Lisboa - Apesar de
haver formalmente um vice-Presidente da República (substituto
constitucional), o general Manuel Hélder Vieira Dias “Kopelipa” é na pratica a
entidade que assumiu as funções “de facto”, de Presidente da República,
governando actualmente o país através de uma “direcção militar”.
Fonte: Club-k.net
“Kopelipa” que é o Chefe da Casa de Segurança do PR, é
a figura a quem os ministros da Defesa e Interior e outros órgãos de Segurança
de Estado respondem.
O vice-Presidente da República, Manuel Domingos
Vicente tem sob alçada a área social (educação, saúde, cultura, MAPESS,
comercio e etc.)
Durante a ausência do PR que se encontra a receber
tratamento médico em Barcelona, Espanha, o chefe da Casa de Segurança da PR,
comunicou a JES que afastaria o então chefe do Serviço de Inteligência e
Segurança de Estado (SINSE), Sebastião José Martins, e este por sua vez não se
opôs, após lhe terem explicado as razões.
A exoneração de Martins com quem o general “Kopelipa”
estaria a observar alguma crispação foi aproveitada num momento em que se revelaram
as atrocidades contra dois activistas por parte do SINSE/DINIC.
A referida exoneração está a ser questionada quanto a
sua legalidade ou constitucionalidade visto que a “direcção militar” não dispõe
de competências para o efeito, nem o PR, pode assinar decretos presidências
fora do território nacional.
A nova direcção do SINSE ainda não tomou posse pelo
que aguarda a chegada do PR, ou que este delegue poderes ao
vice-Presidente ou ao ministro do Interior para o fazer.
A constituição angolana dá poderes ao vice-PR, de
assumir automaticamente a Presidência do país na ausência e impossibilidade do
PR. Em condições normais, Manuel Vicente estaria a assumir a liderança
interina do país, na ausência privada de José Eduardo dos Santos.
No dia 19 de Novembro, a referida “direcção
militar” através do secretário dos assuntos políticos do BP do MPLA, João
Martins, fez sair um comunicado em nome do partido no poder para tecer ameaças
a UNITA, em resposta a uma anunciada manifestação para condenar as execuções de
Isaías Cassule e Alves Kamulingue.
Em reação ao prometido no comunicação do MPLA, o
ministério do Interior foi orientado a impedir a referida manifestação e a
responder com violência. (O jurista Pedro Kaparakata classifica os incidentes
da manifestação como um “ensaio de um golpe de Estado por parte do Governo”.)
Parlamento sob controle do general
Nesta
quinta-feira (28), suspeitando que os deputados da oposição incorressem a algum
gesto de desgaste contra a imagem do regime, foi despachado para a
Assembleia Nacional, um grupo de militares da "Cidade Alta"
dando orientações para procederam a revista destes.
Através
das redes sociais, o deputado da CASA-CE, Lindo Bernardo Tito, descreveu
o episódio a que passou: “Amigos, estou no parlamentar para cumprir
formalidades regimentais, mas o ambiente é tenso. As pastas dos deputados da
oposição estão a ser revistadas por uma senhora supostamente da
"técnica". Para além da revista alguns indivíduos da Unidade de
Guarda Parlamentar tentaram, sem sucesso, impedir a entrada dos deputados da
oposição na sala do plenário, por trajarem uma camisola preta (simbolizando o
luto) com aos seguintes dizeres: "Basta de mortes! Respeitem a vida!”
Momentos
depois, os chefes das bancadas parlamentares da oposição foram dialogar com o
Presidente da Assembleia Nacional, Fernando da Piedade Dias dos Santos “Nandó”,
ao qual informaram que iriam abandonar aquela sessão parlamentar devido ao
episódio por que passaram e outros. “Nandó” tentou convence-los a ficar
mais sem sucesso.
Virgílio
Fontes Pereira, o líder do grupo parlamentar do MPLA, após ter recebido um
telefonema que se diz ser do general Manuel Vieira Dias “Kopelipa”, mudou de
posição defendendo que se os deputados da oposição quisessem, poderiam ir
embora.
Kopelipa acusado
de pretender demonstrar poder
Uma
apreciação de fonte habilitada, nota que “enquanto o Presidente luta pela sua
vida em Espanha ou algures na Europa, onde se encontra gravemente doente, o
general Kopelipa aproveitou a ocasião para demonstrar que é o verdadeiro
detentor do poder em Angola, relegando Manuel Vicente à mera formalidade de ser
o vice-Presidente.”
“Sem
JES, Kopelipa tentará usar Manuel Vicente como o Presidente formal, enquanto
controla o poder por via da junta-militar que constituiu”, estimou a fonte,
acrescentando que “com o exército, Kopelipa julga ter poder suficiente para
atropelar o MPLA e sempre se manifesta aberto a alianças com a oposição para
cumprir com o seu desiderato de governar o país.”
De
acordo com a mesma fonte, o general Kopelipa “transformou o actual chefe de
Estado Maior, general Nunda, num marionete seu, enquanto o seu primo Cândido
Van Dúnem, ministro da Defesa, ganhou poderes que nenhum outro ministro teve.”
De
lembrar que em 1979, quando o Presidente Agostinho Neto faleceu, Angola foi
também governada pelo então secretário administrativo do BP do MPLA, Lúcio
Lara, que era o homem de confiança do malogrado Chefe de Estado.
Mesmo
com a indicação de JES para Presidente, na altura, era o grupo de Lara quem
influenciava nos destinos do país. Este quadro terminaria após a realização do
congresso do MPLA, em 1985, em que JES decide por de lado Lúcio Lara e a sua
corrente, passando a governar com o seu grupo no então Futungo de Belas.
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