terça-feira, 28 de julho de 2009

História Universal (18). O Apogeu da Assíria


As nações Cananeas coligaram-se contra a Assíria.

CARLOS IVORRA

A coligação estava encabeçada por Ozías da Judeia, mas o intento foi um fracasso e em 738 o exército cananeu foi derrotado por Teglatfalasar III. Israel, Judeia, Síria, Tiro e as demais cidades fenícias foram submetidas a tributo. Nesse mesmo ano morreu Menajem de Israel, que foi sucedido pelo seu filho Pecajya.

Segundo a tradição grega, 738 foi também o ano em que ocupou o trono da Frigia o rei Midas. Boa prova da prosperidade da Frigia nesta época é a conhecida lenda grega segundo a qual Midas convertia em ouro tudo quanto tocava.

Voltando a Israel, o rei Pecajya fez o possível para contentar a Assíria, mas o pagamento do tributo exigia arrecadar muitos impostos e o povo estava descontente. Ademais na Judeia havia desde sempre um sentimento de ódio aos estrangeiros, o que unido a uma desconsideração do poder assírio culminou com um golpe de estado em 736, que deu o trono a um general chamado Pecaj, que se apressou a organizar uma nova coligação contra a Assíria. Não tardou em conseguir o apoio do rei Rezin da Síria, filho de Benhadad III, mas tiveram dificuldades em convencer Jotan (o filho de Ozías, regente da Judeia). Em 735 apareceu na vida pública da Judeia o profeta Isaías, profeta na linha reformista inaugurada por Oseas anos antes. Sem embargo, à diferença de Oseas, Isaías era de família aristocrática, pelo que tinha fácil comunicação com o rei e os sacerdotes, e estava contra uma rebelião da Assíria. Para complicar mais as coisas, em 734 morreu Ozías e pouco depois morreu também Jotan, com o que o trono passou para o seu filho Ajaz. O novo rei esteve de acordo com Isaías e optou pela neutralidade da Judeia num hipotético enfrentamento contra a Assíria por parte de Israel e a Síria.

Neste mesmo ano os coríntios fundaram a cidade de Siracusa, a oeste da Sicília. Abria-se assim um processo de expansão da Grécia pelo Mediterrâneo. A política dos gregos foi fundar colónias em zonas costeiras adequadas para o comércio. As suas cidades especializavam-se em elaborar produtos de artesanato com matérias importadas que depois intercambiavam com tribos do interior, mais primitivas, que lhes administravam alimentos.

Entretanto, as forças conjuntas da Síria e de Israel invadiram a Judeia, em represália pela sua negativa a integrar-se na coligação antiassíria. Não tiveram dificuldades em tomar todo o país. Os edomitas e os filisteus aproveitaram para se independentizarem e Ajaz viu reduzido o seu reino aos arredores de Jerusalém. O rei pediu ajuda à Assíria e Teglatfalasar III não tardou em responder. Os seus exércitos chegaram à Síria em 732 e a subjugaram sem dificuldade. Com isso a Síria desapareceu para sempre da história como nação independente. Esta aniquilação deveu-se a que Teglatfalasar III empregou uma política muito mais astuta da dos seus predecessores. Enquanto estes trataram de conter aos povos submetidos mediante o terror, Teglatfalasar III decidiu realizar deportações em massa. Disseminava a aristocracia de um povo entre outras regiões distantes, enquanto que outros estrangeiros eram levados a ocupar o vazio deixado. Assim logrou apagar muitos sentimentos nacionais, enquanto que criava fricções internas entre os antigos habitantes de uma zona e os recém-chegados, fricções que consumiam umas energias que de outro modo poderiam empregar-se contra a Assíria. O caso foi que os sírios se disseminaram pelo império Assírio, e com eles levaram a sua língua, o arameu. Tratava-se de uma língua muito mais simples que o acádio, a língua da Assíria, pelo que foi rapidamente adoptada pelos mercadores e se converteu numa espécie de idioma internacional da Ásia Ocidental. Com o tempo deslocaria também o hebreu.

(Carlos Ivorra, é professor na Universidade de Valência, Espanha. Faculdade de Economia. Departamento de Matemáticas para a Economia e a Empresa.)
Traduzido do espanhol.

Imagem: WIKIPEDIA

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