Os trabalhadores portugueses da
construção civil, em Angola, estão em dificuldades. O Sindicato diz que muitos
já não estão a conseguir enviar dinheiro para Portugal e teme que milhares
acabem por regressar. Já a associação que representa os construtores acredita
que esta é uma situação passageira, que vai exigir alguns ajustamentos, mas
espera que as empresas continuem a apostar em Angola.
http://www.revistaport.com/portugueses-em-angola-estao-em-dificuldades/
Em Portugal os trabalhadores da
construção civil ganham, em média, 545 euros. Em Angola podem receber quase
sete vezes mais. O problema é que agora, quem lá está não consegue enviar o
dinheiro para as famílias. Albano Ribeiro, presidente do sindicato, afirma
que as empresas têm dinheiro, mas devido à crise da economia angolana há cada
vez mais dificuldades em enviar dinheiro para bancos portugueses. O sindicato
tem recebido muitos e-mails e telefonemas.
A economia angolana está a sofrer o
impacto da quebra do preço do petróleo. O orçamento que tinha por base uma
determinada receita conseguida com a venda do petróleo está já praticamente
reduzido a metade. Os portugueses que trabalham em Angola estão já a ter
problemas no envio de dinheiro para Portugal e alguns que vieram passar o Natal
a casa já não regressaram.
Angola representa 38% do mercado
internacional da construção civil portuguesa.
Governo português acompanha a situação com
atenção
O secretário de Estado das Comunidades
Portuguesas referiu hoje que o Governo acompanha “com muita atenção” a situação
das empresas e emigrantes em Angola, face a “vários relatos” de dificuldades
devido à quebra da cotação do petróleo.
O PCP questionou hoje o Governo sobre se
está a acompanhar a comunidade portuguesa residente em Angola e se admite criar
um fundo de apoio para as empresas em dificuldades devido à falta de acesso a
divisas.
O secretário de Estado das
Comunidades, José Cesário, referiu ter conhecimento de “vários relatos” de
“empresas com dificuldades em receber” e de “cidadãos nacionais com
dificuldades em transferir dinheiro”.
“Não sei até que ponto é generalizado ou
se são casos pontuais, mas realmente há relatos e são vários”, afirmou José
Cesário, que adiantou que estes têm chegado “de forma particular e através do
embaixador” português em Luanda.
Questionado sobre se o Governo admite
criar um fundo de apoio para as empresas em dificuldades – o que já aconteceu
no passado, de acordo com o relato de um cidadão citado pelo grupo parlamento
comunista -, o responsável afirmou não ter conhecimento nem se recordar de
qualquer solução desse tipo.
“Vamos ver a evolução. Foi aprovado um
novo orçamento e limitações às importações. Vamos ver que repercussões têm para
as nossas empresas, mas naturalmente é uma situação que nós estamos a
acompanhar com muita atenção”, disse, a propósito da resposta do Governo
angolano e do impacto na economia da quebra na cotação internacional do barril
de petróleo.
O secretário de Estado afirmou que,
perante as dificuldades, o executivo não pode fazer mais que “diplomacia e
tentar que as quantias em dívida vão sendo pagas”.
Imagem: pensarporescrito.blogspot.com
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