A simplicidade e a afabilidade, marcas registadas de
Dino Matross, podem esconder um homem venal, capaz de tudo por dinheiro.
A edição deste fim de semana do semanário Novo
Jornal revela que alguns militantes do MPLA terão sido guindados ao seu
comité central não por mérito, decorrente de serviços prestados à causa,
mas por terem pago uma propina ao secretário-geral do partido, Dino Matross.
Novo Jornal atribui
a um membro do Bureau Politico do MPLA, que não identifica, a confirmação de
que militantes terão desembolsado dinheiro para ascenderem ao comité central.
Segundo a fonte do jornal, o pagamento da “propina” para acesso ao comité
central significa que “foram violados princípios do partido através de práticas
que atentam contra a sua integridade moral”.
No imediato, a venalidade, aparentemente já
verificada, deverá custar a Dino Matross o cargo de secretário-geral do MPLA.
Segundo o Novo Jornal, a “defenestração” de
Dino Matross, praticamente já consumada, não deverá aguardar pelo próximo
congresso do MPLA para a sua formalização. O MPLA guiar-se-á pelo mesmo
paradigma com que conduziu a saída de Pitra Neto do cargo de vice-presidente.
“Assim como aconteceu com a saída, a seu pedido, do
antigo vice-presidente do MPLA, Pitra Neto, agora também não haverá necessidade
de esperar pela realização do congresso”, diz o jornal citando um membro do
comité central, que protege igualmente com anonimato.
Nos últimos tempos, o Novo Jornal tem-se
distinguido com sucessivas e certeiras revelações sobre os mais diferentes
aspectos da vida politico-partidária do país. Tem fontes fidedignas no topo do
aparelho do MPLA e do Estado.
De acordo com o semanário, o iminente afastamento
de Dino Matross da direcção do MPLA fica, também, a dever-se a diligências que
ele teria feito junto de diferentes titulares do Ministério das Finanças, a
favor de empresários para o ressarcimento de dívidas públicas contraídas pelo
Estado.
Ao que se diz, Dino Matross teria enviado
bilhetinhos, escritos pelo seu próprio punho, intercedendo a favor de
empresários que, em muitos casos, “inflacionavam” a dívida por si reclamada ao
Estado. Noutros casos, os empresários nas boas graças de Dino Matross exigiam
pagamentos por serviços nunca prestados.
O secretário-geral do MPLA prestava-se ao papel de
intermediário a troco de generosas comissões sobre os valores obtidos pelos
empresários.
As revelações do Novo Jornal surgem na pior
altura para o MPLA. Empenhado numa campanha eleitoral em que procura “vender”
ao país o discurso da moralização da vida pública, o MPLA vê um dos seus
esteios envolvido em actos de alta corrupção.
No entanto, a corrupção é uma das traves mestras
dos actos de governação dos dirigentes do MPLA. Como há muitos anos Dino
Matross não ocupa um cargo governamental, o secretário-geral do MPLA usa o
cargo partidário para seu enriquecimento ilícito.
Como previsto, o único castigo de Dino Matross será
certamente o de confiná-lo à bancada parlamentar do MPLA, como deputado.
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