Uma cidade que se destacou por outras razões foi Delfos. Estava situada na região chamada Fócida, ao pé do monte Parnaso.
CARLOS IVORRA
Em tempos micénicos chamava-se Pito, nela havia um santuário dedicado à antiga deusa Gea, atendido por uma sacerdotisa que se acreditava podia falar com os deuses. Depois da invasão dória, Pito mudou o seu nome para Delfos e consagrou-se ao deus Apolo (Gea não significava nada para os dórios). Com esta mudança de imagem conseguiu que perdurasse a sua tradição de interlocutora dos deuses. O oráculo de Delfos foi ganhando em reputação, e todas as cidades enviavam periodicamente embaixadores a consultá-lo. Os embaixadores levavam oferendas, com as quais Delfos enriqueceu.
Entretanto o Egipto seguia sumido no caos, com um exército incontrolável sobre o qual o faraó não tinha nenhuma autoridade. Se o oriente próximo não estivesse tão convulsionado por esta época, sem dúvida o Egipto teria sido uma presa fácil para o saque.
A Assíria quebrou o poder da Síria para pouco depois decair ela mesma. Israel e a Judeia aproveitaram a situação. Em 798 o rei Joacaz de Israel foi sucedido pelo seu filho Joás, cujo exército não teve dificuldade em derrotar o rei sírio Benhadad III nas três batalhas sucessivas, com o que Israel recuperou os territórios que possuía nos tempos de Ajab. Na Judeia, o descontentamento do clero e do exército com o rei Joás culminou com um golpe de estado em 797, depois do qual proclamou-se rei o seu filho Amasías, quem pronto restabeleceu o domínio da Judeia sobre Edom. Joás e Amasías, vendo que a fortuna lhes sorria, não tardaram em medir forças. Isto sucedeu em 786, na batalha de Betsamés, cerca de Jerusalém. Israel logrou uma vitória decisiva. Amasías foi tomado prisioneiro e Jerusalém foi ocupada. Parte das suas fortificações foram destruídas e o templo foi saqueado. Amasías continuou sendo rei da Judeia, mas o seu reino converteu-se em tributário de Israel. Joás de Israel morreu em 783 e foi sucedido pelo seu filho Jeroboam II, que submeteu completamente a Síria e fez de Samaria a cidade mais influente da metade ocidental da Meia Lua Fértil.
Em 782 morreu o rei Hsuan, e o trono chinês foi ocupado pelo seu filho Yu. Agora um povo bárbaro procedente das estepes do norte, os Ch'uan-jung, ameaçavam as fronteiras.
Em 778 subiu ao trono de Urartu o rei Argistis I, quem aproveitando o declive assírio logrou unir debaixo do seu domínio o norte da Mesopotâmia. Pela sua parte, a Babilónia caiu em poder dos caldeus.
No ano 776 celebraram-se os primeiros Jogos Olímpicos na Grécia. Celebravam-se a cada quatro anos na cidade de Olímpia, ao oeste do Peloponeso em honra do deus Zeus. Os gregos chegaram ao compromisso de suspender toda a guerra durante o período dos jogos, para que todo o que quisesse (de sexo masculino, isso sim) pudesse acudir a presenciá-los. Olímpia converteu-se numa cidade sagrada, igual a Delfos, cidades que ninguém se atrevia a atacar, pois com isso ganharia a represália conjunta de toda a Grécia. Os representantes das distintas cidades podiam reunir-se ali a parlamentar ainda que as suas cidades estivessem em guerra, sem temor a um ataque à traição. Os ganhadores dos jogos não recebiam nenhuma recompensa, aparte duma rama de oliveira e, por suposto, a fama.
Em 771 os Ch'uan-jung, aliados com membros descontentes da família real, ocupam o vale do Wei, com o que se perdeu a maior parte das terras reais. O rei Yu morreu nas desordens e o seu filho P'ing se encarregou do governo e viu-se obrigado a trasladar a capital para este, a Luoyang. O rei P'ing contou com a ajuda do estado de Qin, mas quando este recuperou a terra que os bárbaros invadiram, não a devolveu ao rei, senão que a incorporou aos seus domínios, o que lhe converteu de repente numa nova potência na China. A partir deste momento os novos monarcas (Cheu orientais) deixaram de ter poder real, mas conservaram uma autoridade formal que se manteve durante muito tempo.
(Carlos Ivorra, é professor na Universidade de Valência, Espanha. Faculdade de Economia. Departamento de Matemáticas para a Economia e a Empresa.)
Traduzido do espanhol.
Imagem: http://api.ning.com/files/
CARLOS IVORRA
Em tempos micénicos chamava-se Pito, nela havia um santuário dedicado à antiga deusa Gea, atendido por uma sacerdotisa que se acreditava podia falar com os deuses. Depois da invasão dória, Pito mudou o seu nome para Delfos e consagrou-se ao deus Apolo (Gea não significava nada para os dórios). Com esta mudança de imagem conseguiu que perdurasse a sua tradição de interlocutora dos deuses. O oráculo de Delfos foi ganhando em reputação, e todas as cidades enviavam periodicamente embaixadores a consultá-lo. Os embaixadores levavam oferendas, com as quais Delfos enriqueceu.
Entretanto o Egipto seguia sumido no caos, com um exército incontrolável sobre o qual o faraó não tinha nenhuma autoridade. Se o oriente próximo não estivesse tão convulsionado por esta época, sem dúvida o Egipto teria sido uma presa fácil para o saque.
A Assíria quebrou o poder da Síria para pouco depois decair ela mesma. Israel e a Judeia aproveitaram a situação. Em 798 o rei Joacaz de Israel foi sucedido pelo seu filho Joás, cujo exército não teve dificuldade em derrotar o rei sírio Benhadad III nas três batalhas sucessivas, com o que Israel recuperou os territórios que possuía nos tempos de Ajab. Na Judeia, o descontentamento do clero e do exército com o rei Joás culminou com um golpe de estado em 797, depois do qual proclamou-se rei o seu filho Amasías, quem pronto restabeleceu o domínio da Judeia sobre Edom. Joás e Amasías, vendo que a fortuna lhes sorria, não tardaram em medir forças. Isto sucedeu em 786, na batalha de Betsamés, cerca de Jerusalém. Israel logrou uma vitória decisiva. Amasías foi tomado prisioneiro e Jerusalém foi ocupada. Parte das suas fortificações foram destruídas e o templo foi saqueado. Amasías continuou sendo rei da Judeia, mas o seu reino converteu-se em tributário de Israel. Joás de Israel morreu em 783 e foi sucedido pelo seu filho Jeroboam II, que submeteu completamente a Síria e fez de Samaria a cidade mais influente da metade ocidental da Meia Lua Fértil.
Em 782 morreu o rei Hsuan, e o trono chinês foi ocupado pelo seu filho Yu. Agora um povo bárbaro procedente das estepes do norte, os Ch'uan-jung, ameaçavam as fronteiras.
Em 778 subiu ao trono de Urartu o rei Argistis I, quem aproveitando o declive assírio logrou unir debaixo do seu domínio o norte da Mesopotâmia. Pela sua parte, a Babilónia caiu em poder dos caldeus.
No ano 776 celebraram-se os primeiros Jogos Olímpicos na Grécia. Celebravam-se a cada quatro anos na cidade de Olímpia, ao oeste do Peloponeso em honra do deus Zeus. Os gregos chegaram ao compromisso de suspender toda a guerra durante o período dos jogos, para que todo o que quisesse (de sexo masculino, isso sim) pudesse acudir a presenciá-los. Olímpia converteu-se numa cidade sagrada, igual a Delfos, cidades que ninguém se atrevia a atacar, pois com isso ganharia a represália conjunta de toda a Grécia. Os representantes das distintas cidades podiam reunir-se ali a parlamentar ainda que as suas cidades estivessem em guerra, sem temor a um ataque à traição. Os ganhadores dos jogos não recebiam nenhuma recompensa, aparte duma rama de oliveira e, por suposto, a fama.
Em 771 os Ch'uan-jung, aliados com membros descontentes da família real, ocupam o vale do Wei, com o que se perdeu a maior parte das terras reais. O rei Yu morreu nas desordens e o seu filho P'ing se encarregou do governo e viu-se obrigado a trasladar a capital para este, a Luoyang. O rei P'ing contou com a ajuda do estado de Qin, mas quando este recuperou a terra que os bárbaros invadiram, não a devolveu ao rei, senão que a incorporou aos seus domínios, o que lhe converteu de repente numa nova potência na China. A partir deste momento os novos monarcas (Cheu orientais) deixaram de ter poder real, mas conservaram uma autoridade formal que se manteve durante muito tempo.
(Carlos Ivorra, é professor na Universidade de Valência, Espanha. Faculdade de Economia. Departamento de Matemáticas para a Economia e a Empresa.)
Traduzido do espanhol.
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