A Economist Intelligence Unit (EIU) considerou hoje que o Governo de
Angola tem de gerir cuidadosamente os cortes na despesa pública que está a
planear, senão corre o risco de ter repercussões sociais devido às expectativas
da população.
"Não há
dúvidas de que o Governo precisa de rever a despesa pública face ao preço
actual do petróleo - que está actualmente abaixo dos 35 dólares por barril
quando o Orçamento prevê 81 dólares -, mas também precisa de gerir
cuidadosamente os cortes na despesa sob pena de se arriscar a ter repercussões
sociais", lê-se no documento que analisa a estratégia do Executivo
angolano para a Administração Pública.
No relatório que
foi enviado aos investidores, e a que a Lusa teve acesso, os economistas da
unidade de análise económica da revista britânica The Economist mostram ainda
dúvidas sobre a estratégia do Executivo para a função pública: "Congelar
os salários é uma estratégia potencialmente arriscada, porque tem um impacto
directo na população. Dado o clima de austeridade devido ao colapso dos preços
do petróleo, e ao já alto desemprego elevado, a estratégia pode fomentar a
agitação social".
Lembrando que,
de acordo com números oficiais, os salários públicos representam 30% da despesa
vertida no Orçamento para o próximo ano, a EIU afirma que os gastos com a
função pública em Angola "são altos, principalmente por causa das empresas
públicas mal geridas, por isso tentar reduzir a despesa com salários é uma boa
ideia".
O problema,
defendem, é mais profundo: "desde o final das três décadas de guerra
civil, em 2002, Angola tem estado inundada de dinheiro, devido ao petróleo e ao
investimento externo, e alguns sectores da sociedade têm lucrado imenso",
escreve a EIU, notando que, "no entanto, numerosas camadas da população
ainda vivem na pobreza, e até aqueles considerados de classe média devido às
qualificações profissionais lutam para conseguir pagar as contas".
Acresce a isto
que "o luxuoso estilo de vida exibido pela elite do país - muitos dos
quais têm fortes ligações pessoais à família do histórico Presidente, José
Eduardo dos Santos -, cria uma grande expectativa entre os angolanos sobre o
que o dinheiro do petróleo devia proporcionar", conclui o relatório.
LUSA
ANGOLA24HORAS
Imagem: wp.clicrbs.com.br
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