sábado, 2 de março de 2013

Atentado contra Samakuva em Cacuaco - Makuta Nkondo


Luanda – O que aconteceu ultimamente no município de Cacuaco, é um atentado contra o líder do maior partido político na oposição em Angola, Isaías Henriques Ngola Samakuva. Não foi apenas uma brincadeira de mau humor que se limitou em humilhar e insultar o líder da UNITA, mas sim foi uma provocação por parte do MPLA que tem saudades de retorno à guerra em Angola.

Fonte: Club-k.net
Pela enésima vez, o MPLA tentou mais uma vez de decapitar a UNITA. O MPLA tentou assassinar Samakuva e procurou que a guerra regresse a Angola para cumprir a sua agenda de aniquilar a UNITA.

Já ensaiou várias fórmulas de regresso à guerra que vão desde a organização de eleitorais falsas para ludibriar a comunidade internacional até a imposição de uma Constituição atípica que inverteu tudo.

Com o episódio rocambolesco de Cacuaco que deixou os angolanos e o mundo boquiabertos, a Angola não mergulhou numa violência, graças a excessiva, e as vezes prejudicial, tolerância de Samakuva.

Quando a UNITA e o resto da oposição lutam para a manutenção da Paz e reconciliação nacional, do seu lado o MPLA esforça-se a concretizar a sua agenda diabólica de aniquilar os seus inimigos políticos e conceder clemência e integração aos elementos residuais e dóceis.

Para elucidar essas veleidades maquiavélicas do MPLA, eis a seguir um resumo das novelas de tentativas de aniquilamentos dos seus inimigos, principalmente da UNITA.

Poucos meses depois da assinatura dos “Acordos de Alvor” entre os três movimentos de libertação nacional, nomeadamente FNLA, MPLA e UNITA, e a potência colonial, Portugal, o MPLA violou o referido entendimento com a ajuda das forcas do Pacto de Varsóvia, com Cuba e União Soviética ah cabeça, expulsando os outros signatários de Angola.

Antes mesmo da proclamação da Independência e de ser eleito um governo legitimo, o MPLA chamava os outros signatários dos “Acordos” que ele violou de rebeldes armados, bandoleiros e lacaios do imperialismo americano.

Neste título de violador dos Acordos de Alvor, a 11 de Novembro de 1975, o Dr. António Agostinho Neto proclamou a Independência de uma República Popular de Angola (RPA) e ele próprio como Presidente do referido Estado. “Kiakanga ntatu, ntatu kikutulanga” (O que foi negociado pelos três, deve ser resolvido pelos três) – diz uma sabedoria kikongo.

Recorde-se que os Acordos de Alvor determinaram a data da independência de Angola a 11 de Novembro de 1975 e a realização de eleições democráticas. A UNITA retirou-se das cidades para o extremo sudeste de Angola onde levou uma guerra de resistência a partir da sua famosa e mística base da Jamba, que era uma segunda capital do país incontornável.

Uma ala militar da FNLA tentou reorganizar-se criando um Comité Militar de Resistência em Angola (COMIRA), mas o projecto foi um nado morto. Desesperados e com ingenuidade, muitos altos dirigentes políticos e militares da FNLA caíram na armadilha da política de Clemência e Integração e renderam-se ao MPLA.

A partir dai a FNLA ficou sem efeitos e nula, e, para gozar com ela, o MPLA inventou um verbo “Fenelizar”, que significa reduzir a sua mais simples expressão uma organização política inimiga.

A UNITA resistiu até a derrota das FAPLA (Forcas Armadas Populares de Libertação de Angola, braço armado do MPLA) na sua ultima tentativa de conquistar Mavinga, o quartel militar avançado das FALA (braço armado do Galo Negro), e avançar para Jamba.

Aquela derrota militar fez ajoelhar o MPLA, obrigando-o a aceitar a retirar das forcas invasoras cubanas de Angola e fingir negociar a PAZ com a UNITA. Foi a Bicesse, Portugal, simular assinar um acordo de cessação de hostilidades chamado “Acordo de Bicesse” que acabou com o monopartidarismo e instaurou um multipardarismo político em Angola e definiu a data das primeiras eleições gerais, presidenciais e legislativas, para Setembro de 1992.

Foi a partir da véspera das eleições que alguns dirigentes políticos e militares de topo da UNITA que foram comprados começaram a desertar e a entregarem-se ao MPLA. Esta fissura, abriu a porta a uma dissidência frenética na capoeira que prossegue até a data presente.

Na tentativa de assegura o processo de Paz em Angola, o Secretário-geral (SG) da ONUA enviou uma representante sua ao país, a britânica Margareth Anstee.

Em Bicesse onde a UNITA negociou em posição de vencedora da guerra, cometeu um erro monumental de não exigir a formação de um governo de transição que deve organizar as eleições em Angola. Deixou tudo sob o controlo do MPLA, o governo, nomeadamente a Defesa, o Interior com a polícia e bófias, a economia e os bancos, a comunicação social, a justiça com os tribunais supremos, etc.

Mesmo o órgão gestor das eleições, a CNE (Conselho Nacional Eleitoral, cujo Presidente é indicado e nomeado por JES, presidente do MPLA). As eleições gerais foram organizadas sob a observação dita internacional com a ONU a frente, o MPLA manipulou e roubou os votos dando-se uma vitória falsa.

Em Luanda, a UNITA aceitou como validos os resultados das referidas eleições, “em nome da Paz e da Reconciliação Nacional”. Mas, na cidade do Huambo, onde Jonas Savimbi conseguiu chegar tendo fugido milagrosamente de Luanda, rejeitou esses resultados tendo-os considerado de fraudulentos.

Maquiavélico, o MPLA aproveitou-se desta rejeição dos resultados para desencadear uma guerra em todo o território angolano contra a UNITA e seus apoiantes, nomeadamente as populações de etnias Ovimbundu e Kikongo.

Seguiu-se uma caça às bruxas idêntica a do holocausto nazi dos judeus na Alemanha de Adolfo Hitler. Levou acabo uma forte campanha mediática de mentira, intoxicação e diabolização do Galo Negro, acusando-o de ter retomado a guerra, na sequência da sua derrota eleitoral.

Uma Comissão Conjunta Político Militar (CCPM) foi criada integrada pelo MPLA, a UNITA e a Troika de Observadores que era composta pelos embaixadores em Angola dos EUA (Estados Unidos da América), URSS (União das Repúblicas Socialistas e Soviéticas) e Portugal. “Em nome da Paz e reconciliação nacional”, a UNITA aceita mandar os seus deputados ocuparem seus assentos na Assembleia Nacional e os seus negociadores a integrarem a CCPM em Luanda.

O MPLA aproveitou-se da ocasião para decapitar a UNITA, tendo assassinado os seus negociadores de Paz na CCPM, nomeadamente o vice-presidente Jeremias Chitunda, o chefe da delegação o engenheiro Elias Salupeto Pena, o secretário-geral Adolosi Mango Alicerces e o responsável da inteligência, Elizeu Sapitango Chimbili.

O jovem dirigente Abel Epalanga Chivukuvuku que se encontrava na caravana emboscada saiu vivo, mas ferido. Com esta campanha, o MPLA conseguiu ludibriar a  comunidade Internacional venal diante do Petróleo, aceitando a versão do MPLA segundo a qual foi a UNITA que retomou a guerra e calou-se diante do genocídio contra os membros do Galo negro, nomeadamente os seus dirigentes e populações ovimbundu e bakongo em todo território de Angola.

Anstee abandonou Angola sem ter conseguido conciliar os beligerantes, tendo sido substituída ao cargo por um advogado Maliano, Maitre Blondin Mbeye. Mesmo depois deste genocídio, a UNITA aceitou voltar a mesa das negociações com o MPLA, tendo assinado com ele um outro Acordo em Lusaka (lê-se Lussaka e não Luzaka), capital da Zâmbia, sempre “em nome da Paz e Reconciliação nacional”.

Os Acordos de Lusaka decorreram sob a égide do Maitre Alioune Blondin Mbeye e foram assinados na sequência de uma outra derrota militar do MPLA na sua tentativa de reconquistar a cidade do Huambo onde se encontrava Jonas Savimbi.

Não satisfeito com a renitência de Maitre Mbeye de trazer uma Paz definitiva, uma reconciliação nacional e uma democracia verdadeiras, um dos beligerantes - que a ONU bem conhece -, conseguiu assassinar este advogado maliano, para abrir o caminho a um projecto de médio prazo de assassinar Jonas Savimbi e o aniquilar ou “fenalizar” a UNITA.

O aniversário do assassinato de Maitre Mbeye nunca foi recordado, como acontece com o antigo secretário-geral da ONU, Dack Amarkjoeld, também morto em 1961 num acidente de avião provocado que o levava em missão de serviço a província do Katanga, na RD Congo, sobre o conflito entre o primeiro-ministro, Patrice Emery Lumumba e o Presidente da República do Congo, Joseph Kasa-Vubu.

Outras negociações entre o MPLA e a UNITA tiveram lugar, nomeadamente em Adis Abeba (Etiópia), Libreville (Gabão), Gbadolite (Republica do Zaire hoje RDCongo) e na cidade do Namibe, Angola. Nessas negociações para a PAZ e reconciliação nacional, o MPLA nunca abandonou a sua agenda de Clemência e Integração e de aniquilar os seus inimigos.

Contrariamente a UNITA que se considera adversária política do MPLA, este (MPLA) só tem inimigo. Pois, com o adversário negoceia-se, mas o inimigo mata-se, é isso que o MPLA faz. Desalojada da cidade do Huambo, a UNITA instalou seu quartel-geral nas vilas de Bailundo e Andulo, no planalto central.

Renitente, o MPLA desencadeou uma forte campanha militar contra os referidos bastiões da UNITA, com a ajuda da comunidade internacional e de dissidentes, até que conseguiu assassinar o seu líder, Jonas Malheiro Savimbi, (e mesmo o vice-Presidente o engenheiro António Sebastião Dembo, cuja morte continua a ser misteriosa), decapitando outra vez esta formação política bantu.

Aniquilada militarmente, a UNITA assinou com o MPLA um “Memorando de Entendimento” sobre a Paz em Angola, que muitos consideram ser um acordo de rendição do Galo negro. Outras eleições foram organizadas, nomeadamente em 2008 e 2012. Como o MPLA estava na cozinha, distribuiu a comida a maneira dele, roubando tudo e todos e deu-se as vitórias.

Nas duas ocasiões, primeiro a UNITA aceita os resultados eleitorais “Em nome da Paz e reconciliação nacional”, em seguida os rejeita e considera de fraudulentos. Hoje, conhecendo bem as fraquezas da UNITA, seu inimiga política, o MPLA excedeu-se nos seus abusos e insultos, impedindo Samakuva e a sua delegação de visitar as populações desalojadas pelo Governo (do MPLA) no município de Cacuaco.

Colocou elementos da polícia de ordem pública e anti-motins no local que montaram duas barreiras para impedir Samakuva contactar os “sinistrados” e deram-se o luxo de agredir um deputado ah Assembleia nacional, José Pedro Katchiungo, que acompanhava a visita do seu líder.

Simultaneamente, três helicópteros da polícia nacional efectuavam voos rastejantes sobre as cabeças dos integrantes da delegação do líder da UNITA e dos desalojados.

A imprensa que estavam presentes no local, nomeadamente a Televisão Publica de Angola (TPA) e a TV Zimbo ignoraram a cena, não filmaram nada, enquanto que a RTP África alegou ter sido impedida de fazer a cobertura. Se não fosse a reportagem da Rádio Despertar, o acontecimento passaria desapercebido.

Surpreendente, no telejornal, a TPA apresentou uma peça em que fez desfilar activistas políticos do MPLA, um trajado a polícia com ostentando o título de comandante-adjunto de Luanda, um secretário para organização do Comité Provincial de Luanda, Norberto Garcia, que vociferaram mentiras e diatribes contra Samakuva e a UNITA, mesmo tendo sido ausentes do local visitado.

Ingenuamente, muitos pensaram que esta provocação era suficiente para a UNITA e o resto da oposição política em Angola reagir de uma maneira implacável e enérgica, retirando-se em bloco da Assembleia Nacional e do Conselho da República. Mas, surpreendentemente e sempre para “preservar a Paz e a reconciliação nacional”, Samakuva organizou uma conferência de imprensa e para pediu que seja feita um inquérito sobre o acontecimento.

Esta reacção frouxa e excessivamente suave de Samakuva e UNITA, o silêncio e a falta de solidariedade do resto da oposição e mesmo a passividade incompreensível dos desalojados visitados estão a perturbar as mentes dos angolanos.

Que o resto da oposição saiba que segundo um adágio Kikongo “Enzo mosi ileka, Enzo nkama kezi mona o tulu” (Que haja sossego numa casa, para que as outras durmam). O silêncio da Assembleia Nacional diante da agressão do seu deputado José Pedro Kachiungo é também questionável.

Aconteceu o mesmo depois do assassinato do deputado Ngalangombe, da UNITA, o Parlamento não tugiu nem mugiu. Esta indiferença da casa das leis deve-se ao facto de estes serem membros da UNITA e “sulanos”?

Segundo a sabedoria kikongo, a raposa tinha medo da crista de galo, pensava que era fogo. Um dia, quando ambos brincavam, a mão da raposa tocou na crista e descobriu que o que o galo tinha na cabeça era carne e não fogo. Desde aquele dia, o galo virou presa preferida da raposa.

Por um outro, uma criança que provoca sempre a outra que considera ser fraca, quando esta reagira e dará um soco no ventre e no nariz dando-se uma hemorragia, esta apanhara uma lição de nunca mais voltar a provocar ninguém.

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