E o amor também desapareceu dos radares.
É fácil de ver, aliás nota-se à distância. Depois da morte do rei, Angola por direito de sucessão passa inteirinha, dividida pelos filhos, para os príncipes herdeiros e Eleitores. É uma democracia reinante.
Os tempos mudaram muito, estão sempre a mudar… o ser humano não… piorou muito. Na certeza que a família sucumbiu, está inexistente. Cada um que se safe, é a regra de vivência que não me lembro quem inventou. Claro que é fácil de saber quem foi. De certeza que foi um banqueiro ou um especulador. Apesar de obrigados a comer toneladas de informação diária, no entanto estamos sós. Abandonados na grande epidemia da fome e do desemprego. São milhões ou serão biliões? Os números sempre a aumentarem! Era esta a promessa dos milagres técnicos da ciência para o ano 2.000!
Aguardo o fim dos meus dias, não é isso que sucede a todos?!
Lembro-me de Mark Twain e da comparação que fez entre um homem e um rato: «Não... seria fazer uma injustiça ao rato.»
E entre um homem e um cão: «se acolheres um cão faminto e lhe deres conforto, ele não te morderá.»
«Quando chegares à porta do Céu, deixa o teu cão do lado de fora.
O que interessa é retratar a maldade do ser humano. Pessoalmente se me dessem a escolher entre um homem e um leão, escolheria logo o leão. Porque o conheço bem, enquanto que o homem é cheio de manhas, e só demasiado tarde o conhecemos, o desvendamos.
Porque é que os ratos invadem as casas dos homens? Porque estes roubam, fazem concorrência desleal aos ratos, imitam-nos, e os ratos descontentes não aceitam a exclusão social.
Quer queiramos quer não, participamos sempre na guerra de Tróia. Tudo o que até agora se passou, desses tempos, são imitações que teimamos nelas persistir. Quem não conhecer a guerra de Tróia, fatalmente, sem se dar conta, terminará nessa tragédia. Este é o destino, o nosso destino. Primeiro o Estado Novo, depois a Revolução dos Cravos e a miséria agenda-se. Não há libertadores, descolonizadores. Há renovação de opressores nas lutas de libertação.
Em Jingola, o cidadão honesto que goste de trabalhar, tenha ideias para o bem da comunidade, que revele sabedoria, o poder acusa-o de antipatriota, e sumariamente julgado, executado com a pena de reclusão.
Chegaram duas matinais. Vou para a janela atraída pelo barulho da chuva. Mas que grande chuvada. É tão imponente que a rua parece um rio.
Faz-me lembrar a minha epopeia, o meu reino, que ainda vive na eternidade do passado, confunde-se ou convive com o presente, à procura do seu futuro. Posso afirmar que tenta sobreviver das ruínas arqueológicas. Vivemos perdidos no tempo presente, misturados, baralhados no passado e no futuro.
Não é necessário estudar muito para saber que há oceanos de abundantes idiotas.
Somos tão pequenos perante tanta imensidão. E no entanto, persistimos que somos gigantes, que somos os melhores. Duvidamos, não aceitamos as nossas origens. Só quase na hora da morte nos lembramos da inutilidade da nossa vida. Nessa hora, nesse momento, regressamos às nossas verdadeiras aspirações, mas é demasiado tarde. Queremos voltar, mas o regresso está eternamente adiado. Então durante uns minutos, uns segundos, lembramo-nos finalmente da vida. Vivemos para recordar uns ténues momentos antes da morte. Isto é a verdadeira vida.
Imagem: http://olhares.aeiou.pt/jasmins_foto1854489.html
É fácil de ver, aliás nota-se à distância. Depois da morte do rei, Angola por direito de sucessão passa inteirinha, dividida pelos filhos, para os príncipes herdeiros e Eleitores. É uma democracia reinante.
Os tempos mudaram muito, estão sempre a mudar… o ser humano não… piorou muito. Na certeza que a família sucumbiu, está inexistente. Cada um que se safe, é a regra de vivência que não me lembro quem inventou. Claro que é fácil de saber quem foi. De certeza que foi um banqueiro ou um especulador. Apesar de obrigados a comer toneladas de informação diária, no entanto estamos sós. Abandonados na grande epidemia da fome e do desemprego. São milhões ou serão biliões? Os números sempre a aumentarem! Era esta a promessa dos milagres técnicos da ciência para o ano 2.000!
Aguardo o fim dos meus dias, não é isso que sucede a todos?!
Lembro-me de Mark Twain e da comparação que fez entre um homem e um rato: «Não... seria fazer uma injustiça ao rato.»
E entre um homem e um cão: «se acolheres um cão faminto e lhe deres conforto, ele não te morderá.»
«Quando chegares à porta do Céu, deixa o teu cão do lado de fora.
O que interessa é retratar a maldade do ser humano. Pessoalmente se me dessem a escolher entre um homem e um leão, escolheria logo o leão. Porque o conheço bem, enquanto que o homem é cheio de manhas, e só demasiado tarde o conhecemos, o desvendamos.
Porque é que os ratos invadem as casas dos homens? Porque estes roubam, fazem concorrência desleal aos ratos, imitam-nos, e os ratos descontentes não aceitam a exclusão social.
Quer queiramos quer não, participamos sempre na guerra de Tróia. Tudo o que até agora se passou, desses tempos, são imitações que teimamos nelas persistir. Quem não conhecer a guerra de Tróia, fatalmente, sem se dar conta, terminará nessa tragédia. Este é o destino, o nosso destino. Primeiro o Estado Novo, depois a Revolução dos Cravos e a miséria agenda-se. Não há libertadores, descolonizadores. Há renovação de opressores nas lutas de libertação.
Em Jingola, o cidadão honesto que goste de trabalhar, tenha ideias para o bem da comunidade, que revele sabedoria, o poder acusa-o de antipatriota, e sumariamente julgado, executado com a pena de reclusão.
Chegaram duas matinais. Vou para a janela atraída pelo barulho da chuva. Mas que grande chuvada. É tão imponente que a rua parece um rio.
Faz-me lembrar a minha epopeia, o meu reino, que ainda vive na eternidade do passado, confunde-se ou convive com o presente, à procura do seu futuro. Posso afirmar que tenta sobreviver das ruínas arqueológicas. Vivemos perdidos no tempo presente, misturados, baralhados no passado e no futuro.
Não é necessário estudar muito para saber que há oceanos de abundantes idiotas.
Somos tão pequenos perante tanta imensidão. E no entanto, persistimos que somos gigantes, que somos os melhores. Duvidamos, não aceitamos as nossas origens. Só quase na hora da morte nos lembramos da inutilidade da nossa vida. Nessa hora, nesse momento, regressamos às nossas verdadeiras aspirações, mas é demasiado tarde. Queremos voltar, mas o regresso está eternamente adiado. Então durante uns minutos, uns segundos, lembramo-nos finalmente da vida. Vivemos para recordar uns ténues momentos antes da morte. Isto é a verdadeira vida.
Imagem: http://olhares.aeiou.pt/jasmins_foto1854489.html
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