quarta-feira, 15 de julho de 2009

O Cavaleiro do Rei (34). Novela


A instância do Cardeal representante neste Reino da Igreja de Roma, o Marquês do Santo Oficio acumula a função de compulsivamente usar a polícia na busca dos cidadãos que recusarem os cultos. O Reino apoia sem reservas a Igreja de Roma. Pelo que, todos os lugares de culto receberão enchentes de fiéis.

É criado o novo cargo, Marquês dos Reais Mosqueteiros-Mirins. Compete-lhe a obrigação de efectuar o registo obrigatório das crianças desde o seu nascimento, até à idade juvenil. Nascerá um exército Real espartano para defender com propósitos bélicos os bons costumes Reais. Serão ensinados a denunciar pai, mãe, namorados ou namoradas, amigos, amigas, e qualquer outra pessoa que não esteja de acordo com as Reais Leis. Os gastos para o seu orçamento inicial e futura manutenção serão ilimitados.

Cumpra-se e dê-se à voz dos Arautos Reais do Reino e Vice-reinos.

Feito para sempre neste Reino.

O Rei.

Epok intrigava-se muito com os gastos que se faziam nas cozinhas reais. Não era possível que os géneros durassem poucos dias. Passou a vigiar o pessoal. Perguntou a um cozinheiro:

- Os géneros não chegam porquê?

- Antes eram importados. O rei disse que devíamos desenvolver a nossa agricultura. Criar empregos. consumir produtos de produção local, real, assim falou ele. A questão é que os nacionais chegam aqui em muito mau estado de conservação. Vai quase tudo para o lixo.

- Quando chegar o próximo abastecimento quero estar presente.

- Sim, meu cavaleiro.

CAPÍTULO IX

ARQUITECTURA

«No conjunto, a realidade é que a maior parte das terras agrícolas do país é utilizada como reserva de valor, por grandes proprietários que preferem imobilizar grandes áreas e esperar que se valorizem por efeito de investimentos públicos e privados de terceiros, do que desenvolver actividades produtivas. Esta situação é em geral mal disfarçada pelo que se tem chamado pudicamente de "pecuária extensiva".»

In Reforma Agrária: Dados Básicos. Ladislau Dowbor

Epok barafustava-se, falava, monologava: Iletrados, incultos, são o que são. Não conseguem fazer nada que se aproveite. Mas estão sempre a reivindicar. Dizemos para trabalharem, respondem que nãotrabalho. Nos vice-reinos há muito trabalho. Dizem que nãocondições. Se calhar querem um palácio com piscina como condições.

Epok travou o monólogo, porque veio-lhe mesmo de propósito à lembrança, um documento que o marquês dos Analfabetos lhe enviara, referente a um estudo feito por futuras arquitectas. O marquês dissera-lhe:

- Epok! isto, estamos a formar analfabetos. Este reino está desgraçado, é obra de analfabetos.

Abanaram as cabeças desgostosamente. O texto era o seguinte:

Imagem: Angola em fotos

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