quinta-feira, 18 de junho de 2009

O Planeta dos Macacos (1)


Com o nosso habitual sadismo SS, arrasamos o que resta do que ainda se chama população. Uns trastes de população economicamente ilegal. Choupanas, casebres, casas de chapas?! E esses governantes vieram donde? Viviam onde? Nas matas, nas palhotas, e agora vivem nos palácios, mas bem lá no fundo envergonhados da galhofaria, perdidos nos labirintos petrolíferos.

Deixem o petróleo e trabalhem para salvar o que resta do povo. Extrair petróleo não é trabalhar, é cursar a universidade do sedentarismo. Vão trabalhar nos pardieiros que alojam aquilo que chamavam um só povo!

Se não confessam onde está o dinheiro das reservas internacionais, é licito supor que está nas contas deles. Numa conta bancária de certeza intitulada, depósitos dos únicos revolucionários.

Apoiam-se nos chineses porque são os eleitos, porque apoiam, sobrevivem nas ditaduras e na escravidão.

Que diferença tem este colonialismo do outro? Este é negro o outro era branco. O outro era verdadeiro, este é fingido. Este é um Estado dos estádios.
Não podemos respeitar um Governo que nos despreza, que fabrica esfomeados em larga escala.

Não se revê no sistema político de Angola?
Discordo de que uma minoria viva extremamente bem e uma grande maioria da população viva ainda na miséria. Não foi para isso que lutámos, era exactamente pelo contrário, e isso é que não foi atingido. Daí a desilusão, que não é só desta personagem, que não é só minha, mas de um vasto grupo de pessoas que participaram na luta pela independência.
In Pepetela,
João Céu e Silva. Fonte: Notícias Sábado'


«Uma das consequências da falta de liberdade é o subdesenvolvimento económico, científico, técnico e cultural.
Os países explorados tornaram-se economicamente débeis e em muitos casos, lançados numa situação caótica que os obriga a retomar ou a continuar a sua dependência dos outros países mais desenvolvidos.
Libertar é transformar pela violência uma ordem social estabelecida por minorias.

E por isso mesmo libertar uma sociedade, é fazer a revolução.
É preciso libertar o Homem não só do esclavagismo colonial, mas ainda de qualquer forma de dominação social no interior de cada país. Nenhuma classe deve poder explorar outra.»

In Agostinho Neto. 20 De Janeiro de 1978. Discurso na Universidade de Ibadan, Nigéria

Imagem: Angola em fotos

1 comentário:

Calcinhas de Luanda disse...

Pois é voltamos aos patifes politicamente correctos, os negros, e aos politicamente incorrectos, só porque eram brancos.
Mas estes últimos tinham uma vantagem, eram detectados à distância. Eram brancos, colonos f. da p. E agora, só chegando perto é que se nota alguma coisa, e aí por osmose, fica-se contaminado.
Mas não há-de ser nada. Mesmo, mesmo no fundo, lá bem no fundo, a culpa é dos mesmos, os antigos colonos brancos que deixaram ficar tão maus exemplos em Angola! Ou será que é da natureza humana (e por isso independente da cor da pele) aprendermos melhor as porcarias e o que está errado, em vez de aprendermos o que está certo e a trabalhar para os outros?