Quando exigimos da oposição uma maior "postura challenge" perante o nosso fiasco político teatral, muitas vezes incorremos no erro de diagnosticar incorrectamente a magnitude do caos político em que estamos mergulhados.
Acontece que as guerras civis ocorridas no nosso território nacional foram reflexos de confrontos directos ou indirectos entre as potências ocidentais e os chamados países comunistas... foi por assim dizer uma guerra de interesses econômicos,inobstante camuflada de tantos outros pretextos!
Apercebendo-se antecipadamente da queda do regime soviético, José Eduardo dos Santos aprende rapidamente a linguagem do ocidente, vai para Washington D.C e aproveita aí atribuir a culpa do fim da guerra ao protegido da Administração Bush– Jonas Malheiro Savimbi!
Essa viagem só foi possível graças à colaboração de certos líderes Afro-americanos e os lobbies proporcionados por algumas companhias petrolíferas americanas operantes em Angola. É claro que as investidas das tropas de Savimbi ,até certo ponto, aceleraram também a viagem de Dos Santos `a capital americana!
Se a Administração Bush ou mesmo até a direção da UNITA tivesse conhecimento do negócio de tráfico de armas entre Eduardo dos Santos, Xu Jinghua, Arcadi Aleksandrovich Gaydamak, Pierre Falcone em plena guerra civil,naturalmente que o curso do nosso conflicto armado teria tido um outro desfecho!...
Com o Savimbi fora do nosso carnaval político, Dos Santo viu-se cada vez mais endividado moralmente com os que lhe ajudaram a eliminar aquele...
Apoiou-se numa máfia russa-chinesa bem estruturada, concentrado todo poder econômico,político e militar em suas próprias mãos e desde então assim tem governado o País – organizou "o sistema contra o povo",no dizer do Bonga.
E o maior perigo em tudo isso é que essa máfia tem germinando castas nocivas aos tecidos sociais do mosaico da cultura angolana... é inconcebível, por exemplo, que Angola importe mais de 500 mil chineses em troca de empréstimos duvidosos da China (sob o pretexto de segredo de Estado!), quando de antemão se sabe que Eduardo dos Santos e Xu Jinghua ,através da The 88 Queensway Group, são os maiores beneficiantes dessa mão-de-obra barata.
E a má-fé aqui é que 90% do trabalho executado pelos chineses poderiam ser feito por cidadãos nacionais...De igual modo, 70% dos mais de 250 mil contratados portugueses são desnecessários, 80% dos 45 mil brazileiros idem!
Não restam dúvidas algumas que a vinda dessa força de trabalho estrangeira é resultado de negociatas obscuras entre os políticos daqueles países com José Eduardo dos Santos ,em troca de “favores especiais”. Mas, isso muito longe de xenofobia contra a vinda de mão-de-obra estrangeira!
É óbvio que o regresso dessa mão-de-obra estrangeira aos respectivos países de origem causaria transtornos `as economias locais...e não se admira, por exemplo,que a maioria dos políticos desses países já se sentem arrependidos de terem feito negócios com o regime de Eduardo dos Santos!
Se com Cuba ,a qual partilhamos o oceano atlântico ,levou cerca de um ano e poucos para sair de Angola, imaginem quanto tempo levaria a China retirar os seus cidadãos daí!
Não seria exagero algum dizer ,por exemplo, que certos políticos desses países,até certo ponto, contribuem para a perpetuação do regime angolano!Isso para não falarmos da Russia de Putin!!!!
Quanto a emigração legal e clandestina de alguns países africanos, árabes, etc. –isso tem mais a ver com a "propaganda eldorado" , muitos acabaram por ficar e foram introduzindo hábitos e costumes estranhos ao nosso mosaico cultural... a maior parte dessa emigração foi feita sem alguma supervisão adequada, causando sérios riscos de estrangulamento no nosso tecido social...mera coincidência os vândalos as Igrejas Católicas?
Mas, tudo isso poderia ter sido evitado logo após a conquista da paz fictícia, se optássemos por priorizar em resolver os problemas mais primários, ao invés de construções de projectos desnecessários cujas manutenções custam avultadas somas de dinheiro.
Para que servem enormes estádios , estádios - instalações desportivas gigantescas,quando nem sequer temos água potável, energia elétrica assistência médica,escolas primárias, habitação condigna, uma em cada quatro crianças angolanas sofre de má nutrição crónica e morre de fome antes de completar 5 anos de idade?
A isso chama-se má gestão económica e tanta falta de vontade politica!?
O presente exige de nós seriedade e humildade... enfrentemos a realidade tal como ela é! E o melhor que nos resta seria a convocação urgente de uma conferência nacional com a participação e cidadania de todas "forças vivas da nação," para se formar um Governo de transição, comissão de conciliação nacional, e consequentemente a reforma compulsiva e imediata de José Eduardo dos Santos.
Prof. N'gola Kiluange
Chefe de redação ponto-final.net
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