Luanda - O Cimento, é um item importante no setor
imobiliário, e em Angola, é responsável por cerca de 60 por cento do custo da
habitação. Sendo muito crítico para conter o deficit habitacional do país, a
indústria de cimento merece uma urgente e intervenção do Governo Angolanos e de
outras partes interessadas, tais como o Ministério do Comercio e o Ministério
da Industria.
* Orlando Gouveia (Consultor
Internacional de Cimento)
Fonte: Club-k.net
Fonte: Club-k.net
A oferta total de cimento a partir de Janeiro
2013, e de acordo com o sector cimenteiro angolano, situa-se entre 5.5 milhões
de toneladas anos. Mas a demanda nacional situa-se em 6.5 milhões de toneladas
ano, havendo assim um deficit de 1 milhão de toneladas a serem importadas.
A pergunta que o sector faz é: Quem deve suprir este deficit; as cimenteiras que já investiram milhões de dólares ou algum aventureiro que de forma obscura tem conseguido algum capital?
O outro lado, tem a ver com o despejo de cimento importado, e subsidiado no mercado e que não paga tarifas alfandegárias por este entrar pela guarda-chuva do Gabinete da Obras Especiais. Com este dado adquirido, e confirmado pela existência de um porto dedicado por onde desembarcam navios de grande porte com 50 mil toneladas de cimento importado da China cada mês, para as obras pagas com dinheiros públicos, não há como o sector cimenteiro de Angola poderá sobreviver.
Muito em breve, veremos trabalhadores nacionais a perderem seus empregos ou colocados em licenças forçadas pendente a quando a situação melhorar. Não precisamos enfatizar aqui que quando Sua Excelência o Sr. Presidente da Republica, chama Angola de Canteiro de Obras, ele referia-se primeiramente ao cimento. O cimento é um produto estratégico, essencial para a segurança econômica de Angola e renovação de infraestruturas destruídas pela guerra, e para expansão, requalificação das cidades e novas centralidades.
A verdade incontestável, é que não houve um (1) saco de cimento Tunga, Yetu, Kanawa ou outra marca nacional, por exemplo na construção da Centralidade de Kilamba e outras espalhadas pelo Pais. Um governo apostado em proteger o Empresariado Nacional, não pode continuar a agir irresponsavelmente para com um sector tao estratégico com o sector cimenteiro nacional.
Os investimentos neste sector, são intensivos e na ordem de milhões de dólares americanos. Dados não confirmados pela Fabrica de Cimento do Kwanza Sul indicam que esta entrará em produção no final de 2013, e que esta será, quando concluída a fábrica de cimento mais moderno do continente e o maior investimento privado nacional na casa dos USD $650M e com uma capacidade instalada de produção projectada para 1.5 MTA, tudo para ajudar o executivo a colmatar o deficit habitacional do pais.
Quem no executivo não concorda com a grande maioria deste pais, em como um investimento desta índole deve ser protegido contra a concorrência desleal e a “dumpping Chinesa”?
E os investimentos da NovaCimangola, uma fábrica que já faz parte do museu do cimento nacional, pela sua trajetória heroica durante os anos mais difíceis da historia deste pais? Esta com uma capacidade instalada de produção de 1.8 MTA e não pode produzir a esta capacidade, porque o seu mercado alvo, Luanda esta envenenado com cimento barato que entra pela muitas vezes sem pagar os impostos legislados e em nome da Reconstrução Nacional.
Nada está errado, facilitar o processo de importação de cimento pelo Executivo, para que as obras sejam entregues a tempo. Mas não fiscalizar esta importação, reflete a irresponsabilidade e desrespeitos para com os produtores nacionais. Os custos de transportação, os custos de energia e combustível estão em grande parte, condicionando até ao momento, a facilidade de se ver o cimento a ser acessível em qualquer parte do país, e a um custo acessível.
O governo deve ajudar os fabricantes de cimento, fornecendo a infraestruturas necessárias para fazerem seu negócio crescer. Estas infraestruturas devem impreterivelmente incluir estradas, caminhos de ferros, portos nacionais com preços aceitáveis, e uma indústria de cabotagem disponível para as fábricas que pretendam levar cimento ate Cabinda e Namibe o puderem fazer via marítima.
Em uma economia bem estruturada, e nossa esta em vias, a guerra de cimento seria desnecessária. O Governo Central, deve assegurar um ambiente de negócios competitivo, que atrai e retém o investimento global para a indústria de cimento nacional calculada em USD $ 4 Biliões ate ao momento.
Uma das fábricas nacionais, diz na sua visão estratégica que pretende ate 2014 penetrar no mercado da SADC com a exportação do seu cimento. Angola, poderá ganhar divisas enormes de exportações de cimento, quando isto acontecer. Prevê-se também que a autossuficiência local em termos de produção será alcançado já em 2016.
Essas opções devem ser prosseguidas, e para tal, o Governo terá que definir políticas claras e enforcar os decretos e leis já existentes na luta contra qualquer excesso no mercado de cimento. O Ministério do Comércio de Angola, deve abordar as preocupações de todas as partes interessadas, sem sabotar a economia e comprometer o interesse dos consumidores.
A guerra actual, colocando fabricantes de cimento em Angola, contra os importadores de cimento, ainda está para ser resolvida. Fabricantes locais como a Secil Lobito, CIF, Cimenfort, FCKS e a NovaCimangola, ainda estão sendo negativamente impactadas, pelo aumento das importações de cimento e o crime do dumping.
Como resultado da concorrência desleal e aumento das importações, os preços do cimento praticados nacionalmente, têm implacavelmente vindo a descer, e assim, prejudicando o mercado local, em que para os produtores de cimento doméstico, fica difícil de suportar a forte concorrência criada por uma saturação das importações.
A ironia de tudo isso, é que o cimento importado não é o único culpado. Até porque, o aumento da produção entre os produtores nacionais, também é um fator que terá um efeito imediato na queda dos preços que hoje variam em Luanda, entre Kz700 – 850 Kz para as classes 32.5 e 42.5.
Com efeito, os preços do cimento importado que chega em Angola, são menores do que aqueles praticados pelas cimenteiras nacionais. Isto porque, tendo em conta que geralmente há uma série de razões, incluindo os subsídios de exportação e / ou reduzidos custos de produção no país de origem. Em última analise, impostos de importação elevados - e contrabando / evasão fiscal nos países importadores estão na base desta situação que deve ser acautelada.
Uma pesquisa aleatória realizada pelo sector cimenteiro nacional recentemente, mostrou que os estoques de cimento importados são vendidos por até USD 140.00 contra os USD 190.00 por uma tonelada de cimento produzido nacionalmente.
A verdade é que a competição progressiva no comércio de cimento angolano, é e pode ser de grande benefício para os consumidores finais. Com os números e capacidades projectadas pelas cimenteiras para 2014, prevê-se que haverá muito cimento no mercado nacional. A questão fundamental para o consumidor será de fazer a escolha com base no preço e qualidade.
Mas, também há problemas inerentes em pessoas que vão para produtos mais baratos, como cimento não testado e sem certificado de qualidade, o que é crucial para a indústria da construção. Este posicionamento tem levado a um estado de obras com dias de vida contados. As consequências podem ser trágicas - como edifícios altos em colapso, matando pessoas e destruindo o bom nome do Executivo, que tanto pretende investir nas gerações futuras através do sector de construção e infraestruturas.
A politica de "porta aberta" no sector de importações de cimento, poderá levar a estragos incalculáveis, aos próprios planos de industrialização nacional. Por uma questão de fato, o sector da construção Angola em plena expansão, invariavelmente estimula a demanda por cimento. O que ainda não se questionou - com a maioria das empresas de construção – é que estas muitas vezes, tendem a correr para o mais barato cimento importado - não obstante a sua qualidade, tornando-se assim em parceiros perigosos para o Governo.
Com um influxo tão elevado de cimento Chines, os cinco (5) produtores nacionais, (Secil-Lobito, Cimenfort, NovaCimangola, CIF, FCKS) têm motivos mais que suficientes para temer o pior - e justificativa patriótica, para incitar a intervenção urgente do Governo - isto para impedir a ameaça, mais cedo do que mais tarde.
Sem comentários:
Enviar um comentário