segunda-feira, 22 de junho de 2009

O Cavaleiro do Rei (28). Novela




Reino Jingola, o único reino do mundo onde a população é clandestina, estrangeira, ilegal.


- Com o Banco Real de Investimentos que a princesa vai criar, vamos ficar com o controlo do dolo. Asfixiar a concorrência... brilhantina ideia.
- Quem te disse?!
- A rainha.
-!!!... A partir deste momento proíbe-se manter qualquer contacto com ela. De contrário mando-o atirar para o fosso das piranhas. Quanto menos souber, mais aprende.
- Eh! Estou lixado. Dei com a língua nos dentes. Como é que me vou safar desta? Já sei. Meu rei, o cavaleiro La Padep pôs a circular um panfleto que está a causar muita agitação no reino. Tenho uma cópia, solicito permissão para a ler.
- Concedida.
- O paladino Divad sempre com as Mãos Livres disse: se o rei desse um campo do liquido negro à população, a miséria acabaria. Aqui não há lugar para pessoas inteligentes, cultas. Estamos a reviver o grau de destruição Fahrenheit 451. São muito mal-educados. Não são elegantes. Nunca pedem desculpas a ninguém pelos males que nos fazem. Consideram uma obrigação o sermos governados assim. Como na Idade da Pedra, no Neolítico. Parece que não conhecem nada da História Universal. Todos os ditadores acabaram mal. Como vamos viver num reino cheio de maldade? Há muitos ratos no reino. Ainda bem. Sempre se come alguma carne. Mas por vingança comem o pouco que temos. Roem-nos até à nossa alma. As empresas criaram um novo método de pagamento. Não pagam a ninguém. Os meses vão-se acumulando sem pagamentos. Não há dinheiro para ninguém. Onde estão os biliões do líquido negro e dos diamantes? Não dão alimentação aos trabalhadores, e ficam sem dinheiro para pagarem as rendas das casas. Depois vão para a rua, incomodar os pobres ratos. Dizem que não são obrigados a pagar nada. O reino do Grande Sam oferece 10.000.000.00 de dolo para combate à malária. Não temos programas de combate para essa epidemia. La Padep disse, jurou, jura que já estamos colonizados. Está tudo nas mãos de estrangeiros. Temos que revoltar-nos, para isso basta um mosqueteiro. Um republicano da União Total disse que a situação é gravíssima. Temos que criar uma frente de libertação nacional. Quem tiver medo que fique de fora. O arauto do Grande Reino ONU disse, que os reinos que não consigam proteger os seus cidadãos, será enviada uma força especial. Quando os povos de todo o mundo aprenderem a revoltarem-se jamais haverá fome. Meu rei, a parte que se segue é muito interessante:
- Temos o direito de ir para onde quisermos e nos apetecer. O mundo não pertence a ninguém. O mundo é nosso. Por exemplo: hoje quero ir para a Antártida, quem me vai impedir? Deixem-nos à vontade. Queremos a liberdade. O mundo não é de ninguém. Queremos ser livres. Quero ir com a minha namorada e dizer-lhe: isto não tem dono. Os donos do mundo somos nós. Que se acabem com os malditos passaportes. Queremos ser livres… criar uma Nova Mensagem. O truque, o truque deles é este: Obrigarem todos a ficarem na miséria, para depois comprarem os seus bens a preços baixos. Isso é tão antigo como a humanidade. Os primeiros especuladores humanos fizeram exactamente assim.

Imagem: Angola em fotos

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