- Verás muito mais. Olha, a morgue principal está cheia de cadáveres desconhecidos. Já apregoam que Caronte, o barqueiro dos Infernos, está midas. Os falsos médicos que os Politburo contrataram, dão grande apoio a Caronte.
Notabilíssima aptidão que os Jingola têm pela poesia, como uma desgraça colectiva. Na caminhada moldada, distanciada, ouço-os animados de bocejos alargados, pomposos.
- Já correm réditos no teu livro de poemas?!
- Ainda não abastaram angariadores.
- Torna-te fácil, elogia os feitos do Politburo.
Ou:
- Feitorei quatrocentos poemas, não consigo ludibriá-los, publicá-los.
- Também agonizei mais de mil, poesia dos combates… não sei se estás a ver!
- Hum, hum!
- Se publicar um livro de poesia, serei eleitor da Academia de Letras Politburro. A garinada fartará com lascívia, eu idem. Serei lisonjeado, admirado, invejado pelos meus amigos. Nas igrejas repicarão sinos, porque se pariu um grande escritor avatar. Farei um figurão heráldico. O meu nome literário será gravado na toponímia. A rua onde nasci chamar-se-á Rua do Poeta.
- Ah! … Os poetas Jingola são tão diferentes, como punhais indiferentes.
- Discordo! A nossa poesia é celebrada nos punhais importados, espetados, frustrados de corrupção. Freados mas combativos, demoramos convencimentos. Inda não zarpou para lá das Colunas de Hércules, porque nos falta tempo de limpar o sangue acumulado na noite dos tempos reais.
- Dos pés à cabeça, poesia vitoriosa e derrotas concordantes.
- Até ver!
- A pé firme!
- Sai uma glosa debatida, declamada, motejada do meu vanglorioso corcel bibliotecário.
A Negra Esperança desmonta
Desponta primeiras pernas primaveris infindas
Inusitadas
Iluminadas pelo branquear sotaque
Do seu biquíni desalmado, armado e equipado
Acalorado, transparente de suado
Olhe! Executa ansiosa ao redor
Talvez que alguém pasmado à solapa
Se deleite, a espreite
Nada acontece. Cansaram-se, desregraram-se
Na habitual amnésia lacunar, apunhalar
Fugitivos, proscritos da Negra Esperança.
Imagem: Angola em fotos
Notabilíssima aptidão que os Jingola têm pela poesia, como uma desgraça colectiva. Na caminhada moldada, distanciada, ouço-os animados de bocejos alargados, pomposos.
- Já correm réditos no teu livro de poemas?!
- Ainda não abastaram angariadores.
- Torna-te fácil, elogia os feitos do Politburo.
Ou:
- Feitorei quatrocentos poemas, não consigo ludibriá-los, publicá-los.
- Também agonizei mais de mil, poesia dos combates… não sei se estás a ver!
- Hum, hum!
- Se publicar um livro de poesia, serei eleitor da Academia de Letras Politburro. A garinada fartará com lascívia, eu idem. Serei lisonjeado, admirado, invejado pelos meus amigos. Nas igrejas repicarão sinos, porque se pariu um grande escritor avatar. Farei um figurão heráldico. O meu nome literário será gravado na toponímia. A rua onde nasci chamar-se-á Rua do Poeta.
- Ah! … Os poetas Jingola são tão diferentes, como punhais indiferentes.
- Discordo! A nossa poesia é celebrada nos punhais importados, espetados, frustrados de corrupção. Freados mas combativos, demoramos convencimentos. Inda não zarpou para lá das Colunas de Hércules, porque nos falta tempo de limpar o sangue acumulado na noite dos tempos reais.
- Dos pés à cabeça, poesia vitoriosa e derrotas concordantes.
- Até ver!
- A pé firme!
- Sai uma glosa debatida, declamada, motejada do meu vanglorioso corcel bibliotecário.
A Negra Esperança desmonta
Desponta primeiras pernas primaveris infindas
Inusitadas
Iluminadas pelo branquear sotaque
Do seu biquíni desalmado, armado e equipado
Acalorado, transparente de suado
Olhe! Executa ansiosa ao redor
Talvez que alguém pasmado à solapa
Se deleite, a espreite
Nada acontece. Cansaram-se, desregraram-se
Na habitual amnésia lacunar, apunhalar
Fugitivos, proscritos da Negra Esperança.
Imagem: Angola em fotos
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