Benguela - O partido governista MPLA prometeu dois milhões de
casas para a população até 2017 se for eleito governo. Mas críticos apontam
"irrealismo", já que promessa de 2008, de um milhão de habitações até
2012, não foi cumprida.
Fonte: DW Club-k.net
Analista diz que não cumpriram 50% das promessas
O programa de
governação do MPLA submetido ao eleitorado há cerca de uma semana considera que
a melhoria das condições de vida da população passa pela disponibilidade de
habitação condigna e do ordenamento das áreas urbanas, peri-urbanas e rurais.
Por isso, em 2008,
o partido do presidente José Eduardo dos Santos prometeu construir um milhão de
casas durante o seu mandato que termina dentro de 30 dias. Para a presente
disputa eleitoral, a ser decidida em 31.08, o MPLA promete ao eleitorado que,
se for escolhido para governar o país, o seu programa habitacional 2012-2017
beneficiará dois milhões de famílias.
Na prática, o MPLA
promete construir dois milhões de casas – uma casa responderá, teoricamente, a
uma família. Porém, várias secções do eleitorado acusam o presidente de
apresentar um programa de governo cuja única intenção seria a de se manter no
poder, uma vez que José Eduardo dos Santos não terá sido capaz de cumprir com a
metade do que prometeu em 2008, ano das últimas eleições legislativas em
Angola.
"Digam que
não têm capacidade", acusou um eleitor ouvido pela DW África. "O povo
angolano já paga pala actividade política. Espero que meus irmãos agora
entendam que um cidadão que só promete, promete, promete [e não cumpre] tem que
sair. Têm que colocar outras pessoas", afirmou o cidadão, que não se
identificou.
Outro eleitor que
não se identificou disse que a promessa do MPLA "não é credível, porque
pelas promessas que ele fez em 2008 até aqui, nem 50% ele conseguiu cumprir.
Mas eles [o MPLA], porque têm vantagem na imprensa, fazem este programa como se
fosse credível".
Eleitor
quer alternância política
Em resposta ao
descontentamento do eleitorado, o secretário nacional para os assuntos
políticos e eleitorais do MPLA, Jú Martins, garante que o programa de
governação do seu partido para o quinquénio 2012 a 2017 é realista e que vai ao
encontro das expectativas da população.
Mas, no seio
desta, há quem queira o partido governista fora do Executivo nacional depois
das eleições de 31.08: "O meu desejo para este ano é que todos os
angolanos nos uníssemos para que operássemos a alternância e para que tenhamos
um novo governo", afirmou outro eleitor.
O MPLA alega que o
seu programa habitacional apresentado quando das eleições legislativas de 2008
não foi cumprido devido à crise económica e financeira internacional.
Mas o analista
político Viriato Albino Nelson entende que o grande problema tem a ver com os
interesses privados dos governantes que chamaram a si os interesses do Estado:
"O que terá falhado, em primeiro lugar, são as pessoas que estão na base
da implementação do programa, que não foram sérias e coerentes por um lado. Por
outro lado, foi a prepotência dos próprios governantes. Ou seja: enquanto gestores
públicos, não se pautaram por aquilo que chamamos de lei da probidade pública,
que prima pelo princípio da transparência e da legalidade. Infelizmente, os
gestores públicos vincularam-se mais aos interesses pessoais que aos interesses
nacionais", avalia.

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