Lubango - Uma manifestação de ex-militares angolanos no
Lubango, centro sul de Angola, foi dispersada à bastonada hoje de manhã
pela Polícia de Intervenção Rápida, que efetuou nove detenções, disse à
Lusa fonte da organização do protesto.
Fonte:
Lusa Club-k.net
A iniciativa da
manifestação partiu do Fórum Independente dos Desmobilizados de Guerra de Angla
(FIDEGA), presidido pelo coronel na reforma Nunes Manuel.
Contactado
telefonicamente pela Lusa a partir de Luanda, Nunes Manuel disse que a
manifestação visava protestar contra o "incumprimento por parte do
Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas (FAA) do envio de uma
comissão em julho para avaliar a situação dos 16 mil desmobilizados que
continuam por receber os seus subsídios desde 1992, há 20 anos".
A manifestação
chegou a estar marcada para 28 de junho, mas foi adiada, face às
garantias recebidas pela FIDEGA da parte da hierarquia militar sobre o
envio de uma comissão para analisar as reivindicações dos ex-militares.
Na ocasião, a
FIDEGA concordou em suspender a manifestação, sobre a qual deu informação
prévia ao Governo Provincial da Huila e Comando Provincial da Polícia
Nacional, e como não recebeu qualquer indicação em contrário, à face da
lei angolana, o evento estava automaticamente autorizado.
"Hoje de
manhã, quando nos começámos a concentrar no Largo João de Almeida,
encontrámos muita polícia e à medida que os ex-militares iam chegando,
elementos vestidos à civil agarravam nos que se pretendiam manifestar e
obrigavam-nos a entrar nos carros da polícia", disse Nunes Manuel.
Entre os detidos
encontra-se o jornalista Sebastião da Silva, da Rádio Despertar.
O presidente da
FIDEGA disse ainda à Lusa que os detidos deverão ser libertados nas
próximas horas.
Os acontecimentos no Lubango ocorrem 24 horas depois do coordenador da Comissão de Ex-Militares Angolanos (COEMA) ter dado um prazo até 15 de agosto para o Presidente José Eduardo dos Santos dar um sinal de acolhimento da proposta da COEMA de constituição de uma comissão conjunta bilateral para debater a questão dos pagamentos em falta aos ex-combatentes.
Se José Eduardo
dos Santos não responder, a COEMA garantiu que a partir de 15 de agosto
sairá para a rua em manifestações de protesto.
Porta-voz da polícia nega detenções
O porta-voz do Comando Provincial da Polícia Nacional na Huíla, superintendente-chefe Paiva Tomás, desmentiu em declarações à Lusa que tenham sido feitas detenções na manifestação de hoje de manhã no Lubango.
"Até à hora a que saí do Comando, pelas 9:30, não foi feita nenhuma detenção e nem se pode falar numa manifestação", disse aquele oficial da polícia.
O
superintendente-chefe Tomás Paiva acrescentou que a manifestação
"não estava autorizada" e que eram as únicas informações que
tinha disponíveis.
Segundo o
presidente do Fórum Independente dos Desmobilizados de Guerra de Angla
(FIDEGA), coronel na reforma Nunes Manuel, a intenção de realizar a
manifestação foi feita em tempo útil para o Comando Provincial da Polícia
e Governo Provincial da Huíla, não tendo sido recebida nenhuma indicação
de não autorização do protesto.
Ainda segundo
Nunes Manuel, pelo menos nove pessoas foram detidas logo no início da
concentração, no Largo João de Almeida, e os restantes manifestantes
foram dispersados por efetivos da Polícia de Intervenção Rápida, que
contaram com o apoio de elementos trajando à civil, que o presidente da
FIDEGA presume pertencerem à corporação
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