segunda-feira, 4 de março de 2013

Quem ganha com a actual "guerrinha" luso-angolana?




"Citando de memória o primeiro presidente de Angola, Dr. António Agostinho Neto, “Conseguimos ter melhores reacções com os partidos de direita portuguesa do que com a esquerda que nos está próxima”. Isto foi dito, mais palavra, menos palavra, durante o consolado português da AD.

Uma vez mais, as reações Angola/Portugal passam, a nível institucional governativo por um excelente período com as recentes visitas do MNE português, Paulo Portas, a isso demonstrarem. Recordemos que PP chegou a afirmar que José Eduardo dos Santos, presidente de Angola, é “grandes líderes africanos” contra a opinião de alguns dirigentes portugueses, socialistas e bloquistas, que consideram o actual regime angolano mais próximo de uma autocracia, de uma democratura.

Se a nível institucional governativo as relações parecem ser próximas do ideal – espectava-se uma visita, em breve, do chefe de governo português Passos Coelho, a Angola – já as relações comunicacionais estão em linha de ruptura com vários confrontos entre o órgão oficioso do Governo de Angola, o Jornal de Angola (JA), e alguns órgãos justicialistas e comunicacionais de Portugal, nomeadamente, o DCIAP e o Expresso.

Por norma o JA reflecte a linha oficial de Luanda. Todavia, quando os temas saem directamente da pena do seu director fica-se com a sensação que elas difundem somente a vontade do mesmo em criar conflitos entre a sua original terra-pátria e a sagrada terra de acolhimento.

No entanto, não se pode deixar de admitir que algumas das afirmações apresentadas nos recentes editoriais do JA não deixam de conter alguma incómoda verdade para quem lê e quem comenta.

Senão vejamos, como é possível que um processo, natural nas relações interbancárias, já seja apresentado como um processo jurídico sob a forma de inquérito pecaminoso? Do que se sabe, o PGR de Angola só fez uma transferência em dinheiro que, ultrapassando o limite máximo normal aceite internacionalmente, levou a que o banco depositário avisasse o banco central e este, por sua vez, dado ser uma entidade estrangeira, avisasse o sistema jurídico português que, mais não terá feito que cumprir as normas e mandar uma carta rogatória ao PGR angolano solicitar os devidos e oportunos esclarecimentos.

Ora a notícia que se transmitiu quase indiciava que o visado era um veículo de “limpeza” de dinheiro e, naturalmente, ninguém gosta que um seu magistrado seja conotado desta forma. Com a agravante do caso mostrar contornos de fuga de informação; nada que já não seja habitual na Justiça lusa.

Acresce que esta notícia teve maiores honras por ter acontecido por alturas do aniversário da morte de Jonas Savimbi, reconhecido como o último líder africano que defendia a liberdade efectiva dos africanos e que, simultaneamente, era admirado pelo actual chefe da diplomacia portuguesa e por aqueles que debradam Eduardo dos Santos – recorde-se as palavras de Mário Soares na sua recente biografia, da autoria de  jornalista Joaquim Vieira, quando verbera a entrada dos antigos líderes norte-africanos derrubados pela “Primavera árabe” e aos quais inclui o MPLA e dos Santos, na Internacional Socialista. (...)" (continuar a ler aqui ou aqui)

Publicado, hoje, no portal LusoMonitor.
Publicada por ELCAlmeida às Pululu a 2/28/2013
Eugénio Costa Almeida, Ph.D
Investigador/Researcher do CEA (ISCTE-IUL)

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