O ano de 2014 despede-se com a
frustração de muitos governos africanos. A queda do preço do petróleo anuncia
desgraças e dramas difíceis de serem superados tão cedo. Ao ritmo que vai o
mercado, o vendaval dos preços vai abalar profundamente as economias.
Norberto Carlos
Em África, o susto é ainda maior já que
os países dependentes do petróleo não têm alternativas. Se a tendência de queda
do preço do petróleo prevalecer, em 2015, esses países podem entrar em crise
total e terão poucas oportunidades de crescer e fortalecer as suas economias.
No campo social e político, no
continente, alguns países poderão viver momentos de tensão. A queda do preço do
petróleo significa sacrifícios, endividamento, retenção de investimentos e
aprofundamento da pobreza.
O que sobra, agora, é a desilusão e o
desespero. Esta realidade mostra que depender do petróleo é um risco e um erro.
Assumir como pilares da economia apenas os recursos de mineração é, no minimo,
uma ilusão. Tem sido assim com os diamantes, é assim, ciclicamente, com o
petróleo.
É perigoso e arriscado demais depender
de fontes finitas de rendimentos cujas regras são ditadas por outros. Essas
distorções, visões e manipulações, do mercado, nos levam à humilhação. O que se
vive hoje é duro e serve de alerta. É bom olharmos o mundo real com outros
olhos. Apostar numa educação de qualidade parece ser o caminho mais sensato.
Os países africanos produtores de
petróleo devem aproveitar este recurso natural para potenciar a educação como
prioridade absoluta e evitar, mais lá para frente, a extrema dependência.
Investindo à sério em educação, o retorno estará garantido, em poucos anos. Este
é o primeiro passo, a longo prazo os paises se fortalecem. Tudo o resto virá
por arrasto.
A formação pode ser a pedra angular para
acabar com a dependência à natureza e à terceiros. Alguém já havia dito que a
educação é libertadora. Na verdade, o país que se quer livre e dono do seu
destino deve apostar, em si mesmo, no conhecimento dos seus2014.
Os principais acontecimentos que
marcaram o ano cidadãos. Esta dependência excessiva ao mercado internacional e
ao petróleo, em particular, cujo barómetro de medição é determinada,
fundamentalmente, pelas economias robustas, periga a estabilidade dos fracos.
Põe em risco a prosperidade e o futuro dos nossos povos e nações.
Os desenvolvimentos políticos e
militares, no Médio Oriente e no Norte de África, indicam o comportamento
actual, do mercado de petróleo. Ele nunca foi inesperado. O caos na Síria, no
Iraque e a divisão da Líbia, por grupos armados, sempre indiciaram um futuro
incerto para o comércio internacional do petróleo. Essa situação que se coloca,
hoje, vem de longe.
É o manisfesto dos interesses dos países
que estão na origem das tensões criadas no Oriente Médio. Esses interesses já
faziam antever o que vemos nos nossos dias de forma mais objectiva. Quem ganha,
duplamente, com a queda do preço do petróleo, são as economias industrializadas
e quem perde, também, ao dobro são os países em desenvolvimento.
Não espanta, por isso, que alguns paises
aliados produtores do crude se recusem a baixar a produção quando os
verdadeiros culpados da desgraça observam, em cima do muro, e esfregam as mãos
de contentes. Tratando-se de questões vitais para a nossa sobrevivência não
podemos continuar tão frágeis, explorados e prestigiando o poder de outros
sobre nós. O petróleo é um recurso africano que não pode ser banalizado.
Ele deve ser aproveitado ao limite e bem
rentabilizado para que os seus resultados contribuam para gerar outras fontes
produtoras de riquezas e bem estar social dos povos. As sociedades actuais,
mesmo globalizadas, demandam também por distanciamento e desvinculação dos
ditames preestabelecidos e de relações económicas equilibradas.
Não pode haver predominância de uns em
relação a outros. No nosso continente, os momentos de glória do preço do
petróleo, tem tido efeito ilusório e de imaginária estabilidade que,
subitamente, se desvanecem. É que os mesmos que constroem uma realidade que
lhes interessa, também constroem a derrocada, logo a seguir.
Procuram na produção aquilo que
gostaríam de ter e de ver com os nossos próprios recursos, e, quando isso não
lhes interessa, exigem novas posturas ou a reestruturação delas para satisfazer
os próprios desejos e anseios. Vamos mudar a nossa perspectiva de futuro.
Sonhar e construir um mundo que não seja, constantemente, abalado pela
realidade frustrante que nos é imposta.
Chega de fechar os olhos, quando o que
se quer ver é o próprio desejo, livre e longe de alterações, submissões e
interesses bárbaros. Chega de sermos permanentemente ignorados. Que 2015 traga
um baú repleto de felicidades. Festas felizes.
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