quinta-feira, 21 de março de 2013

UNITA dá "mais uns dias" a José Eduardo dos Santos para explicar crimes


O líder da UNITA anunciou esta quarta-feira que dá "mais uns dias" para o presidente José Eduardo dos Santos responder publicamente às acusações que aquela força política lhe imputa e que formalizou em queixa-crime no Ministério Público.
Em causa está um processo de responsabilização criminal entregue no passado dia 11 pelo maior partido da oposição angolana na Procuradoria-Geral da República contra o presidente da República, José Eduardo dos Santos, acusado de ter praticado sete crimes contra o Estado entre 2010 e 2012.
José Eduardo dos Santos é acusado de ter cometido os crimes de excesso de poder, traição à pátria, sabotagem, falsificação dos cadernos eleitorais e atas de apuramento dos resultados eleitorais, impedimento abusivo do exercício de direitos políticos dos cidadãos, falsificação do escrutínio e uso de documentos falsos.
A extensão do prazo para José Eduardo dos Santos responder às acusações foi anunciada hoje em conferência de imprensa e Isaías Samakuva salientou que o prazo legal de cinco dias para o PGR proferir o despacho já se esgotou.
"Se não apresentar nenhuma justificação plausível para justificar a não observância deste prazo legal, ele próprio, estará também sujeito a sanções", vincou o líder da UNITA.
No limite, a UNITA exigirá a demissão do PGR João Maria de Sousa.
Isaías Samakuva considerou ainda que "actos praticados por chefes de Estado contra os seus cidadãos também devem ser conhecidos pela Comissão dos Direitos Humanos da União Africana e pelo Tribunal Internacional de Haia".
"Iremos informar os angolanos logo que dermos entrada deste processo nessas instituições internacionais", assegurou.
Isaías Samakuva aproveitou a conferência de imprensa para responder ao comunicado de imprensa divulgado 24 horas antes pela Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST).
Nesse comunicado, os bispos de Angola e São Tomé classificaram as declarações de Isaías Samakuva proferidas no passado dia 15, nas Jornadas Parlamentares do seu partido, como "injuriosas" e "caluniosas" por, consideraram, violarem e ferirem o "decoro institucional" e o "bom nome da Igreja em Angola".
Em causa está a reacção de Isaías Samakuva aos comentários de alguns dignitários civis e religiosos sobre a decisão da UNITA em apresentar uma queixa-crime contra o Presidente angolano José Eduardo dos Santos.
Na ocasião, o líder da UNITA disse então que se José Eduardo dos Santos nada disser, "os angolanos vão tirar as suas próprias conclusões", de nada servindo, vincou, "arranjar bocas de aluguer para deturpar os factos, fazer comunicados ou discursos distorcidos para desviar as atenções das questões suscitadas".
"Mesmo que estas bocas de aluguer sejam de estruturas partidárias, professores de direito, bispos, pastores, sobas, comerciantes ou mesmo de artistas de cinema. Os angolanos já viram este filme muitas vezes. A própria hierarquia da Igreja Católica, por exemplo, já reconheceu publicamente que a Igreja também está infectada pelo vírus da corrupção", salientou então.
Na conferência de imprensa de hoje, Samakuva recordou que na Mensagem Pastoral saída da reunião de dia 2 de Março, os bispos angolanos condenaram "o suborno e outros géneros de corrupção na gestão dos bens públicos".
"O desenvolvimento dos povos assenta na justiça distributiva e no serviço responsável à coisa pública (...) Assusta-nos o emergir da cultura generalizada da corrupção que se estendeu a todas as camadas da nossa sociedade, até mesmo dentro da nossa Igreja", frisaram os bispos, recordou hoje o líder da UNITA, citando a Mensagem Pastoral.
LUSA
ANGOLA24HORAS

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