quinta-feira, 14 de março de 2013

Caso dos desaparecidos angolanos não é manchete


Coque Mukuta VOA
Analistas e dirigentes dos principais jornais publicados na capital angolana encontram-se divididos em relação à cobertura jornalística do caso de dois activistas desaparecidos há alguns meses.
Para alguns analistas pouco ou nada se lê nos jornais luandenses sobre os desaparecimentos de Alves Kamulingue e Isaías Cassule que tentavam organizar uma manifestação em Maio último em apoio aos ex-militares.

Segundo Makuta Nkondo, jornalista e ex-deputado da bancada parlamentar da UNITA todos os semanários da capital angolana, excepto o “Folha 8”, pertencente a William Tonet, estão sob tutela dos membros do MPLA e “por ser um assunto que está ligado a má actuação desta formação política escusam-se a abordá-lo”.

“Em Angola não existe liberdade de expressão na prática só na Constituição, na verdade todos esses tentam fingir, tentam fazer esforços, todos eles foram comprados” frisou. 

Em entrevista à “Voz da América”, Teixeira Cândido, secretário adjunto do sindicato dos jornalistas angolanos, diz não ter conhecimento de qualquer proibição para a não-divulgação de notícia nos semanários sobre o desaparecimento dos dois activistas.

“Não tenho conhecimento de qualquer proibição que tenha havido para não passar qualquer informação. Nem mesmo onde eu trabalho” disse ele.

Já José Kaliengue, director-adjunto do semanário “O País” diz terem publicado notícias em períodos mais marcantes do desaparecimento dos jovens e cita exemplos: “passamos uma primeira reportagem quando da denúncia e outra quando havia pistas do aparecimento, ou seja, quando interessa abordamos” mencionou.

Teixeira Cândido disse ainda que muitos órgãos preferem publicar o pronunciamento oficial das entidades angolanas: “muitas vezes depende muito do surgimento de um facto novo ou então do interesse desse determinado órgão” acrescentando que, “existe uma responsabilidade partilhada entre os factos e a decisão do que se vai reportar”.

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