segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Os Negócios Intermediários de Dino Matross


A simplicidade e a afabilidade, marcas registadas de Dino Matross, podem esconder um homem venal, capaz de tudo por dinheiro.
A edição deste fim de semana do semanário Novo Jornal revela que alguns militantes do MPLA terão sido guindados ao seu comité central não por mérito, decorrente de serviços prestados  à causa, mas por terem pago uma propina ao secretário-geral do partido, Dino Matross.
Novo Jornal atribui a um membro do Bureau Politico do MPLA, que não identifica, a confirmação de que militantes terão desembolsado dinheiro para ascenderem ao comité central. Segundo a fonte do jornal, o pagamento da “propina” para acesso ao comité central significa que “foram violados princípios do partido através de práticas que atentam contra a sua integridade moral”.
No imediato, a  venalidade, aparentemente já verificada, deverá custar a Dino Matross o cargo de secretário-geral do MPLA.
Segundo o Novo Jornal, a “defenestração” de Dino Matross, praticamente já consumada, não deverá aguardar pelo próximo congresso do MPLA para a sua formalização. O MPLA guiar-se-á  pelo mesmo paradigma com que conduziu a saída de Pitra Neto do cargo de vice-presidente.
“Assim como aconteceu com a saída, a seu pedido, do antigo vice-presidente do MPLA, Pitra Neto, agora também não haverá necessidade de esperar pela realização do congresso”, diz o jornal citando um membro do comité central, que protege igualmente com anonimato.
Nos últimos tempos, o Novo Jornal tem-se distinguido com sucessivas e certeiras revelações sobre os mais diferentes aspectos da vida politico-partidária do país. Tem fontes fidedignas no topo do aparelho do MPLA e do Estado.
De acordo com o semanário, o iminente afastamento de Dino Matross da direcção do MPLA fica, também, a dever-se a diligências que ele teria feito junto de diferentes titulares do Ministério das Finanças, a favor de empresários para o ressarcimento de dívidas públicas contraídas pelo Estado.
Ao que se diz, Dino Matross teria enviado bilhetinhos, escritos pelo seu próprio punho, intercedendo a favor de empresários que, em muitos casos, “inflacionavam” a dívida por si reclamada ao Estado. Noutros casos, os empresários nas boas graças de Dino Matross exigiam pagamentos por serviços nunca prestados.
O secretário-geral do MPLA prestava-se ao papel de intermediário a troco de generosas comissões sobre os valores obtidos pelos empresários.
As revelações do Novo Jornal surgem na pior altura para o MPLA. Empenhado numa campanha eleitoral em que procura “vender” ao país o discurso da  moralização da vida pública, o MPLA vê um dos seus esteios envolvido em actos de alta corrupção.
No entanto, a corrupção é uma das traves mestras dos actos de governação dos dirigentes do MPLA. Como há muitos anos Dino Matross não ocupa um cargo governamental, o secretário-geral do MPLA usa o cargo partidário para seu enriquecimento ilícito.
Como previsto, o único castigo de Dino Matross será certamente o de confiná-lo à bancada parlamentar do MPLA, como deputado.

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