A aquisição
do Banco Português de Negócios (BPN) em Cabo Verde pelo Banco Internacional de
Crédito é a mais recente evidência da expansão dos investimentos angolanos em
Cabo Verde. Estes, afirma o Observatório dos Países de Língua Portuguesa, têm
um “denominador comum”: a filha mais velha do presidente de Angola, Isabel dos
Santos.
A primeira
bilionária africana (revista Forbes dixit) “detém participações em todas as
grandes empresas angolanas que investiram em Cabo Verde recentemente”, afirma o
Observatório em análise publicada no seu último boletim. A aquisição da filial
cabo-verdiana do BPN custou ao Banco angolano 30 milhões de euros.
“A presença
de empresas e investidores provenientes do rico país lusófono no arquipélago
evidencia o crescente interesse nas possibilidades que a pequena economia
insular pode oferecer”, refere o Observatório, da Universidade Federal
Fluminense (Brasil). “Um denominador comum de grande parte dos investimentos angolanos
nas ilhas é a presença de Isabel dos Santos que tem participações nas
principais empresas oriundas de Angola que atuam em Cabo Verde”, adianta.
Em 2012, foi
o setor das telecomunicações a receber investimentos angolanos, com a Unitel
Internacional a anunciar o controlo da operadora T+, que fornece telefonia fixa
e móvel, além de ligação à internet em Cabo Verde. A T+ foi a segunda operadora
a entrar no mercado do arquipélago, possui cobertura em todas as ilhas e,
segundo estimativas, domina 25% do mercado de telefonia móvel, adianta o
Observatório. Isabel dos Santos é das maiores accionistas da Unitel.
Quando
Isabel veio ao arquipélago em 2012 para concluir as negociações de aquisição da
T+, na imprensa local já se especulava sobre a aquisição do BPN. Além de
mencionar o interesse da empresária no banco, o jornal local A Semana revelou
um suposto desejo de Isabel dos Santos de investir no setor de transporte
aéreo. A informação, entretanto, foi desmentida pela sua assessoria de
imprensa.
No horizonte
da empresária de 40 anos, estará também São Tomé e Príncipe, e em particular as
telecomunicações.
Formada em
engenharia no King´s College de Londres, Isabel dos Santos abriu o seu primeiro
negócio em 1997 – um restaurante chamado Miami Beach, em Luanda.
Para
concluir que Isabel é a primeira bilionária africana, a Forbes avaliou a
participação de 28,8 por cento na operadora de telecomunicações portuguesa ZON
em 385 milhões de dólares, os 19,5 por cento do banco português BPI em 465
milhões de dólares e a participação no BIC, de Angola, em 160 milhões de
dólares.
Fontes
consultadas pela Forbes referem que tem ainda 25 por cento da operadora de
telemóveis Unitel, participação que isoladamente vale “no mínimo mil milhões de
dólares” no mercado de telecomunicações.
Em 2008, o
Banco Africano de Investimentos (BAI) inaugurou a sua nova sede na Praia,
apostando em Cabo Verde na sua estratégia de internacionalização e expansão
regional. Por ocasião da sua instalação no país, o BAI Cabo Verde tinha como
acionistas o BAI Angola, com 71%, a empresa petrolífera angolana Sonangol, com
19%, e a empresa cabo-verdiana SOGEI, com 10%. O Grupo BAI possui ainda
participações no BPN Brasil, no Banco Internacional de STP, e em Portugal, no
BAI Europa.
“O apetite
dos investidores angolanos por negócios em países lusófonos tem crescido nos
últimos anos”, afirma o Observatório. A Sonangol está também entre as primeiras
empresas angolanas a investir em Cabo Verde, sendo dos maiores accionistas da
Empresa Nacional de Combustíveis (ENACOL).
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ANGOLA24HORAS
Imagem: www.forbes.com
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