sexta-feira, 19 de junho de 2009

História Universal (11). Os Assírios


Em 879 morreu Omri, e foi sucedido pacificamente pelo seu filho Ajab, quem continuou a política do seu pai de difundir o culto a Astarte por Israel.

CARLOS IVORRA

Em 878 o rei Li ocupou o trono chinês. Debaixo do seu reinado produziram-se distúrbios, provavelmente devidos a causas naturais. Por esta época a China contava com uma classe de comerciantes e artesãos, mas que não trabalhavam independentemente, senão que estavam ao serviço dos nobres. Os agricultores complementavam a sua economia com o cultivo do bicho-da-seda.

Em 873 morreu Asa da Judeia e foi sucedido pelo seu filho Josafat. A aliança político-religiosa entre Israel e Tiro deu bons resultados económicos. Israel conseguiu a riqueza necessária para fortificar o Norte frente à Síria assim como para embelezar Samaria. Israel logrou um certo predomínio frente à Judeia, de modo que Ajab e Josafat chegaram a um acordo em virtude do qual a Judeia aceitava que Israel dirigisse uma política exterior conjunta, enquanto que Josafat manteria plena autoridade em assuntos internos. A única oposição vinha da minoria israelita que defendia o culto a Iavé. Astarte era uma deusa da fertilidade e, segundo a estreita moral sexual dos israelitas mais conservadores, era a viva imagem do pecado. A oposição achou um enérgico caudilho no profeta Elias. A parte da Bíblia que descreve esta época (escrita séculos depois) apresenta Omri e Ajab como reis perversos, enquanto que Elias resulta ser quase divino: as águas dos rios separavam-se à sua passagem, provocou uma seca de três anos, fez com que um orzo e uma garrafa de óleo de una viúva contivessem permanentemente farinha e azeite durante esses três anos, sem se acabarem nunca, ressuscitou um morto, etc. Também se dizia que não morreu, senão que ascendeu ao céu em corpo e alma.

Em 859 morreu Asurnasirpal II e foi sucedido pelo seu filho Salmanasar III, quem decidiu estender os domínios do já extenso império que seu pai lhe legou. O seu primeiro movimento foi a anexação completa dos principados aramaicos que Asurnasirpal II fez tributários. O único estado aramaico que se livrou do domínio assírio era a Síria, agora debaixo do reinado de Benhadad II. Enquanto Salmanasar III se ocupava dos seus vizinhos Benhadad continuava a guerra contra Israel iniciada pelo seu pai. Em 856 o exército sírio penetrou em Israel e assediou Samaria. Tal e como Omri previu, Samaria resultou inexpugnável. O exército sírio debilitou-se e os israelitas tiveram ocasião de sair e expulsá-lo. Em 855 Israel reconquistou parte do território do Norte que a Síria lhe tinha arrebatado anos atrás. Sem dúvida neste ponto Benhadad II começou a ficar consciente da terrível ameaça que se peneirava sobre o seu reino e teve que cambiar bruscamente a sua política. Fez ver a Israel que o exército mais perigoso do mundo peneirava-se sobre eles e assim, selou uma aliança com Ajab. Ambos reis encabeçaram uma coalizão de estados cananeus que enfrentaram os assírios em Karkar, um lugar não identificado, mas que estava sem dúvida ao Norte da Síria, provavelmente cerca da costa mediterrânea. A batalha teve lugar em 854. Ao que parece, dum modo inexplicável, o exército cananeu obteve uma vitória suficientemente notável para que a Assíria se retirasse durante algum tempo. Não conhecemos os detalhes, pois as crónicas assírias falam de uma vitória assíria, mas que não foi seguida de nenhuma anexação ou tributo, o que faz pensar melhor que as ditas crónicas são uma versão oficial pouco credível. Por sua parte a Bíblia não menciona a batalha, o que também é lógico, pois os autores bíblicos nunca reconheceram mérito ao ímpio rei Ajab. É provável que Salmanasar III se visse obrigado a retirar-se por pressões na outra parte do seu império. O reino de Urartu, por exemplo, não deixou de rebelar-se contra a Assíria desde os tempos de Teglatfalasar I. A Assíria ganhava todas as batalhas, mas enquanto os seus exércitos se dispersavam noutras direcções, Urartu recuperava-se e voltava a oferecer resistência.

(Carlos Ivorra, é professor na Universidade de Valência, Espanha. Faculdade de Economia. Departamento de Matemáticas para a Economia e a Empresa.)
Traduzido do espanhol.

Imagem: http://br.geocities.com/oportaldehermes/assirios.htm

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