A Economist Intelligence Unit (EIU) prevê que a moeda nacional angola se
continue a desvalorizar até 1 dólar valer 104,2 kwanzas em 2019, mas alerta que
uma nova descida nos preços do petróleo pode agravar a situação.
De acordo com
uma nota enviada aos investidores pela unidade de análise económica da revista
britânica The Economist, a que a Lusa teve acesso, os analistas da EIU
consideram que "esperam que a moeda perca valor face ao dólar, não só pela
tendência da balança corrente (que esperamos entre em défice a partir de 2015),
mas também pelo fim dos estímulos à economia por parte da Reserva Federal dos
Estados Unidos, o que vai fortalecer o dólar".
Assim, concluem,
"prevemos que o kwanza se vá depreciar de uma média de 99,1 para 1 dólar,
no ano passado, para 104,2 por 1 dólar em 2019".
A nota aos
investidores alerta, no entanto, que a situação pode agravar-se caso haja
problemas na produção de petróleo em Angola, que representa mais de 75% das
receitas fiscais e a esmagadora maioria das exportações do país, o que aliás já
parece estar a acontecer: na sexta-feira, a taxa oficial do BNA era de 104,42
kwanzas para um dólar.
"Qualquer
descida abrupta e sustentada nos preços do petróleo e nas receitas fiscais
podem levar a uma depreciação súbita e mais agravada, bem como pressões
inflacionárias", acrescenta o documento.
Para os
analistas da EIU, a capacidade do Banco Nacional de Angola (BNA), sob a nova
liderança de José Pedro de Morais Júnior, de sustentar a queda do kwanza
"vai depender do nível de reservas em moeda estrangeira".
Nos últimos
dias, as notícias sobre a falta de dólares nos bancos e as dificuldades em
aceder à moeda de referência mundial saltaram para as páginas dos jornais, mas
no final da semana passada o novo banqueiro central angolano rejeitou que
tivessem sido dado ordens expressas aos bancos para limitarem o levantamento de
dólares ou os câmbios.
Na sexta-feira,
depois de ter sido empossado pelo Presidente da República enquanto governador
do BNA, o antigo ministro das Finanças salientou que os "fundamentos
macroeconómicos" do país "mantêm-se sólidos e sob controlo", mas
reconheceu as dificuldades colocadas pela queda dos preços do petróleo nos
mercados internacionais, que caíram mais de 50% desde Junho, fazendo também com
que se reduzam as divisas que entraram em Angola, o que fez a moeda nacional
começar a desvalorizar-se em Novembro.
"É verdade
que o momento é particularmente difícil. O que tenho a dizer é que os fundamentos
macroeconómicos do nosso país mantêm-se sólidos e sob controlo", mas
"é evidente o momento de dificuldade", disse o governador,
salientando a necessidade de encontrar "afinar instrumentos" para
combater a provável recessão este ano.
"É
justamente isso que o senhor Presidente da República tem vindo a fazer nas
últimas semanas. Estamos todos confiantes e gostaria já de deixar uma
recomendação a todos os agentes do sistema financeiro nacional para assumirem
as suas responsabilidades e, com serenidade, tentarmos levar a cabo e
ultrapassar o mais depressa possível este pequeno momento", declarou.
Na semana
passada, as vendas de divisas do Banco Nacional de Angola (BNA) aos bancos
comerciais desceram para menos de metade, com a taxa de câmbio a renovar máximos
de vários meses.
De acordo com o
relatório semanal sobre a evolução dos mercados monetário e cambial, divulgado
na segunda-feira pelo BNA, o banco central vendeu 159 milhões de dólares (137
milhões de euros) em divisas, entre 12 e 16 de Janeiro.
Estas vendas à
banca comercial angolana foram realizadas a uma taxa média de referência do
mercado cambial interbancário de 103,995 kwanzas (87 cêntimos de euro) por cada
dólar, que desde Novembro não para de subir.
Na semana
anterior, as mesmas vendas tinham-se cifrado em 350 milhões de dólares (300
milhões de euros).
LUSA
ANGOLA24HORAS
Imagem: wp.clicrbs.com.br
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