quinta-feira, 21 de março de 2013

Depois de Portugal, Isabel dos Santos às compras em Cabo Verde


A aquisição do Banco Português de Negócios (BPN) em Cabo Verde pelo Banco Internacional de Crédito é a mais recente evidência da expansão dos investimentos angolanos em Cabo Verde. Estes, afirma o Observatório dos Países de Língua Portuguesa, têm um “denominador comum”: a filha mais velha do presidente de Angola, Isabel dos Santos.
A primeira bilionária africana (revista Forbes dixit) “detém participações em todas as grandes empresas angolanas que investiram em Cabo Verde recentemente”, afirma o Observatório em análise publicada no seu último boletim. A aquisição da filial cabo-verdiana do BPN custou ao Banco angolano 30 milhões de euros.
“A presença de empresas e investidores provenientes do rico país lusófono no arquipélago evidencia o crescente interesse nas possibilidades que a pequena economia insular pode oferecer”, refere o Observatório, da Universidade Federal Fluminense (Brasil). “Um denominador comum de grande parte dos investimentos angolanos nas ilhas é a presença de Isabel dos Santos que tem participações nas principais empresas oriundas de Angola que atuam em Cabo Verde”, adianta.
Em 2012, foi o setor das telecomunicações a receber investimentos angolanos, com a Unitel Internacional a anunciar o controlo da operadora T+, que fornece telefonia fixa e móvel, além de ligação à internet em Cabo Verde. A T+ foi a segunda operadora a entrar no mercado do arquipélago, possui cobertura em todas as ilhas e, segundo estimativas, domina 25% do mercado de telefonia móvel, adianta o Observatório. Isabel dos Santos é das maiores accionistas da Unitel.
Quando Isabel veio ao arquipélago em 2012 para concluir as negociações de aquisição da T+, na imprensa local já se especulava sobre a aquisição do BPN. Além de mencionar o interesse da empresária no banco, o jornal local A Semana revelou um suposto desejo de Isabel dos Santos de investir no setor de transporte aéreo. A informação, entretanto, foi desmentida pela sua assessoria de imprensa.
No horizonte da empresária de 40 anos, estará também São Tomé e Príncipe, e em particular as telecomunicações.
Formada em engenharia no King´s College de Londres, Isabel dos Santos abriu o seu primeiro negócio em 1997 – um restaurante chamado Miami Beach, em Luanda.
Para concluir que Isabel é a primeira bilionária africana, a Forbes avaliou a participação de 28,8 por cento na operadora de telecomunicações portuguesa ZON em 385 milhões de dólares, os 19,5 por cento do banco português BPI em 465 milhões de dólares e a participação no BIC, de Angola, em 160 milhões de dólares.
Fontes consultadas pela Forbes referem que tem ainda 25 por cento da operadora de telemóveis Unitel, participação que isoladamente vale “no mínimo mil milhões de dólares” no mercado de telecomunicações.
Em 2008, o Banco Africano de Investimentos (BAI) inaugurou a sua nova sede na Praia, apostando em Cabo Verde na sua estratégia de internacionalização e expansão regional. Por ocasião da sua instalação no país, o BAI Cabo Verde tinha como acionistas o BAI Angola, com 71%, a empresa petrolífera angolana Sonangol, com 19%, e a empresa cabo-verdiana SOGEI, com 10%. O Grupo BAI possui ainda participações no BPN Brasil, no Banco Internacional de STP, e em Portugal, no BAI Europa.
“O apetite dos investidores angolanos por negócios em países lusófonos tem crescido nos últimos anos”, afirma o Observatório. A Sonangol está também entre as primeiras empresas angolanas a investir em Cabo Verde, sendo dos maiores accionistas da Empresa Nacional de Combustíveis (ENACOL).
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