segunda-feira, 8 de junho de 2009

O Cavaleiro do Rei (23). Novela


Por causa do direito de sucessão ao trono Jingola, pretexta-se outro fraccionismo? Com o reino fatalmente nas mãos de uma família, as coisas vão ficar muito complicadas. Será a sucessão à rei Salomão que liquidou os opositores?


- Tem a palavra o marquês dos Estábulos.
- Com a devida vénia. Temos a obrigação de dar uma percentagem do que ganhamos e do valor de certos bens, para ajudar a combater a fome.
- Adepto do republicanismo?
-Não… da nobreza! Alguns estábulos passaram a hotéis. Não conseguimos atrair turistas. Apenas vários estrangeiros disfarçados de turistas para conseguirem apanhar alguns diamantes. Turistas diamantíferos e petrolíferos… turismo sexual.

- Tem a palavra o marquês das Roças.
- Meu rei! Não foi possível até agora como no reino das Palmeiras, transformar roças em indústrias. No curto, a médio e longos prazos, isso será obtido, garantido.

- Tem a palavra o marquês do Santo Ofício.
- Muito obrigado meu bom rei. Acabo de ensinar aos novos discípulos do trânsito dos coches, para respeitarem a plebe e não aceitarem tentativas de corrupção. A violência destrói o que ela pretende defender: a dignidade da vida, a liberdade do ser humano. Como nos ensinou João Paulo II.
- Será possível? Um republicano? Vou atirar-lhe com uma casca de banana. Por outras palavras o marquês quer dizer…
- Magnânimo, referia-me à violência verbal dos republicanos.
- Ah! Sacana. Este é esperto, vou mantê-lo sob vigilância.

- Pode falar marquês da Corrupção.
- Obrigado grande entre os maiores. Estou à espera que inventem um aparelho de medida infinito, para medir a nossa corrupção. Com os meios que dispomos não é possível.

- Marquês dos Jovens Frustrados.
- Caridoso rei. Já tentei mil e um artifícios para convencer a juventude. Eles não vão na conversa. Não conseguimos tirá-los do abismo em que os colocámos. E depois com as promessas dos empregos…

- Marquês Parte Casas.
- Magnifico, benevolente! Continuamos com a única coisa que sabemos fazer… partir casas. Estão todas reduzidas a pó. Ainda temos muito trabalho de destruição. Saiu uma poluição que parecia as cinzas de um imenso vulcão. O nosso Hércules tentou e não conseguiu, ninguém consegue, afastar esta poeira que nos aflige.

- Marquesa Sem Planos.
- Meu belo e atraente rei! Continuamos com os mesmos planos a montante e a jusante do sistema.
- Meu belo e atraente rei? Já desconfiava. Vou manter esta gaja debaixo de olho. – Pensou a Rainha.
- Oh! Meu Deus! Já lhe disse para ser discreta. – Pensou o Rei.

- Marquês do Líquido Negro.
- Meu rei, minha rainha, princesas, cavaleiro Epok, nobres.
- Lá porque está com o líquido negro não exagere. Advertiu o rei.
- Sim meu rei! Até ao final do ano faremos três aumentos de combustíveis. Descobrimos mais três poços produtivos que nos darão aí uns vinte mil barris diários. Já facturámos em Signature Bónus, bónus de assinatura, até ao momento…
- Caramba vai estragar tudo! Os números não são necessários neste momento. Falamos depois pessoalmente.

- Marquês dos Abandonados.
- Excelso rei. A reinserção dos abandonados está abandonada. Ninguém quer ser reinserido.

- Marquês das Más Relações Internacionais.
- Sublime reino, meu rei. A comunidade internacional não gosta de nós. São racistas. Não temos culpa que haja tanto líquido negro e diamantes neste reino paradisíaco. Eles têm é inveja…
A alegria está na luta, na tentativa, no sofrimento envolvido. Não na vitória propriamente dita, disse Mahatma Gandhi.
- Sim. Mas quando estamos aflitos pedimos-lhes ajuda, como nas epidemias.

Imagem: Angola em fotos



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