Por causa da sua condição de militar no
activo, o almirante André Mendes de Carvalho “Miau” quase teve comprometido o
seu envolvimento com a Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação
Eleitoral (CASA-CE), por cuja lista concorre como candidato à vice-presidência
da República.
Nos termos da Constituição angolana é vedado,
aos militares no activo, o exercício de quaisquer actividades
político-partidárias. A constituição estabelece o carácter apartidário das
Forças Armadas Angolanas (FAA) e, por consequência, dos militares no activo.
Para se habilitar ao exercício pleno da
actividade política, o almirante Miau, que até então exercia um alto cargo no
Ministério da Defesa, teve de requerer a sua passagem à reforma.
Na sua qualidade de Comandante-em-Chefe das
FAA, o Presidente José Eduardo dos Santos autorizou o pedido de reforma em
vésperas do encerramento, pelo Tribunal Constitucional, do período de entrega
das candidaturas às eleições de 31 de Agosto. Por muito pouco a candidatura do
almirante Miau não foi indeferida.
Quem, aparentemente, está acima da lei é o
general Manuel Hélder Vieira Dias “Kopelipa”, actual ministro de Estado e chefe
da Casa Militar do Presidente da República. O general Kopelipa deve estar
coberto por uma legislação especial que lhe permite conciliar, sem o menor
constrangimento, a sua condição de militar no activo com o exercício da
actividade partidária plena.
Os repórteres de imagem que cobriram a
abertura da campanha eleitoral do MPLA, Segunda-feira na Camama, registaram um
general Kopelipa completamente feliz e descontraído entre os seus pares do MPLA.
O fato azul às riscas não consegue disfarçar
a camisola com as cores e dizeres do MPLA vestida pelo general Kopelipa. O
ministro de Estado e chefe da Casa Militar do Presidente da República sugere
que ele é a lei. Ou seja, está (muito) acima da lei.
Cúmplice, o Comandante-em-Chefe finge não
reparar em mais esse flagrante atropelo à constituição.
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