Um antigo membro do governo, agora na Assembleia
Nacional a cumprir mandato de deputado pelo MPLA, estará na disposição de pagar
até US $4 milhões a quem convencer o Presidente José Eduardo dos Santos a
nomeá-lo como ministro do Interior no executivo a ser constituído depois
das eleições de 31 de Agosto.
A compra e venda de cargos no comité central do
MPLA e no governo é uma prática antiga no partido que governa Angola desde
1975.
No último fim de semana, o Novo Jornal,
geralmente muito bem informado sobre a alta política angolana, revelou que o
secretário-geral do MPLA, Julião Mateus Paulo “Dino Matross”, está na iminência
de perder o cargo em virtude de ter leiloado cargos no comité central do
partido.
Suspeita-se que o leilão de postos envolveria,
igualmente, assessores do Presidente José Eduardo dos Santos.
No entanto, segundo fontes do Maka Angola, o
quase consumado afastamento de Dino Matross dar-se-á mais por causa de uma
renhida luta interna no seio do MPLA e menos pela repulsa que a prática
do secretário-geral tenha suscitado no partido.
Enquanto Dino Matross está em vias de ser
castigado, para facilitar a ascensão de uma outra ala do regime na
administração do MPLA, o leilão de cargos públicos continua.
Antigo governador provincial e ministro, o deputado
que agora almeja o cargo de ministro do Interior é bem conhecido por ser muito
bom em operações de somar e subtrair. “Se o deputado está disposto a pagar 4
milhões pelo cargo é porque está seguro que teria um retorno nunca inferior a
100 milhões de dólares no mínimo”, assevera uma fonte do Maka Angola.
O leilão de cargos é, em parte, responsável pela
entrada nos mais altos escalões do MPLA e do governo de pessoas com pouca ou
nenhuma preparação académica, técnica ou profissional.
Práticas como as que envolvem o secretário-geral do
MPLA e até mesmo assessores do Presidente da República ajudam a perceber melhor
a razão pela qual as intenções de combater a corrupção, várias vezes reiteradas
pelo próprio líder do MPLA, nunca saíram do papel.
O envolvimento de pesos-pesados do MPLA e da
Presidência da República com a alta corrupção explica a feroz resistência que
iniciativas como a criação da Alta Autoridade Contra a Corrupção encontram no
seio do partido governante.

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