BANCO NACIONAL E BANCA COMERCIAL DEPOIS DE TANTA
ROUBALHEIRA ESTÃO SEM DIVISAS
A falta de dólares na banca angolana está a impedir levantamentos
imediatos ao balcão e já fez disparar a cotação da moeda norte-americana nas
tradicionais ‘kinguilas’ de Luanda, que já têm dificuldades em satisfazer a
procura.
Em causa está a acentuada redução das receitas angolanas
com o petróleo, face à quebra da cotação do barril no mercado internacional,
que por sua vez fez reduzir a entrada de divisas, desvalorizando fortemente o
kwanza.
“São indicações do Banco Nacional de Angola. Fazem-se
reservas de divisas, para levantar nos próximos dias, mas não é garantido que
seja autorizado o levantamento do montante total pedido”, explicou o gerente
de um balcão de uma das instituições bancárias angolanas, sob reserva.
A situação afecta empresas, que vêem dificultados
pagamentos em divisas, ou clientes que pretendem viajar para o exterior e que
nem com os comprovativos das deslocações conseguem fazer levantamentos.
Em Luanda a situação tem levado os clientes a recorrerem
ao mercado informal das ‘kinguilas’, mulheres que em plena rua trocam divisas
por kwanzas e vice-versa.
Enquanto a taxa de câmbio oficial, publicada pelo Banco
Nacional de Angola, fixa actualmente a compra de cada dólar pelo cliente –
quando se consegue realizar – em 103,8 kwanzas (86 cêntimos de euro) e a venda
em 102,8 kwanzas (85 cêntimos de euro), na rua esses valores dispararam nas
últimas semanas.
QUEM TEM ESTÁ A FACTURAR E ESPECULAR
Uma rápida
consulta feita pela Lusa nos mercados informais de Luanda confirma que
comprar às ‘kinguilas’ de rua custa mais de 120 kwanzas (1 euro) por cada
dólar. Também para quem quer vender dólares a taxa informal praticada é substancialmente
superior à oficial, dada a procura para compra, e oscila entre os 110 e os 113
kwanzas (94 cêntimos de euro) por cada dólar.
Embora sem se
identificarem, dada a vulnerabilidade deste negócio, estas vendedoras são
unânimes em garantir que os preços vão disparar nos próximos dias, face à
contínua escassez de moeda.
Angola é o
segundo maior produtor de petróleo da África subsaariana, tendo o crude
garantido 76% das receitas fiscais de Angola em 2013.
O Governo
angolano projectou para 2015 a exportação de cada barril de petróleo a um
valor médio de 81 dólares – referência para calcular a previsão de receitas
fiscais -, mas os preços no mercado internacional rondam os 50 dólares. Por
este motivo está já a ser preparada a revisão do Orçamento Geral do Estado para
este ano.
Folha 8. Edição
1221 de 24 de Janeiro de 2015
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