sexta-feira, 3 de julho de 2009

O Cavaleiro do Rei (32). Novela


Epok acompanha o início da construção da Grande Muralha do Palácio Castelo-forte. Vê um amontoado de gente. Pergunta a um guarda:
- O que é que esta multidão está aqui a fazer?
- Estão à espera do lixo que sai do Palácio… é a única coisa que os alimenta.
- Lixo à espera do lixo. Corram com eles!!!

Com o grande muro, as dimensões do Palácio ficarão mais que enormes. Nada melhor que os operários e engenheiros da Dinastia Chinesa para construir a Grande Muralha do Grande Palácio. Trabalharam dia e noite como os escravos do faraó. Afinal os chineses ainda não saíram dos tempos da grande escravatura. Claro, a obra terminou antes do prazo previsto.

Epok não escondia a sua satisfação pela recente, mais uma, importação de piranhas. Por causa disso nasceu um incidente diplomático com o reino do Brasil. Receavam que as piranhas acabassem no seu reino. Reivindicaram que as importações seriam suspensas por ora. Em sua substituição propunham jacarés muito mortíferos. Epok respondeu que era desnecessário. Neste reino existiam jacarés a mais. De dia e de noite, nas ruas e esquinas espreitavam as suas presas, para desferirem com as suas mandíbulas o ataque fatal. O curioso nisto é que a população protegia-os. Diziam que eram feiticeiros disfarçados. Afirmavam que os animais eram sagrados. Seriam ramificações do antigo Egipto? Só um entendido na matéria o saberá explicar.

Lembrou-se das parecenças de um caso acontecido com um marquês, que não se lembrava qual, também não interessa muito, os marqueses são tantos que se lhes perde a conta. Bom, o marquês entrou na desgraça do rei. Nem conseguiu ser nomeado para uma reles embaixada. Ficou pobre e infeliz abandonado. A sua esposa viu a fortuna minguar, até que se extinguiu por completo. Primeiro instruiu as suas jovens filhas para que conquistassem a qualquer custo, um marquês, ou um qualquer nobre endinheirado, de preferência já idoso. Daqueles que só entesam com umas boas chupadelas no seu sexo flácido, devido também grande parte ao álcool consumido.

Nada disto resultou. Falou com um feiticeiro que lhe disse para plantar em casa, residia no primeiro andar do que restava dum prédio, um embondeiro na varanda. Assim fez. O embondeiro cresceu. As raízes já rachavam a varanda. O feiticeiro tinha-lhe dito que os culpados da sua desgraça eram os vizinhos. Assim as raízes cresceriam por todo o prédio, e anulariam o feitiço deles. Estava tudo bem. Já cambiava grandes quantidades de dólares. Trocava de mobília todos os meses.
Já estava, podia-se dizer, rica. O feiticeiro reclamou-lhe os seus direitos. Ela não lhe largava um vintém. Já não necessitava dele para nada. E aconteceu-lhe o imprevisto. Ficou diabética. O médico receitou-lhe tratamento rigoroso. Especialmente abster-se de bebidas alcoólicas. Ela entendeu que o médico era maluco. Decidiu beber cerveja anormalmente. Tinham-lhe dito que isso aceleraria a cura.

Teve o primeiro derrame cerebral. De urgência foi para um hospital real. Saiu de lá zonza. Assim se manteve. As suas amigas insistiam que bebesse pouca cerveja. Aumentou a quantidade. Novo derrame cerebral. Ficou ainda mais zonza. Depois foi-lhe cortado um dedo do pé. Depois outro. Estacionou por enquanto. Mas já não dizia coisa com coisa. O dinheiro, como que por artes mágicas, evaporou-se. De vez em quando lembrava-se de afirmar que os vizinhos eram os causadores da sua desgraça. Deixaram de lhe dar importância. O feitiço que procurou já acabou. Misteriosamente o embondeiro secou, sem qualquer explicação. Dizem que o feiticeiro libertou o feitiço. A pobre alma vagueia por aí. Quem sabe do seu segredo exclama:
- Os que não sabem procurar nunca encontram o que precisam.

Imagem: http://fotoangola.weblog.com.pt/

Sem comentários: