Multimilionário russo Arkady
Gaydamak instaurou um processo, no Reino Unido, contra o general angolano
Manuel Hélder Vieira Dias, chefe da Casa Militar da Presidência da República
O ex-embaixador
angolano Adriano Parreira considera que o anúncio feito esta terça-feira pela
justiça angolana de processos contra portugueses revela «uma imaturidade
total», justificada pelo «desconforto de uma pequeníssima minoria» no poder em
Luanda.
Em entrevista
ao semanário angolano O País, o procurador-geral de Angola disse que existem
processos em curso contra portugueses, alguns de branqueamento de capitais, mas
escusou-se a identificá-los, para «não pagar na mesma moeda e manter o
anonimato».
Em
declarações à Lusa, em Lisboa, antes do lançamento de dois livros de sua
autoria, Adriano Parreira, conhecido crítico do regime de José Eduardo dos
Santos, considerou o anúncio da justiça angolana «uma parvoíce» e «uma
baixeza».
O
ex-diplomata desvaloriza a tensão atual entre os dois países, considerando que
«não tem pernas para correr muito», sublinhando que o «descontentamento» da
elite «não reflete de maneira nenhuma as relações entre Angola e Portugal e
muito menos entre o povo angolano e o povo português».
«Acredito
que uma certa elite angolana não se sinta bem com o que se está a passar em
Portugal», nomeadamente em termos judiciais, disse. «É um descontentamento de
uma minoria, que quer (...) falar com voz do lobo e do dragão e incomodar todo
o mundo, sem que, de facto, haja substância para isso», avaliou, acreditando
que, «dentro de um mês toda a gente esqueceu isso, mesmo que os processos
venham a avançar, porque vão ter de avançar».
A
tensão diplomática entre Portugal e Angola levou já o Presidente angolano, José
Eduardo dos Santos, a anunciar a suspensão da parceria estratégica entre Luanda
e Lisboa.
Poucos
dias antes, em entrevista à Rádio Nacional de Angola, o ministro dos Negócios
Estrangeiros português, Rui Machete, tinha pedido a Luanda pelas investigações
do Ministério Público português, declarações que provocaram polémica.
Desvalorizando
o valor dos «investimentos feitos pelos chamados angolanos», que considera
«muito pouco produtivos para aquilo de que Portugal verdadeiramente necessita»,
o ex-diplomata e professor de História recusa a ideia de que um abalo nas
relações com Angola seja «uma questão de vida ou morte». Ao contrário, os
investimentos angolanos em Portugal «têm contribuído para que as empresas sejam
remodeladas» e para as «reviravoltas» que acontecem nas compras por capital
estrangeiro, contrapõe.
O
ex-embaixador recordou que o empresário e multimilionário russo Arkady Gaydamak
instaurou um processo, no Reino Unido, contra o general angolano Manuel Hélder
Vieira Dias, chefe da Casa Militar da Presidência da República, mais conhecido
como «Kopelipa», acusando-o de intimidação, segundo o jornal The Guardian.
«Não
é só em Portugal que o Ministério Público persegue esse tipo de indivíduos, mas
também noutros países, nomeadamente parece que em Inglaterra e lá não vai haver
grandes possibilidades de se ludibriar a opinião pública como aqui», antecipou.
«Desde
que deixei de ser embaixador, tenho tido os maiores problemas do mundo, como
todos os angolanos que, de certo modo, não estão em consonância com o clarinete
da banda», comparou Adriano Parreira, assinalando «problemas de toda a espécie
e feitio, desde ameaças (...) de morte, disto e daquilo, proibição de saída no
aeroporto».
O
ex-diplomata está em Portugal para lançar dois livros, «Diário de um Sargento -
Memórias de Angola (1896-1898)» e «Dicionário de Etnologia Angolana», ambos
editados pela Porto Editora.
LUSA
ANGOLA24HORAS.COM
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