Com a riqueza que obteve com o comércio, Salomão aumentou o seu exército, comprou cavalos na Ásia Menor e construiu carros.
CARLOS IVORRA
Paulatinamente, os gastos da corte começaram a superar os ingressos. Salomão teve que reformar a cobrança de impostos. Para isso dividiu o império em doze distritos que não tinham nada que ver com as antigas fronteiras tribais, e pôs no cargo de cada uma delas um governador. A maior eficiência na cobrança dos impostos causou um lógico descontentamento no povo, que também se via obrigado a colaborar nas grandes construções. Ademais, Salomão deixou a Judeia livre do pagamento de impostos, enquanto que os israelitas se viam equiparados aos povos conquistados, como Amón, Moab e Edom. Isto causou um maior ressentimento. Algumas autoridades religiosas israelitas começaram a questionar a legitimidade do templo de Jerusalém, recordando que o autêntico santuário de Iavé devia estar na antiga Siló.
Por outro lado, a situação exterior, até então favorável a Israel, começou a mudar. Em 940 morreu Psusennes II, com o que terminou a dinastia XXI. O primeiro rei da dinastia XXII foi, naturalmente, Sheshonk I, quem estabeleceu a sua capital em Bubastis e pouco depois logrou fazer-se com o controlo de Tebas, com o que o Egipto voltou a estar unido. Entretanto, as tribos aramaicas que levavam mais de um século infiltrando-se e fustigando a Assíria começaram a organizar-se. Os aramaicos não parecem ter aportado nenhuma cultura nova, senão que absorveram a dos povos que encontraram, em especial a de alguns reinos neohititas. Ao Norte de Israel formaram-se principados aramaicos. Um homem chamado Rezón foi erigido rei e estabeleceu a sua capital em Damasco, muito próxima da fronteira israelita. O novo reino é conhecido como Síria, se bem que este é o nome que lhe deram os gregos muito depois.
A situação explodiu em 938, quando um efraimita chamado Jeroboam estava com o cargo dos grupos de trabalho forçado encarregados das construções. Influído por Ajab, um líder religioso que defendia a restauração de Siló, iniciou uma rebelião que Salomão pôde sufocar, mas Jeroboam recebeu muito apoio popular e logrou fugir para o Egipto, onde Sheshonk I o acolheu amistosamente. Não era o primeiro prófugo israelita que Sheshonk acolhia. Já tinha alojado a Hadad, um edomita que também havia intentado rebelar-se sem êxito contra Salomão. Provavelmente Sheshonk I viu em Israel uma ameaça desde que o seu antecessor entabulou aliança com Salomão, e agora estava projectando lentamente um ataque.
A ocasião se apresentaria com a morte de Salomão, que teve lugar em 931. Foi sucedido por seu filho Roboam. Este não teve dificuldades na realização do ritual necessário para ser proclamado rei da Judeia, mas para ser aceite como rei de Israel devia passar outros rituais em Siquem, o antigo centro político de Efraím. Os israelitas trataram de obter concessões e exigiram uma diminuição dos impostos. Roboam respondeu com uma altaneira negativa, e Israel rebelou-se. Provavelmente Sheshonk estimulou a rebelião, e imediatamente enviou Jeroboam, que foi proclamado rei de Israel e estabeleceu a sua capital em Siquem, se bem pronto trasladou-a para Tirsa, algo mais ao Norte. Isto não supôs unicamente uma partição do reino, senão um completo desmembramento. A Síria apropriou-se do Norte de Israel, Amón recuperou a sua independência, enquanto que Israel reteve duras penas a Moab. Judeia reteve Edom. Em 926 Sheshonk I invadiu Judeia, saqueou Jerusalém e levou boa parte dos tesouros que Salomão acumulou. Sem dúvida que a Judeia converteu-se em tributária do Egipto durante algum tempo.
(Carlos Ivorra, é professor na Universidade de Valência, Espanha. Faculdade de Economia. Departamento de Matemáticas para a Economia e a Empresa.)
Traduzido do espanhol.
Imagem: http://www.esoterikha.com/grandes-misterios/templo-de-salomao/rei-salomao-rainha-saba.php
CARLOS IVORRA
Paulatinamente, os gastos da corte começaram a superar os ingressos. Salomão teve que reformar a cobrança de impostos. Para isso dividiu o império em doze distritos que não tinham nada que ver com as antigas fronteiras tribais, e pôs no cargo de cada uma delas um governador. A maior eficiência na cobrança dos impostos causou um lógico descontentamento no povo, que também se via obrigado a colaborar nas grandes construções. Ademais, Salomão deixou a Judeia livre do pagamento de impostos, enquanto que os israelitas se viam equiparados aos povos conquistados, como Amón, Moab e Edom. Isto causou um maior ressentimento. Algumas autoridades religiosas israelitas começaram a questionar a legitimidade do templo de Jerusalém, recordando que o autêntico santuário de Iavé devia estar na antiga Siló.
Por outro lado, a situação exterior, até então favorável a Israel, começou a mudar. Em 940 morreu Psusennes II, com o que terminou a dinastia XXI. O primeiro rei da dinastia XXII foi, naturalmente, Sheshonk I, quem estabeleceu a sua capital em Bubastis e pouco depois logrou fazer-se com o controlo de Tebas, com o que o Egipto voltou a estar unido. Entretanto, as tribos aramaicas que levavam mais de um século infiltrando-se e fustigando a Assíria começaram a organizar-se. Os aramaicos não parecem ter aportado nenhuma cultura nova, senão que absorveram a dos povos que encontraram, em especial a de alguns reinos neohititas. Ao Norte de Israel formaram-se principados aramaicos. Um homem chamado Rezón foi erigido rei e estabeleceu a sua capital em Damasco, muito próxima da fronteira israelita. O novo reino é conhecido como Síria, se bem que este é o nome que lhe deram os gregos muito depois.
A situação explodiu em 938, quando um efraimita chamado Jeroboam estava com o cargo dos grupos de trabalho forçado encarregados das construções. Influído por Ajab, um líder religioso que defendia a restauração de Siló, iniciou uma rebelião que Salomão pôde sufocar, mas Jeroboam recebeu muito apoio popular e logrou fugir para o Egipto, onde Sheshonk I o acolheu amistosamente. Não era o primeiro prófugo israelita que Sheshonk acolhia. Já tinha alojado a Hadad, um edomita que também havia intentado rebelar-se sem êxito contra Salomão. Provavelmente Sheshonk I viu em Israel uma ameaça desde que o seu antecessor entabulou aliança com Salomão, e agora estava projectando lentamente um ataque.
A ocasião se apresentaria com a morte de Salomão, que teve lugar em 931. Foi sucedido por seu filho Roboam. Este não teve dificuldades na realização do ritual necessário para ser proclamado rei da Judeia, mas para ser aceite como rei de Israel devia passar outros rituais em Siquem, o antigo centro político de Efraím. Os israelitas trataram de obter concessões e exigiram uma diminuição dos impostos. Roboam respondeu com uma altaneira negativa, e Israel rebelou-se. Provavelmente Sheshonk estimulou a rebelião, e imediatamente enviou Jeroboam, que foi proclamado rei de Israel e estabeleceu a sua capital em Siquem, se bem pronto trasladou-a para Tirsa, algo mais ao Norte. Isto não supôs unicamente uma partição do reino, senão um completo desmembramento. A Síria apropriou-se do Norte de Israel, Amón recuperou a sua independência, enquanto que Israel reteve duras penas a Moab. Judeia reteve Edom. Em 926 Sheshonk I invadiu Judeia, saqueou Jerusalém e levou boa parte dos tesouros que Salomão acumulou. Sem dúvida que a Judeia converteu-se em tributária do Egipto durante algum tempo.
(Carlos Ivorra, é professor na Universidade de Valência, Espanha. Faculdade de Economia. Departamento de Matemáticas para a Economia e a Empresa.)
Traduzido do espanhol.
Imagem: http://www.esoterikha.com/grandes-misterios/templo-de-salomao/rei-salomao-rainha-saba.php
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