável a socos e com bastante violência.
Poucos minutos depois, acorreram ao local vários
agentes policiais para repor a ordem, assim como o secretário municipal
da UNITA em Benguela, Calisto Kavoli. Segundo João Rafael, o comandante
municipal da Polícia Nacional em Benguela, superintendente Kundi, ordenou a
prisão imediata de Calisto Kavoli que, alegadamente, acorrera ao local para
disciplinar os seus militantes. “Um dos agentes da polícia começou a bater no
nosso dirigente com o cabo da pistola na cabeça e eu tentei protegê-lo. O
superintendente Kundi fez dois disparos contra mim entre as minhas pernas mas,
felizmente, não me atingiu”, disse João Rafael.
Apesar da sua detenção e de mais três membros da
JURA, testemunhas oculares afirmaram que Calisto Kavoli apelou à calma dos seus
militantes.
O Jornal de Angola afirmou, na sua notícia,
que os elementos da UNITA estavam munidos de “paus, catanas e enxadas” para o
acto de destruição de propaganda do MPLA. Entretanto, um dos participantes da
UNITA, Mariano Pedro José, negou a acusação do Jornal de Angola. “É pura
mentira, é invenção. Nós levámos apenas dois barrotes e uma escada para colocar
as nossas bandeiras. A enxada é para cultivar, não é para fazer vandalismo”,
disse o antigo guerrilheiro.
Durante a intervenção da polícia, Mariano Pedro
José, outro membro da JURA, como “um oficial da polícia disparou dois tiros de
pistola directamente contra mim. Estávamos frente a frente. Eu depois atirei-me
a ele, dei-lhe dois socos da bexiga e ele deixou cair a pistola”.
Realçando a sorte de não ter sido atingido, o
militante da UNITA disse que o oficial recolheu a sua pistola e não efectuou
mais disparos. Efectivos da Polícia de Intervenção Rápida foram chamados ao
local, tendo os homens da UNITA dispersado.
A disputa sobre os simbólos partidários ocorreu em
vésperas de uma suposta visita, a Benguela, do presidente do MPLA e da
República, José Eduardo dos Santos, em campanha eleitoral. “Os homens do MPLA
começaram a rasgar ou a tapar os nossos panfletos com a cara do Zé Dú [José
Eduardo dos Santos], para ele encontrar apenas a cara dele na via pública e a
bandeira do seu partido”, lamentou Mariano Pedro José.
As principais vias das cidades do Lobito, Benguela,
Catumbela e Baia Farta, estão praticamente cobertas com material de campanha do
MPLA e fotografias de José Eduardo Santos.
Em carta dirigida ao Comandante Provincial da
Policia em Benguela, António Maria Sita, a Direcção Provincial da Campanha
Eleitoral UNITA, em Benguela, informou que grupos de militantes do MPLA,
transportados em empilhadoras e viaturas, apoiados pelas administrações
municipais de Benguela, Lobito, Catumbela e Baía Farta, têm estado a destruir o
material de campanha da UNITA. Esse partido da oposição denunciou a alegada inércia
e o silêncio dos agentes policiais que assistem aos referidos actos sem nada
fazerem para os impedir.
O Maka Angola tentou ouvir, sem sucesso, o
comando da Polícia Nacional e a direcção provincial do MPLA em Benguela.
Os actos reportados, tanto da parte da UNITA como
do MPLA, violam o Código de Conduta Eleitoral.

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