terça-feira, 21 de julho de 2009

História Universal (17). O Apogeu da Assíria


Na segunda metade do século VIII o mundo civilizado experimentou muitas mudanças.

CARLOS IVORRA

Em 750 o rei núbio Kashta avançou até ao Norte e conquistou Tebas, atrás do qual os sacerdotes núbios descendentes dos sacerdotes de Amon exilados tempo atrás recuperaram o poder dos seus antepassados.

Entretanto, Hesíodo escreve "Os trabalhos e os dias". Era um campesino beócio, e na sua obra ensina a administração de uma granja. A sua descrição da Grécia do seu tempo, desde o ponto de vista de um homem humilde, é desoladora, mas por estas alturas a Grécia começava a sair da sua idade obscura. Uma das zonas mais prósperas era a ilha de Eubéia. Chegou a ter tal excesso de população que boa parte dela teve que emigrar. A cidade de Calcis chegou a fundar em cem anos até trinta colónias ao Norte do mar Egeu, na que passou a chamar-se península Calcídica.

No Peloponeso, a cidade de Argos chegou ao cume do seu poder debaixo do rei Fidon. A sua influência ultrapassou a Argólida e chegou até ao Oeste, e incluso até a algumas ilhas próximas.

Israel vivia um período de esplendor debaixo de Jeroboam II, enquanto que a Judeia progredia debaixo de Ozías. Sem embargo, na Judeia havia um conflito interno, que era a rivalidade entre o rei e o sumo-sacerdote. Desde os tempos de David e Salomão, o sumo-sacerdote estava subordinado ao rei, mas o reinado e o derrube de Atalia deu alas ao clero. Joás e Amasías não conseguiram impor-se e foram assassinados, e agora Ozías lutava também por reafirmar a sua autoridade. Até tratou de presidir aos sacrifícios no Templo, mas de algum modo fracassou. A versão da Bíblia (talvez não muito fiável) é que Ozías adoeceu de lepra (por castigo divino, naturalmente), e um leproso não podia entrar no templo. Desde 749 o seu filho Jotan actuou como regente.

Em 748 morreu Jeroboam II e seu filho Zacarías sucedeu-lhe no trono de Israel, mas só reinou meio ano, atrás do qual houve um golpe de estado ao que se seguiram umas semanas de comoção. Finalmente foi feito rei um general chamado Menajem. Este era um ano olímpico na Grécia. Os jogos anteriores organizou-os a Élida, cidade próxima a Olímpia, mas nesta ocasião Argos conseguiu arrebatar-lhe a organização. A Élida pediu ajuda a Esparta e assim se iniciou uma inflamada rivalidade entre Esparta e Argos. Não se sabe muito bem o que sucedeu, mas Esparta impôs-se, pois a partir de então a Élida organizou quase ininterruptamente os jogos, e os registos de 748 foram apagados. Desde então, Argos uniu-se a todos os inimigos de Esparta e jamais participou em nenhuma actividade em que a condutora fosse Esparta.

Desde a morte de Salmanasar III, a Assíria foi governada por monarcas débeis, mas em 745 um general deu um golpe de estado, com o que pôs fim a uma dinastia que governou o país durante mil anos, desde que a fundara Shamshi-Adad I. O novo rei adoptou o nome de um grande conquistador assírio e passou a ser Teglatfalasar III. Sob o seu mandato, a Assíria ressurgiu. Começou por reorganizar o Império. Ajustou a maquinaria administrativa e fez a todos os funcionários responsáveis ante ele. Criou um exército profissional assalariado, que podia actuar constantemente, sem necessidade de recrutar campesinos durante períodos limitados de tempo. Isto requeria dinheiro, para o qual teve que saquear aos povos tributários. Logo passou a ocupar-se de povos circundantes. Os medos nómadas levavam anos alargando os seus campos. Foram perseguidos e submetidos a tributo. Em continuação dirigiu-se para o Oeste.

(Carlos Ivorra, é professor na Universidade de Valência, Espanha. Faculdade de Economia. Departamento de Matemáticas para a Economia e a Empresa.)
Traduzido do espanhol.

Imagem: WIKIPEDIA

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