Um exemplo que se repete aos milhares é o da IMEXCO, onde dois estrangeiros, no caso moçambicanos, ficam com 90 por cento das quotas da empresa e os dois angolanos contentam-se com 10%, à razão de 5 para cada.
SEMANÁRIO ANGOLENSE
As alianças contranaturas dos políticos com o capital estrangeiro
Todo o cabritismo representa em si mesmo uma perversão: a condenação desse autêntico fenómeno tem sido uma das maiores unanimidades nacionais. Cabritismo significa o «direito» que os titulares de cargos públicos reclamam para obter benefícios em áreas ligadas às funções que ocupam, de acordo com o axioma introduzido por um já falecido político angolano, segundo o qual «o cabrito come onde está amarrado».
Importa referir que, na sua essência, o cabritismo refecte a preponderância da mentalidade rural sobre a formação dos conceitos de administração que dominam o poder político e as instituições angolanas. Mas mais do que isso, o cabritismo representa um tipo de perversão que tende a inclinar-se para um tipo de interesses geralmente tidos como macabros, e um exemplo disso pode ser o facto das elites que influenciam o processo de tomada de decisões estarem a satisfazer a sua cobiça por bens materiais subordinando-se a interesses estrangeiros.
Milhares de angolanos vivem todos os dias a angustia de não poderem realizar os desígnios da sua afirmação material em Angola. Mas, paradoxalmente, assiste-se, aos poucos, a tomada dos mais nevrálgicos sectores da economia por estrangeiros, que se instalaram muitas vezes ao arrepio da lei. Protegidos pelas cumplicidades locais, os estrangeiros passaram a deter uma tal influência na nossa economia, que podem, quando as circunstâncias assim o determinarem, mancomunar-se para moldar as decisões políticas do Estado. Na verdade, eles estão a assumir-se cada vez mais como um poder paralelo.
É isso que fez com que o mercado paralelo de divisas se tenha mantido persistente quando a país já tinha conseguido uma notável estabilidade cambial e isso que tem influenciado o curso do câmbio ao longo dos meses que nos separam de Abril. Foram comerciantes libaneses, indianos e da África Oriental com contentores a transbordar de kwanzas, resultantes dos seus negócios com a venda de commodities, que já em Abril previam que a moeda angolana só haveria de encontrar a sua estabilidade nos níveis em que actualmente se encontra, falando da depreciação que levou o câmbio do dólar de 75 para os 85 actuais no mercado paralelo. E isso acontece porque na generalidade dos negócios em que entram com angolanos, os estrangeiros ficam com a parte de leão e deixam as migalhas para os seus sócios angolanos que, de facto, limitam-se a recolhê-las sem ter em conta os mínimos princípios morais, sem fazer perguntas e sem verificar quando é que as instituições que representam saem prejudicadas pela sua gosma. Um exemplo que se repete aos milhares é o da IMEXCO, onde dois estrangeiros, no caso moçambicanos, ficam com 90 por cento das quotas da empresa e os dois angolanos contentam-se com 10%, à razão de 5 para cada.
E não estamos a falar de angolanos quaisquer: estamos a falar de dois generais, um dos quais com importantes responsabilidades nas instituições da soberania do país. Como é que os estrangeiros vão respeitar este país se até são patrões dos seus mais altos responsáveis? As alianças empresariais estabelecidas pelos representantes da classe dominante são contranaturas, por desvirtuarem os ideais proclamados nos textos programáticos do país. E, nisso, as alianças personificadas pelos representantes do poder politico angolano com o capital estrangeiro representam tanta perversidade, quanto todas as outras alianças contranaturas refutadas à luz da moral cristã: é tudo farinha do mesmo saco.
SN
SA
SEMANÁRIO ANGOLENSE
As alianças contranaturas dos políticos com o capital estrangeiro
Todo o cabritismo representa em si mesmo uma perversão: a condenação desse autêntico fenómeno tem sido uma das maiores unanimidades nacionais. Cabritismo significa o «direito» que os titulares de cargos públicos reclamam para obter benefícios em áreas ligadas às funções que ocupam, de acordo com o axioma introduzido por um já falecido político angolano, segundo o qual «o cabrito come onde está amarrado».
Importa referir que, na sua essência, o cabritismo refecte a preponderância da mentalidade rural sobre a formação dos conceitos de administração que dominam o poder político e as instituições angolanas. Mas mais do que isso, o cabritismo representa um tipo de perversão que tende a inclinar-se para um tipo de interesses geralmente tidos como macabros, e um exemplo disso pode ser o facto das elites que influenciam o processo de tomada de decisões estarem a satisfazer a sua cobiça por bens materiais subordinando-se a interesses estrangeiros.
Milhares de angolanos vivem todos os dias a angustia de não poderem realizar os desígnios da sua afirmação material em Angola. Mas, paradoxalmente, assiste-se, aos poucos, a tomada dos mais nevrálgicos sectores da economia por estrangeiros, que se instalaram muitas vezes ao arrepio da lei. Protegidos pelas cumplicidades locais, os estrangeiros passaram a deter uma tal influência na nossa economia, que podem, quando as circunstâncias assim o determinarem, mancomunar-se para moldar as decisões políticas do Estado. Na verdade, eles estão a assumir-se cada vez mais como um poder paralelo.
É isso que fez com que o mercado paralelo de divisas se tenha mantido persistente quando a país já tinha conseguido uma notável estabilidade cambial e isso que tem influenciado o curso do câmbio ao longo dos meses que nos separam de Abril. Foram comerciantes libaneses, indianos e da África Oriental com contentores a transbordar de kwanzas, resultantes dos seus negócios com a venda de commodities, que já em Abril previam que a moeda angolana só haveria de encontrar a sua estabilidade nos níveis em que actualmente se encontra, falando da depreciação que levou o câmbio do dólar de 75 para os 85 actuais no mercado paralelo. E isso acontece porque na generalidade dos negócios em que entram com angolanos, os estrangeiros ficam com a parte de leão e deixam as migalhas para os seus sócios angolanos que, de facto, limitam-se a recolhê-las sem ter em conta os mínimos princípios morais, sem fazer perguntas e sem verificar quando é que as instituições que representam saem prejudicadas pela sua gosma. Um exemplo que se repete aos milhares é o da IMEXCO, onde dois estrangeiros, no caso moçambicanos, ficam com 90 por cento das quotas da empresa e os dois angolanos contentam-se com 10%, à razão de 5 para cada.
E não estamos a falar de angolanos quaisquer: estamos a falar de dois generais, um dos quais com importantes responsabilidades nas instituições da soberania do país. Como é que os estrangeiros vão respeitar este país se até são patrões dos seus mais altos responsáveis? As alianças empresariais estabelecidas pelos representantes da classe dominante são contranaturas, por desvirtuarem os ideais proclamados nos textos programáticos do país. E, nisso, as alianças personificadas pelos representantes do poder politico angolano com o capital estrangeiro representam tanta perversidade, quanto todas as outras alianças contranaturas refutadas à luz da moral cristã: é tudo farinha do mesmo saco.
SN
SA
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