Resposta da Rádio Oráculo:
Depois de consultado, o Oráculo revelou-nos:
Parafraseando o perfume opiado, ainda marxista de Bertolt Brecht, condizemos: Há governantes que são corruptos num dia, e são bons. Há outros governantes que são corruptos durante um ano, e são melhores. Há outros governantes que são corruptos durante muitos anos, e são muito bons. Mas, há outros governantes que são corruptos toda a vida… esses são os imprescindíveis. Mutam-se os climas, mudam-se as tempestades. Tudo é composto de ciclones.
Injectadas saudações.
O Directório.
Jingola, 9 Termidor.
Ano da emissão da nossa Rádio a todo o Reino.
A ponte projectava magnitude louvável. Debaixo, uma multidão de pilares humanos olhava com altitude. No tabuleiro em cima, um jovem mimicava, distendia continuamente as mãos. Chegavam, juntavam-se mais olhares. Davam-se alvitres e palpites. Explicar porquê, ninguém conseguia, sabia. Alguém mais palpiteiro azedava que ele era maluco, drogado. Um alvitreiro tinha a certeza que era um actor, que filmava uma cena para a telenovela nacional, habitual de Jingola. Ele desacelerou os acenos, elevou as mãos ao céu e num sacerdócio pregou a vaidade da verdade:
- Fui um grande lutador, sempre até ao último momento. Não engulo esta vida de miséria, de fome, porque vejo os Politburo a comerem tudo. Até uma ilha pequenina, aquela lá no Futungo a filha da FAMÍLIA vai comprar (?). Verdadeiramente é agora… isto é que é o verdadeiro colonialismo, o outro era de brincar. Pois… não consigo estudar, não há emprego, fui corrido pelos chineses que acabaram agora de sair das cavernas. Os Politburo desvivem-nos, cortam-nos os anseios, as asas… ó singular desesperança! O barqueiro Caronte espera-me. Não terei ninguém para me colocar as moedas nos olhos.
Depois esticou bem a cabeça e os braços, elevou-os, falou para as alturas.
- Ó vós que viveis nos vossos palácios, cercados pelos dias, noites e por seguranças esfomeados. Vigiados por milhares de guerreiros que vos protegem dos medos. Parto para Flégeton… lá nos reuniremos… e rolaremos nas suas ondas de fogo.
A quantia humana parecia um comício habituado, habitado pelo quase poderio meio centenário, abelhas numa colmeia. Os comentadores do quotidiano desfraldam notícias. Esta função é-lhes sumariamente atribuída. Tem o direito de não se calarem.
- Ih, ih, essa telenovela é vinculada demais, não vou deixar que arrefeça.
- Isso é propaganda Carnaval, eleitoral dos Politburo.
- O nosso eterno Politburo não precisa disso… já ganhou as eleições.
O jovem alterou a postura, silenciou para a multidão. Afagou com as mãos a dizer adeus. Depois colou-as no coração, e a pique foi pela aceleração da gravidade afundar-se no abismo eterno, a salvação dos suicidas. No solo um pequeno regato de sangue vermelhava a terra, que colidiu, juntou-se ao lixo, ao juramento dos libertadores imorais que prometeram que seríamos livres. Que jamais faltariam jasmins.
A colecção humana desagregou-se. Alguns intrigados curiosos não arredaram teimosos. Ninguém atentava para actos suicidas. Andavam na moda.
- Que odisseia Mentor, que imagens espelhadas tão desiguais.
Imagem: http://www.rosanevolpatto.trd.br/sibila.htm
Depois de consultado, o Oráculo revelou-nos:
Parafraseando o perfume opiado, ainda marxista de Bertolt Brecht, condizemos: Há governantes que são corruptos num dia, e são bons. Há outros governantes que são corruptos durante um ano, e são melhores. Há outros governantes que são corruptos durante muitos anos, e são muito bons. Mas, há outros governantes que são corruptos toda a vida… esses são os imprescindíveis. Mutam-se os climas, mudam-se as tempestades. Tudo é composto de ciclones.
Injectadas saudações.
O Directório.
Jingola, 9 Termidor.
Ano da emissão da nossa Rádio a todo o Reino.
A ponte projectava magnitude louvável. Debaixo, uma multidão de pilares humanos olhava com altitude. No tabuleiro em cima, um jovem mimicava, distendia continuamente as mãos. Chegavam, juntavam-se mais olhares. Davam-se alvitres e palpites. Explicar porquê, ninguém conseguia, sabia. Alguém mais palpiteiro azedava que ele era maluco, drogado. Um alvitreiro tinha a certeza que era um actor, que filmava uma cena para a telenovela nacional, habitual de Jingola. Ele desacelerou os acenos, elevou as mãos ao céu e num sacerdócio pregou a vaidade da verdade:
- Fui um grande lutador, sempre até ao último momento. Não engulo esta vida de miséria, de fome, porque vejo os Politburo a comerem tudo. Até uma ilha pequenina, aquela lá no Futungo a filha da FAMÍLIA vai comprar (?). Verdadeiramente é agora… isto é que é o verdadeiro colonialismo, o outro era de brincar. Pois… não consigo estudar, não há emprego, fui corrido pelos chineses que acabaram agora de sair das cavernas. Os Politburo desvivem-nos, cortam-nos os anseios, as asas… ó singular desesperança! O barqueiro Caronte espera-me. Não terei ninguém para me colocar as moedas nos olhos.
Depois esticou bem a cabeça e os braços, elevou-os, falou para as alturas.
- Ó vós que viveis nos vossos palácios, cercados pelos dias, noites e por seguranças esfomeados. Vigiados por milhares de guerreiros que vos protegem dos medos. Parto para Flégeton… lá nos reuniremos… e rolaremos nas suas ondas de fogo.
A quantia humana parecia um comício habituado, habitado pelo quase poderio meio centenário, abelhas numa colmeia. Os comentadores do quotidiano desfraldam notícias. Esta função é-lhes sumariamente atribuída. Tem o direito de não se calarem.
- Ih, ih, essa telenovela é vinculada demais, não vou deixar que arrefeça.
- Isso é propaganda Carnaval, eleitoral dos Politburo.
- O nosso eterno Politburo não precisa disso… já ganhou as eleições.
O jovem alterou a postura, silenciou para a multidão. Afagou com as mãos a dizer adeus. Depois colou-as no coração, e a pique foi pela aceleração da gravidade afundar-se no abismo eterno, a salvação dos suicidas. No solo um pequeno regato de sangue vermelhava a terra, que colidiu, juntou-se ao lixo, ao juramento dos libertadores imorais que prometeram que seríamos livres. Que jamais faltariam jasmins.
A colecção humana desagregou-se. Alguns intrigados curiosos não arredaram teimosos. Ninguém atentava para actos suicidas. Andavam na moda.
- Que odisseia Mentor, que imagens espelhadas tão desiguais.
Imagem: http://www.rosanevolpatto.trd.br/sibila.htm
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