sábado, 9 de março de 2013

Por que as mulheres são centrais para a política externa dos EUA Canal de Opinião. Por: John Kerry, Secretário de Estado dos EUA*



Washington (Canalmoz) - Na minha primeira semana como secretário de Estado dos Estados Unidos, tive a honra de me encontrar com um grupo de mulheres corajosas de Mianmar. Duas eram ex-prisioneiras políticas e, embora tivessem passado por tremendas dificuldades na vida, estavam empenhadas a ir em frente – fornecendo educação e capacitação para meninas, procurando empregos para os desempregados e defendendo maior participação na sociedade civil. Não tenho dúvida de que elas continuarão a actuar como poderosas agentes de mudança, levando o progresso às suas comunidades e ao seu país nos próximos anos. 
São oportunidades como essa que nos lembram por que é tão vital que os Estados Unidos continuem a trabalhar com governos, organizações e indivíduos em todo o mundo para proteger e fazer avançar os direitos de mulheres e meninas. Afinal, assim como no nosso país, os problemas económicos, sociais e políticos mais prementes do mundo simplesmente não podem ser resolvidos sem a plena participação das mulheres. 
Segundo o Fórum Económico Mundial, os países em que homens e mulheres estão mais próximos de desfrutar direitos iguais são muito mais competitivos economicamente do que aqueles onde a diferença de género deixou mulheres e meninas com acesso limitado ou sem nenhum acesso a assistência médica, saúde, cargos electivos e ao mercado. Do mesmo modo, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura estima que se as agricultoras tivessem o mesmo acesso que os homens a sementes, fertilizantes e tecnologia, elas poderiam reduzir em 100 milhões a 150 milhões o número de subnutridos do mundo. 
No entanto, num número muito grande de sociedades e num número muito grande de lares, mulheres e meninas ainda são subvalorizadas, não têm a oportunidade de frequentar a escola e são forçadas a casar ainda crianças. Muitas vidas têm sido perdidas ou mudadas para sempre pela violência de género. Como pai de duas filhas, não posso imaginar a dor sofrida pelos pais da jovem conhecida como “Nirbhaya”, a estudante de medicina de 23 anos assassinada num autocarro de Nova Delhi simplesmente por ser mulher, ou a angústia sofrida pelos pais de Malala Yousafzai, a menina paquistanesa baleada por extremistas ao subir num autocarro, simplesmente por querer ir à escola. Mas é para mim uma inspiração o compromisso destemido de Malala à sua causa, a determinação de Nirbhaya de levar seus agressores à Justiça mesmo estando à beira da morte, e a coragem dos seus pais de falar em nome das suas filhas e das mulheres de todos os lugares. 
Nenhum país pode progredir se deixar metade de sua população para trás. É por isso que os Estados Unidos acreditam que a igualdade de género é crucial para nossas metas comuns de prosperidade, estabilidade e paz e é por isso que investir nas mulheres e meninas no mundo é um aspecto crucial da política externa dos EUA. 
Investimos na capacitação e assessoria de mulheres empreendedoras para que elas possam não apenas melhorar a situação da sua família, mas também ajudar a fazer crescer a economia do seu país. Investimos na educação das meninas para que elas possam escapar do casamento precoce forçado, quebrar o ciclo de pobreza e transformar-se em líderes comunitárias e cidadãs engajadas. Melhorar a educação de meninas e mulheres e o seu acesso a recursos também melhora a saúde e a educação da próxima geração. 
Trabalhamos com parceiros em todo o mundo para melhorar a saúde materna, fortalecer agricultoras e impedir e solucionar a violência de género, porque todas as sociedades se beneficiam quando as mulheres são saudáveis, têm segurança e contribuem com seu trabalho, liderança e criatividade para a economia global. Os diplomatas dos EUA em todos os países trabalham para integrar plenamente as mulheres nas negociações de paz e nos esforços de segurança, porque levar as experiências, as preocupações e as percepções das mulheres para a mesa de negociação pode evitar futuros conflitos e construir uma paz mais duradoura. 
Hoje, Dia Internacional da Mulher, é dia de comemoração. É também o dia em que cada um de nós precisa renovar o seu compromisso com o fim da desigualdade que impede o progresso em todos os cantos do globo. Podemos e devemos nos comprometer com isso para que as nossas filhas possam subir no autocarro para ir à escola sem medo, todas as nossas irmãs possam alcançar a sua capacidade total e todas as mulheres e meninas possam realizar plenamente o seu potencial. (John Kerry)
* Artigo escrito por ocasião do “Dia Internacional da Mulher” e enviado ao Canalmoz pela embaixada dos EUA em Maputo

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