Luanda - Uma centena de zungueiras que vende junto aos
mercados de São Paulo e Congoleses protestou esta semana (terça-feira) contra o
que chamaram “vandalismo dos homens da farda azul”.
Fonte: Novo Jornal
Club.k-net
O protesto aconteceu em frente das esquadras móveis da Polícia Nacional, localizadas junto dos mercados de São Paulo e Congolenses.
De acordo com as zungueiras, a origem do protesto foi
a destruição, por parte das autoridades, de produtos habitualmente
comercializados por estas mulheres, designadamente frutos e vegetais.
Esclareceram que a destruição dos bens partiu de agentes da Polícia Nacional -
“vandalismo dos homens da farda azul” -, coadjuvados por agentes dos serviços
de fiscalização do Governo Provincial de Luanda (GPL), afectos aos distritos
urbanos do Sambizanga e Rangel.
“Eles chegaram aqui com cães e cavalos e, simplesmente
começaram a amedrontar-nos, ao mesmo tempo davam pontapés aos produtos do
negócio”, declararam. Na sequência desta acção, algumas zungueiras viram os
seus bens confiscados pela polícia, que acabou por levá-los para as esquadras
móveis.
Susana Lomba, 48 anos, contou ao Novo Jornal que “tudo
começou logo ao início da manhã de terça-feira”. “Ao vermos tanta maldade, a
qual foi aumentando, ganhámos coragem e fomos manifestar-nos em frente à
esquadra móvel que se encontra na paragem principal do São Paulo”, explicou.
Como argumento para esta acção, de acordo com o depoimento de Susana Lomba, a
polícia lá foi dizendo: “Elas (zungueiras) é que mandam, são as donas de Luanda”.
Como resposta e com palavras de ordem escritas em panos, as zungueiras gritavam durante o protesto: “Luanda é de todos” e “Queremos os nossos negócios”. Para Ana Dias, vendedora no “arreiouarreiou”, dos Congolenses, a situação mudou quando os agentes começaram a levar algumas coisas para a esquadra móvel localizada a escassos metros do Comando Provincial de Luanda da Polícia Nacional.
“Afinal eles não querem apenas matar-nos a fome, como
também estão a roubar-nos. Como é que eles vão levar o nosso negócio? E os
nossos filhos, vão comer o quê? Estamos fartas desta polícia. Agora têm de
aguentar o nosso barulho”, avisou, enfurecida. Outra vendedora ambulante, neste
caso de roupa, identificada como Minga, disse estar “profundamente cansada da
polícia”, por isso, disse não temer desafiar as autoridades.
“Hoje, eles é que sabem o que vão fazer-me, porque
isto não pode ficar assim. Estão a brincar connosco”, lamentou. Ainda no local,
o Novo Jornal (NJ) tentou contactar os oficiais superiores presentes para um
comentário às acusações que são dirigidas à actuação da Polícia Nacional, mas
aqueles alegaram não poder prestar declarações públicas, invocando “ordens
superiores”.
A acção da polícia, segundo depoimentos recolhidos no
local, terá resultado ainda na destruição de alguns espaços erguidos com chapas
e contraplacado, nomeadamente salões de beleza, lojas de cabelo e de venda de
roupas.
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