quinta-feira, 4 de junho de 2009

História Universal (6). O Rei Salomão


Ao que parece, Adonias viu-se praticamente coroado rei e antes da morte do seu pai celebrou-a com um banquete.

CARLOS IVORRA

A rainha jogou bem as suas cartas. Ela, Banaias e Sadoc afirmaram que David expressou-lhes no seu leito de morte a sua vontade de que o seu sucessor fosse Salomão. Acusaram Adonias de usurpador e lograram voltar o povo contra ele. Joab e Abimelec não puderam fazer nada. O primeiro foi assassinado e o sacerdote teve que retirar-se da vida pública. Banaias conseguiu a chefia do exército e Sadoc o sumo sacerdócio.

Em 960, a cidade de Tiro fundou a sua primeira colónia no ultramar: foi Útica, situada na costa africana justo a sudoeste da ilha de Sicília. Sem dúvida, as largas expedições fenícias necessitavam de cidades intermédias onde fazer escalas. O Mediterrâneo estava livre de concorrência, pois a Grécia e Creta praticamente não existiam e o Egipto quase tampouco.

Voltando a Salomão, o novo rei fez o que frequentemente faz um usurpador com meios ao chegar ao trono: desdobrar tal magnificência que ninguém se atreva a questionar a sua realeza. A Bíblia descreve o harém de Salomão, formado por umas mil mulheres, entre esposas e concubinas. Salomão ordenou construir um soberbo templo a Iavé em Jerusalém, onde residiria a Arca da Aliança. A construção ficou ao cuidado dos arquitectos e artesãos de Tiro.

O rei Hiram pôs duas frotas à disposição de Salomão, uma no Mediterrâneo e outra no mar Vermelho. A primeira chegou até Espanha e passou incluso o estreito de Gibraltar, com o que, pela primeira vez, um barco navegou pelo oceano Atlântico. Na desembocadura do Guadalquivir fundaram a cidade de Tartesos, e a pouca distância a cidade de Gades, a actual Cádis. A segunda frota tinha a sua base em Eilat, no extremo norte do mar vermelho, e nas suas expedições chegava até ao sul da Arábia.

Em 954 terminou o templo, depois do qual Salomão iniciou a construção de um palácio real, muito mais grandioso que o templo, assim como outros templos para outros deuses distintos de Iavé, em especial para os deuses principais dos reinos submetidos de Moab e Amón.

A Bíblia descreve com orgulho que Salomão tinha no seu harém uma princesa egípcia. Isto é certo, mas o Egipto da época não era o de antanho. A esposa egípcia de Salomão era filha de Psusennes II, que governava unicamente sobre o delta do Nilo, num reino menor que o do Salomão. O seu exército compunha-se maioritariamente por mercenários líbios. O seu comandante chamava-se Sheshonk. Indubitavelmente Sheshonk acabou por ter nas suas mãos o poder real, até ao ponto que Psusennes II viu-se obrigado a casar uma das suas filhas com o filho de Sheshonk, sinal de que este albergava aspirações ao trono. Prevalecente foi esta situação a que levou a Psusennes II a solicitar a ajuda de Salomão, de modo que provavelmente foi o faraó que teve de honrar que uma filha sua formasse parte do harém de Salomão, e não o contrário.

(Carlos Ivorra, é professor na Universidade de Valência, Espanha. Faculdade de Economia. Departamento de Matemáticas para a Economia e a Empresa.)
Traduzido do espanhol.

Imagem: Templo de Salomão
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