sexta-feira, 31 de julho de 2009

O Cavaleiro do Rei (41). Novela


O documento falava para ser efectuado um inventário aos diamantes que se encontravam nos cofres particulares do Banco Real de Investimentos. De quem seriam estes diamantes? Outro decreto real que cria uma nova empresa a Única Cargas Real. Terá uma frota de camiões novos. Actuará nos portos e aeroportos. Cinquenta por cento das vendas mensais serão entregues aos Cofres Reais do Grande Saco Azul.
Havia uma observação. § Único. As empresas privadas obrigam-se a reter vinte por cento das vendas mensais para o Saco Azul. Serão consideradas como custos do exercício.
Mais um decreto. Cada vice-reino terá um orçamento anual de vinte milhões de dólares. Na realidade receberão apenas cinco. A diferença será justificada com o argumento de que os recursos colocados à sua disposição foram desviados.
O que é que temos aqui? Epok esfregou as mãos de contente. Pontes, escolas, viadutos, estradas. Prefiro as escolas, são rápidas de construir. Acciono os contratos para dez escolas e ganho de uma assentada cinco milhões de dolo. Vou receber cinquenta por cento adiantado, mando pôr na minha conta no estrangeiro. Depois sou exonerado, vou-me embora para tratamento de uma doença no estrangeiro, e estou safo.

Comunicados de manifestações? Enviados para aqui pelo vice-rei Jingola? Ele não quer assumir o papel de mau. Hum! Com receio de tomar decisões. Ou melhor, tudo para aqui, seja o que for. Isso da centralização dá cabo da cabeça de uma pessoa. As coisas não deviam funcionar assim. Vejamos o que dizem estes comunicados:

ADERE, Associação dos Dementes do Reino Jingola.
Exigem que os malucos andem à vontade nas ruas. Que não sejam internados. Porque os verdadeiros malucos já andam há muito tempo nas ruas. Já não sei quem é maluco. Quer dizer nós somos malucos, e eles, os verdadeiros são os sãos.

ASURE, Associação dos Suicidas Reais do Reino Jingola.
Queremos um prédio decente, moderno, com pelo menos vinte andares. Para nos atirarmos e apreciarmos a paisagem na queda. Aquele donde nos atiramos, não tem as mínimas condições. Tem lixo por todo o lado. Podemos apanhar uma doença.
Como vão construir um hotel bem alto, terão direito a uma boa refeição durante o voo. Força aí suicidas. Matem-se à vontade.

ASARE, Associação dos Alcoólicos Reais do reino Jingola.
Queremos beber dia e noite sem qualquer restrição. Queremos uma percentagem dos vinhos dos Tonéis Reais, ou acesso a bebida a crédito. Isso é pedir muito? Viva a união dos alcoólicos de todo o mundo. É melhor propor ao rei a mudança de nome do reino. Reino dos Alcoólicos de Jingola.

APRE, Associação das Prostitutas Reais do Reino de Jingopla.
Queremos melhores condições de trabalho. Aqueles a quem prestamos serviços, há meses que não nos pagam. Vamos fechar as nossas pernas e acabou-se. Protestamos contra a concorrência das estrangeiras. Estamos a ser discriminadas. Elas baixam muito os preços. Se não aceitam as nossas reivindicações, vamos oferecer a coisa de borla durante um mês. Cuidem-se minhas senhoras nobres. Vão ficar sem maridos.
Estas putas perderam o juízo. Vou perder o negócio das minhas casas clandestinas. Antes que seja tarde vou importar algumas asiáticas.

Imagem: Angola em fotos

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