Fosse como fosse, Israel e Síria tiveram ocasião de voltar a lutar entre si.
CARLOS IVORRA
Em 850 Ajab intentou uma vez mais recuperar a parte Norte dos antigos domínios de Israel perdidos durante o reinado de Basa. Durante a batalha, uma flecha feriu gravemente Ajab. Interrompeu-se a luta e a Síria anexou alguns territórios mais. O rei morreu e foi sucedido pelo seu filho Ocozías. Imediatamente Moab aproveitou para lutar pela sua independência. O cabecilha moabita era Mesa, que dirigiu antes uma tentativa de rebelião que Ajab soube sufocar, e agora quis provar a sorte contra o novo rei.
Entretanto Salmanasar III dirigia os seus exércitos até à Babilónia, para protegê-la das incursões caldeias. Com os caldeus sucedia o mesmo que com os urartianos, que não havia dificuldade em dispersá-los, mas se repunham enquanto os exércitos assírios se retiravam. Salmanasar III nunca obteve uma vitória definitiva. Ocozías morreu em 849, depois de um único ano de reinado (segundo a Bíblia, Deus castigou-o pela sua impiedade). Foi sucedido pelo seu irmão Joram, quem se apressou a conduzir uma expedição em coalizão com Josafat da Judeia para reprimir a rebelião moabita. Não conhecemos os detalhes, mas a expedição fracassou e Moab conservou uma precária independência. Mesa comemorou a sua vitória com uma inscrição, a estela de Mesa, que resulta ser o texto extenso mais antigo que se conserva na língua hebreia. O seu estilo é similar ao da Bíblia, só que Kemósh, o deus moabita substituiu a Iavé. Josafat morreu nesse mesmo ano, e foi sucedido pelo seu filho Joram, que estava casado com Atalía, irmã do rei Joram de Israel. A rainha-mãe Jezabel teve grande influência neste período: o seu filho governava Israel e o seu genro a Judeia. Isto permitiu que a religião tíria penetrasse na Judeia. Joram da Judeia resistiu, mas morreu em 842 e foi sucedido pelo seu filho Ocozías, que estava totalmente dominado pela sua mãe Atalía, pelo que Jezabel teve um filho como rei de Israel e um neto como rei da Judeia, ambos partidários do culto tírio.
O culto a Iavé viveu nesta época os seus momentos mais difíceis. Elias morreu, mas o seu lugar foi ocupado por Eliseu, também de grande personalidade. A Bíblia atribui-lhe milagres ainda maiores que a Elias: curou leprosos, ressuscitou mortos, deu de comer a uma multidão com só vinte pães, fez conceber filhos a mulheres estéreis, predisse os planos dos sírios em várias ocasiões, etc. Para defender a sua religião, Eliseu optou pela conspiração. O exército israelita enfrentou o sírio em Ramot de Galaad, precisamente onde Ajab foi ferido de morte e novamente o rei, desta vez Joram, recebeu uma ferida e retirou-se para a cidade de Jezrael, ao Norte de Samaria. Ali recebeu a visita do seu sobrinho Ocozías, e entretanto o exército judeo-israelita ficou ao comando do general Jehú. Eliseu viu a possibilidade de chegar a um acordo com Jehú e assim o fez, ou bem o general era Iavista ou então estava disposto a sê-lo para obter o poder. O caso é que se fez proclamar rei pelo exército com o apoio do Eliseu, marchou contra Jezrael, atacou de surpresa e logrou matar a todos os membros masculinos da casa real de Israel, incluindo Ocozías da Judeia Logo matou a Jezabel. Entretanto, o rei sírio Benhadad II foi vítima de um golpe de estado, que deu o trono a Hazael, um funcionário da corte. Parece ser que Eliseu teve algo que ver com ele.
Salmanasar III viu na confusão que envolvia a Síria, Israel e a Judeia um bom momento para ajustar contas pendentes. Voltou à Síria, assolou-a e sitiou Damasco. A capital resistiu desesperadamente e teve a sorte de que Salmanasar III urgiu a dirigir-se à outra parte do seu império. Assim que se limitou a pactuar um tributo com Hazael e retirou-se. Levantou um obelisco para comemorar a sua vitória, onde nele se enumeram os reis derrotados e o tributo nomeado a cada um. Entre os tributários figuram ademais Jehú de Israel e vários reis fenícios.
Por outro lado, quando a rainha Atalía se inteirou em Jerusalém do sucedido em Jezrael compreendeu que corria um grave perigo e decidiu tomar a iniciativa. Rapidamente ordenou assassinar a todos os membros masculinos da casa de David, incluídos os seus próprios netos, e se dispôs a reinar solitariamente. Talvez pensou em encontrar um marido adequado, mas nunca chegou a fazê-lo. O seu reinado foi precário. Em Jerusalém estava Joyada, o sumo-sacerdote, que gozava dum grande prestígio e a rainha nunca se atreveu a atentar contra ele. Este, pela sua parte, esperou prudentemente até encontrar o momento propício para derrubar Atalía. Entretanto, Edom aproveitou as circunstâncias para rebelar-se e conseguiu a sua independência, pela primeira vez desde que foi submetido por David. Também as cidades-estado filisteias se desvincularam completamente da Judeia, e chegaram incluso a fazer incursões pelo seu território.
(Carlos Ivorra, é professor na Universidade de Valência, Espanha. Faculdade de Economia. Departamento de Matemáticas para a Economia e a Empresa.)
Traduzido do espanhol.
Imagem: http://br.geocities.com/oportaldehermes/assirios.htm
CARLOS IVORRA
Em 850 Ajab intentou uma vez mais recuperar a parte Norte dos antigos domínios de Israel perdidos durante o reinado de Basa. Durante a batalha, uma flecha feriu gravemente Ajab. Interrompeu-se a luta e a Síria anexou alguns territórios mais. O rei morreu e foi sucedido pelo seu filho Ocozías. Imediatamente Moab aproveitou para lutar pela sua independência. O cabecilha moabita era Mesa, que dirigiu antes uma tentativa de rebelião que Ajab soube sufocar, e agora quis provar a sorte contra o novo rei.
Entretanto Salmanasar III dirigia os seus exércitos até à Babilónia, para protegê-la das incursões caldeias. Com os caldeus sucedia o mesmo que com os urartianos, que não havia dificuldade em dispersá-los, mas se repunham enquanto os exércitos assírios se retiravam. Salmanasar III nunca obteve uma vitória definitiva. Ocozías morreu em 849, depois de um único ano de reinado (segundo a Bíblia, Deus castigou-o pela sua impiedade). Foi sucedido pelo seu irmão Joram, quem se apressou a conduzir uma expedição em coalizão com Josafat da Judeia para reprimir a rebelião moabita. Não conhecemos os detalhes, mas a expedição fracassou e Moab conservou uma precária independência. Mesa comemorou a sua vitória com uma inscrição, a estela de Mesa, que resulta ser o texto extenso mais antigo que se conserva na língua hebreia. O seu estilo é similar ao da Bíblia, só que Kemósh, o deus moabita substituiu a Iavé. Josafat morreu nesse mesmo ano, e foi sucedido pelo seu filho Joram, que estava casado com Atalía, irmã do rei Joram de Israel. A rainha-mãe Jezabel teve grande influência neste período: o seu filho governava Israel e o seu genro a Judeia. Isto permitiu que a religião tíria penetrasse na Judeia. Joram da Judeia resistiu, mas morreu em 842 e foi sucedido pelo seu filho Ocozías, que estava totalmente dominado pela sua mãe Atalía, pelo que Jezabel teve um filho como rei de Israel e um neto como rei da Judeia, ambos partidários do culto tírio.
O culto a Iavé viveu nesta época os seus momentos mais difíceis. Elias morreu, mas o seu lugar foi ocupado por Eliseu, também de grande personalidade. A Bíblia atribui-lhe milagres ainda maiores que a Elias: curou leprosos, ressuscitou mortos, deu de comer a uma multidão com só vinte pães, fez conceber filhos a mulheres estéreis, predisse os planos dos sírios em várias ocasiões, etc. Para defender a sua religião, Eliseu optou pela conspiração. O exército israelita enfrentou o sírio em Ramot de Galaad, precisamente onde Ajab foi ferido de morte e novamente o rei, desta vez Joram, recebeu uma ferida e retirou-se para a cidade de Jezrael, ao Norte de Samaria. Ali recebeu a visita do seu sobrinho Ocozías, e entretanto o exército judeo-israelita ficou ao comando do general Jehú. Eliseu viu a possibilidade de chegar a um acordo com Jehú e assim o fez, ou bem o general era Iavista ou então estava disposto a sê-lo para obter o poder. O caso é que se fez proclamar rei pelo exército com o apoio do Eliseu, marchou contra Jezrael, atacou de surpresa e logrou matar a todos os membros masculinos da casa real de Israel, incluindo Ocozías da Judeia Logo matou a Jezabel. Entretanto, o rei sírio Benhadad II foi vítima de um golpe de estado, que deu o trono a Hazael, um funcionário da corte. Parece ser que Eliseu teve algo que ver com ele.
Salmanasar III viu na confusão que envolvia a Síria, Israel e a Judeia um bom momento para ajustar contas pendentes. Voltou à Síria, assolou-a e sitiou Damasco. A capital resistiu desesperadamente e teve a sorte de que Salmanasar III urgiu a dirigir-se à outra parte do seu império. Assim que se limitou a pactuar um tributo com Hazael e retirou-se. Levantou um obelisco para comemorar a sua vitória, onde nele se enumeram os reis derrotados e o tributo nomeado a cada um. Entre os tributários figuram ademais Jehú de Israel e vários reis fenícios.
Por outro lado, quando a rainha Atalía se inteirou em Jerusalém do sucedido em Jezrael compreendeu que corria um grave perigo e decidiu tomar a iniciativa. Rapidamente ordenou assassinar a todos os membros masculinos da casa de David, incluídos os seus próprios netos, e se dispôs a reinar solitariamente. Talvez pensou em encontrar um marido adequado, mas nunca chegou a fazê-lo. O seu reinado foi precário. Em Jerusalém estava Joyada, o sumo-sacerdote, que gozava dum grande prestígio e a rainha nunca se atreveu a atentar contra ele. Este, pela sua parte, esperou prudentemente até encontrar o momento propício para derrubar Atalía. Entretanto, Edom aproveitou as circunstâncias para rebelar-se e conseguiu a sua independência, pela primeira vez desde que foi submetido por David. Também as cidades-estado filisteias se desvincularam completamente da Judeia, e chegaram incluso a fazer incursões pelo seu território.
(Carlos Ivorra, é professor na Universidade de Valência, Espanha. Faculdade de Economia. Departamento de Matemáticas para a Economia e a Empresa.)
Traduzido do espanhol.
Imagem: http://br.geocities.com/oportaldehermes/assirios.htm
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