Por Alfredo Muvuma:
Para a presente campanha eleitoral o MPLA escolheu
um sugestivo slogan: “Angola a Crescer Mais e a Distribuir Melhor”.
Pragmáticos, os dirigentes deste partido não
perderam tempo em demonstrar, com exemplos práticos e pedagógicos, como se fará
esse crescimento e, mais ainda, como se distribuirá melhor.
Quem esteve presente no comício do MPLA, no início
da semana em Luanda, para o lançamento oficial da sua campanha eleitoral, ou
viu as imagens pela televisão, ficou com uma ideia clara de como o crescimento
e a distribuição se processarão.
Uma das fotos que ilustra o presente texto, mostra
quadros e responsáveis do MPLA e do governo, dentre os quais se reconhecem, da
esquerda para a direita, o ministro das Finanças, Carlos Alberto, o
administrador de Luanda, José Tavares, o ministro da Defesa, Cândido Van-Dúnem.
Este confabula com o seu primo José Van-Dúnem, ministro da Saúde, e João
Borges, ministro da Energia e Águas. Estão sentados num dos três palcos
montados, com cobertura e em plataformas altas.
Também chamados à mesma cerimónia, os sobas e
seculos, ou seja, as autoridades tradicionais, foram “alojados” literalmente
debaixo dos pés dos dirigentes do MPLA e sem cobertura contra o sol, numa
plataforma abaixo, num banco corrido, como se de presos se tratassem. E embora
o sol fosse igual para todos, a nenhum membro do protocolo do MPLA ocorreu
que as autoridades tradicionais também sentem sede.
Na cultura bantu, as autoridades tradicionais
são alvo das maiores deferências: são-lhes reservadas os melhores lugares e os
maiores e mais apetitosos nacos de comida. Mas na cultura do MPLA, as
autoridades tradicionais não passam de massa de gente mal cheirosa. Corre a
história que um governador provincial recusa-se a receber autoridades
tradicionais no palácio do governo com receio de que os serviços de limpeza não
sejam capazes de eliminar o alegado mau cheiro que sobas e seculos deixariam
impregnado no edifício.
As autoridades tradicionais limitam-se pois a
servir apenas para o controlo autoritário das suas comunidades e para a
garantia do voto ao MPLA.
Se ilusões houvesse sobre como o MPLA pensa
“distribuir melhor” os recursos do país, aqui está uma pequena demonstração.
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