Os Órfãos marimbaram-se das prédicas, dos desejos sublimados das pobretanas sofredoras. Num ápice foram trambolhadas televisões, ventoinhas, aparelhagens de som, dinheiro. Uma mamã enfrentou-se e levou monte de chapada. Furiosa emparedou:
- Sacanas de merda, vão roubar os governantes do Politburo, eles têm tudo!
- Lá chegaremos.
- Aquando?!
- Uma noção de tempo.
Esgueirando-se, uma belezinha furtou o cerco dos Órfãos. Parecia uma fada que pairava suavemente na corrida até à esquadra da polícia. Chegou levemente. Depois partiu num carro patrulha com seis polícias de olhar pesado, e sirene carregada. Arribaram, descende um oficial com óculos de breu. O Zorro e afiliados escapuliram-se próximos, disfarçados de vendedores de rua. Os produtos da contribuição fiscal foram desalfandegados numa viatura de vendas de móveis ao domicílio. O oficial calendarizou, sublinhou:
- Tempo para desordem, tempo para ordem! Minhas queridas… para casa!
- Mais pra casa?! Não temos nada para pentearem!
- CUMPRAM AS ORDENS!!!
O metal tiniu nos gatilhos leais das armas do dever. Cães, gataria, rataria, serpentes… e borboletas, acoitaram-se nas redondezas como testemunhas do oculto. A infeliz que a História atraiu destapa a alma soturna.
- Órfãos e Politburros … são todos zebras, cepos, troncos dos mesmos ramos. Perderam as almas sombrias, nada mais lhes resta.
- Redobra a falaz, a perspicaz postura. A minha glacial farda oficia o juízo dentro e fora dele.
- Hum! Reles Politburo, soviete.
Os Órfãos calculavam que os Politburo brindavam vivaz temor deles. Creditaram a confusão na sua conta, escalaram as paredes dos barracos, desvendaram os soalheiros telhados zincados, verrumaram, espernearam as julietas. Sabichões na selecção natural das espécies, emplumaram as fêmeas aves-do-paraíso, aquelas que os queimavam, teimavam no prazer da negação do namoro. Fugaram com elas, e pelas andanças dos descaminhos repartiram estragos a mais de seis carros. Garantiram a tranquilidade final com muitos disparos para o ar, de meter medo. O oficial da polícia Politburo melindrou grande desrazão aos seus conceitos, preceitos da desordeira manutenção sem bandeira. Deixaram-no fraco, sem frasco. Motivou para o lado da fraqueza:
- Prendam-nas… chamem camião para o diabo que as carregue!
Destaca-se uma grandota que milagrosamente acessou jurisdição universitária. Advoga o Direito Natural:
- Estás feito com os Órfãos né!? Já vais ver!
Celebrou voz de comando latinizado.
- Argumentum baculinum. Quero dizer: chega de conversa, cacete neles. Vai ser pior que as Termópilas. Minhas senhoras… A ELES!!!
E caiu uma chuvada que alagou as caras policiais com chapada. O oficial, o inimigo principal, foi o eleito da discórdia. Desabaram-lhe trovoada de cacetada e socada. A policiada desprotegida manobrava as mãos, defendia-se por instinto. Apelar às armas virou impossibilidade, porque o esquadrão feminino mantinha guarda. Atentamente desarmados pelas corajosas, derreados e aterrados solicitaram forças aos membros inferiores. Ao levantar para fugirem, a jurisdicional invocou a voz do mulherio da Revolução Francesa:
- Só mais um! Só mais um!
Imagem: http://alemmarpeixevoador.blogspot.com/
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