quarta-feira, 24 de junho de 2009

O Cavaleiro do Rei (29). Novela


Os Jingola não são preguiçosos, são africanos.
Parece-me que o próximo presidente de Angola é um duo: Belmiro de Azevedo e Isabel dos Santos.


O destino deste reino está no exílio local. Temos que continuar a luta fora de portas. Lentamente matam-nos um a um. Aqui não conseguiremos sobreviver. Temos que fugir para o estrangeiro. Renovar a verdadeira luta de libertação nacional. Só assim conseguiremos os nossos verdadeiros objectivos. Os marqueses dos nossos gloriosos exércitos tomam de assalto as ruas. Estamos a ficar sem elas. A rádio dos republicanos disse que o bispo do vice-reino da Ponta do Padrão ficou com muitos estragos. Os jovens invadiram o local do culto e caíram-lhes em cima. Atiraram-se a ele como mabecos.

- Isto está a ficar confuso. Os republicanos já lutam entre eles. Os mosqueteiros agora têm que resolver os problemas dos republicanos? – Preocupou-se o rei.
- Excelso rei, prendo-os?
- Não, deixa-os morrer à fome.
- Vou acabar a leitura. Eh! Eh! A maioria da população é constituída por marqueses e marquesas. Não gostamos da cor da bandeira do reino porquê? O vermelho e preto há mais de trinta anos que nos promete muita coisa. Só nos dá fome. Por isso não gostamos deste reino. Fomos concebidos para viver, mas não nos deixam fazê-lo. Apenas quero amar uma mulher. Verdadeiramente amá-la. Acho que nunca conseguirei isso neste reino. O meu coração diz-me que ficaria muito feliz. Na realidade não somos nós que amamos. O nosso coração é que ama. Só ele sabe sentir o que é o amor. Sente-se eternamente feliz quando ama. Só ele conhece o segredo do amor. O meu coração sente necessidade de amar uma mulher. Não sei, nem imagino onde ela se encontra. Que se acabem os documentos, os passaportes, as nações e que o mundo seja só um. Procuremos o nosso amor, em qualquer parte do mundo. Sem qualquer documento. Que se acabe com a ONU e outras coisas iguais. Passamos a vida a viver de ilusões neste reino parte casas. Estrangeiros já violam as nossas filhas. Obrigam-nas a prostituírem-se para arranjarem trabalho. A única liberdade que lhes resta é abrirem as pernas para o reino das piranhas.

Depois da audição, o rei não mostrou nenhum sinal de compreensão.
- Sabe Epok, não perco tempo com essas coisas. Tenho muito onde ocupar o meu precioso tempo. Isso… são devaneios da juventude. Piranhar meu caro Epok!

CAPÍTULO VII
A PRINCESA

«E envolvem actividades tão diversificadas como o comércio de armas, a agricultura destinada à fabricação de entorpecentes, os desmatamentos ilegais que devastam grandes regiões no mundo, a sobrepesca em áreas fragilizadas, os loteamentos ilegais de especuladores imobiliários que jogam populações miseráveis em áreas de mananciais, o comércio internacional de prostitutas infantis, o tráfico de órgãos humanos para transplante e assim por diante.«
In Políticas Municipais de Emprego. Ladislau Dowbor

Foto. Angola em fotos

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