Angola,
Brasil e Guiné Equatorial, os três países da comunidade lusófona analisados no
mais recente relatório da Human Rights Watch, têm em comum, em maior ou menor
grau, registos de corrupção e repressão.
No 25.º
relatório anual da Human Rights Watch (HRW), hoje divulgado em Beirute, capital
do Líbano, a organização de direitos humanos analisa as práticas em mais de 90
países e sublinha que a corrupção, a má governação e a repressão governamental
em Angola assumem "proporções catastróficas".
Destacando que
Angola tem um "poder influente em África", a Human Rights Watch
considera que o regime do Presidente José Eduardo dos Santos enfrenta "um
crescente criticismo", mas lamenta que quem faz negócios em Luanda tenha
"em muito pouca consideração o mau registo do país em matéria de
governação e direitos humanos".
A HRW destaca
que as autoridades angolanas "intensificaram as medidas repressivas, restringindo
a liberdade de expressão, associação e reunião", lembrando que o Governo
angolano tem visado jornalistas e ativistas com processos em tribunal,
detenções arbitrárias, intimidação, perseguição e vigilância.
"A polícia
usa excessivamente da força e das detenções arbitrárias para impedir
manifestações pacíficas e antigovernamentais", recorda a organização,
criticando "a impunidade para os abusos violentos exercidos por forças de
segurança".
A HRW identifica
ainda outros abusos, entre os quais o novo adiamento das muito adiadas eleições
municipais, os "despejos forçados" em Luanda e o "afastamento
violento dos comerciantes de rua, incluindo mulheres grávidas e com
filhos".
Sobre o Brasil,
a HRW começa por salientar que "está entre as democracias globais e
regionais mais influentes", que, "nos últimos anos, tem mostrado ser
uma voz crescentemente importante nos debates internacionais".
Porém, a imagem
externa é melhor do que a prática interna, assinala o relatório, observando que
existem "sérios desafios de direitos humanos", incluindo tortura e
maus tratos, e também vários casos de corrupção.
Os abusos
policiais, a sobrelotação prisional e os gangues criminosos são "problemas
significativos em muitas cidades brasileiras", menciona.
Segundo dados da
organização, só nos primeiros nove meses de 2014, a polícia foi responsável por
436 mortes no estado do Rio de Janeiro e 505 no estado de São Paulo (neste
caso, um aumento de 93 por cento relativamente ao mesmo período de 2013).
"Corrupção,
pobreza e repressão continuam a ser uma praga na Guiné Equatorial",
sentencia a HRW, recordando que o regime de Teodoro Obiang tem apostado em
"melhorar a imagem" externa, apoiado em apoios internacionais como a
adesão à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.
A HRW denuncia a
"má utilização de fundos públicos" e a concentração do poder e da
riqueza nas mãos de "uma pequena elite que rodeia o Presidente", ao
mesmo tempo que "uma grande parte da população continua a viver na
pobreza".
Tortura,
detenção arbitrária e julgamentos parciais são abusos comuns na Guiné
Equatorial, denuncia a organização.
LUSA
ANGOLA24HORAS
Imagem: myguide.iol.pt
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