Um grupo de militares do Congo Brazzaville foi
impedido no dia 14 pelas Forças Armadas Angolanas de instalarem um posto de
comando avançado em Kitembo, Cabinda, confirmou aos jornalistas o comandante da
Polícia de Guarda Fronteira naquela província.
Kitembo, município de Belize, está a cerca de dez quilómetros da localidade
de Pangui, República do Congo, e a 196 quilómetros da capital de Cabinda. A
intenção dos militares congoleses foi frustrada devido à pronta intervenção das
Forças Armadas Angolanas (FAA), que actuaram depois de efectivos da Polícia de
Guarda Fronteira (PGF) as terem alertado para movimentação das forças do país
vizinho.
Os 46 elementos das Forças Armadas congolesas, que chegaram a construir
três casernas de madeira cobertas de chapas de zinco, foram detidos e
posteriormente mandados em paz de regresso ao seu país.
O comandante da PGF em Cabinda rejeitou a ideia que a atitude dos militares
estrangeiros significa que “os congoleses têm a porta aberta para entrarem
ilegalmente” em Angola.
“Estamos atentos e prontos para qualquer acção que surja, pois a nossa
missão é manter a ordem e a tranquilidade em território nacional”, garantiu
Lourenço Deia.
O oficial da Polícia Nacional declarou que “esta não foi a primeira
tentativa das forças congolesas instalarem um comando avançado em território
angolano”.
Apesar do incidente, disse, a livre circulação de pessoas e bens ao longo
da fronteira é feita normalmente.
Autoridades tradicionais
Autoridades tradicionais afirmaram aos jornalistas que os militares
congoleses recorrem à história da colonização para justificarem a atitude que
tiveram. Paulo Mabiala, regedor do Miconge, disse aos representantes da
comunicação social estar indignado com o que se passara: “Os marcos
fronteiriços, definidos na Conferência de Berlim, foram deixados pelos
portugueses”. “Não queremos mais guerra, mas não podemos permitir
provocações e que ocupem as terras deixadas pelos nossos antepassados”, sublinhou
o regedor do Miconge.
A mesma posição foi corroborada por Bambi Bambi, coordenador da aldeia
Sanga-Miconge, e por Agostinho Maciala, conselheiro da regedoria da comuna, que
completa 88 anos em Dezembro e lembrou, igualmente, que a linha divisória entre
os dois países “está muito além da área que os militares congoleses tentaram
ocupar.
“A divisão é mais para lá”, disse a apontar na direcção da estrada
que vai de Cabinda a Dolisie e a falar como para ele próprio depois de ter
pensado várias vezes sobre o assunto: “Não entendo o motivo deles terem vindo
até aqui”.
César Bilendo, que foi durante dez anos administrador comunal do Miconge,
também não escondeu a indignação: “Daqui, da localidade de Kitembo, onde nos
encontramos, até onde estão os marcos que dividem o nosso território do da
República do Congo são cerca de dez quilómetros”.
A acção dos efectivos congoleses, sublinhou, foi uma autêntica provocação
às autoridades angolanas. Os congoleses, concluiu, aproveitam-se do facto de
existirem muitos angolanos a residirem do outro lado da fronteira para tentarem
ocupar parte do território de Cabinda.
Boa vizinhança
A governadora de Cabinda lembrou que Angola e a República do Congo vivem
num “clima de boa vizinhança”, apesar do incidente do dia 14 e que os dois
países têm acordos bilaterais e realizam encontros regulares.
Aldina da Lomba aventou a hipótese da realização nos próximos dias de mais
um desses encontros para o esclarecimento do incidente, que “não pode ser visto
como um conflito entre os dois países”.
O mais importante, referiu a governadora de Cabinda, é que as Forças
Armadas Angolanas cumpriram o seu papel de defender a soberania do país e
passos subsequentes podem ser dados a nível político e diplomático.
“Angola e a República do Congo têm laços de irmandade que vêm desde a
luta de libertação nacional e vão continuar a existir”, assegurou a governadora
Aldina da Lomba.
Jornal de Angola
ANGOLA24HORAS
Sem comentários:
Enviar um comentário